Caroline Gurgel 02/05/2022Curto, simples, delicado e bonitoFerreiro do Bosque Maior, último conto escrito por Tolkien, nasceu do que seria um prefácio do autor para George MacDonald. O livro que temos em mãos traz as ilustrações de Pauline Baynes, em preto e branco, que ilustravam a primeira edição de 1967.
Bosque Maior é uma vila peculiar, onde o Mestre-Cuca, uma figura importante, é o responsável pelo Grande Bolo da Festividade das Boas Crianças. No evento, que acontece a cada 25 anos, o bolo é dividido em vinte e quatro pedaços, um para cada criança convidada. Em um daqueles anos, uma estrela mágica, que conduz a Feéria, o Reino das Fadas, é colocada dentro do bolo, e uma das crianças, sem perceber, a engole, ganhando entrada para o mundo feérico.
Com um conto simples, curto e cheio de palavras não ditas, Tolkien nos leva com delicadeza para Feéria. Mas, para nos lembrarmos de que estivemos lá, precisamos acreditar. Esta é a magia de Ferreiro do Bosque Maior.
Deixo aqui um trecho de um ensaio do autor sobre contos de fadas:
“O reino das estórias de fadas é amplo, profundo, alto e cheio de muitas coisas: toda maneira de feras e pássaros se encontra lá; mares sem costas e incontáveis estrelas; beleza, que é encantamento, e perigo sempre presente; alegria e tristeza tão cortantes quanto espadas. Nesse reino, um homem pode, talvez, considerar-se afortunado por ter vagado, mas sua própria riqueza e estranheza amarram a língua de um viajante que quiser relatá-las. E, enquanto ainda está lá, é perigoso para ele fazer perguntas demais para que os portões não se tranquem e as chaves não se percam.”
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