spoiler visualizarAline.Rosa 02/09/2021
Um amor duvidoso.
É impossível fazer uma resenha simplificada que expresse todos os meus sentimentos diante deste livro. Enfim, darei o meu melhor.
Pássaros feridos narra, primeiramente, o drama da família Cleary, ultrapassando gerações. É tragédia atrás de tragédia!
Muitos acontecimentos me deixaram triste e me emocionaram bastante. Sinto que os dramas familiares que a autora escolheu para se destacarem na história foram certeiros e em sua maioria, foi o que me fez persistir na leitura que, por algumas vezes, se tornou enfadonha; mas no geral, a escrita é boa.
Os personagens são distintos. Cada um com a sua personalidade muito bem descrita, porém poucos me cativaram.
Apesar de seus tantos motivos para ler Pássaros feridos, teve um que me perturbou durante toda a leitura e fez com que eu não torcesse pelo final feliz do casal.
Meu sentimento em relação ao romance é tão complexo que não sei por onde começar.
Sinto que a única coisa que devo enfatizar aqui é que, PARA MIM, se trata de um caso de pedofilia. Sei que muitos irão achar que estou louca, que li errado e tá tudo bem, afinal, cada um tem a sua própria interpretação. Mas, voltando a minha humilde opinião, logo no início, quando o padre vê Meghan pela primeira vez, ele já fica intrigado com ela (detalhe: ele, já em sua maior idade). Adiante, depois de adultos, ele diz a ela que a ama desde a primeira vez que a viu. Só que ela era uma criança! Criança mesmo! Não era nem adolescente! Aí, você pode dizer "Mas ele a amava como se ela fosse uma filha e cuidava dela porque, sendo um padre, jamais poderia ter uma." Ok, eu também dei meu máximo para enxergar assim, mas então, por que Mary, tia de Meggie, que tem uma paixão louca pelo padre, sente tanto ciúmes deles juntos? Por que Mary se incomoda tanto com o modo que o Ralph olha para Meggie? Afinal, ela é uma criança, não haveria motivo para ciúmes ou ameaças da parte dela, não é?
Enfim, mais tarde, Fiona, mãe da Meggie, confirma a minha tese, dizendo que ela e o pai notaram que o padre Ralph sempre amou Meghan (amor romântico), desde a primeira vez que pôs seus olhos nela (QUANDO CRIANÇA!). Com isso, já fica registrado um pouco da disfunção familiar apresentada no livro. Porque, assim, hipoteticamente, você vê sua filhinha com um marmanjo que, evidentemente tá gamadão na criança, você percebe isso e segue com a vida?????
Para mim, o que foi dado como amor, meio que se tornou obsessão de ambas as partes, pois, depois de anos esperando pelo padre, Meghan simplesmente quer ter um filho dele (e se contenta com isso), só para ter uma parte de Ralph para si, já que não pode ter o próprio e assim, "ganhando de Deus", já que perdeu seu único amor para Ele.
O livro vai muito além de tudo isso que mencionei, sério. Na minha interpretação, tem até questões psicológicas que poderiam ter influenciado esse sentimento da Meggie pelo padre.
Não tem como a resenha ser completa. O meu conselho é que você leia e tire suas próprias conclusões. Sinceramente, esse livro tem tudo para ser um clássico cinco estrelas, mas por não saber a real intenção da autora e por ter se tornado, na minha visão interpretativa, um livro um tanto quanto problemático e perigoso (já que tantas pessoas o leram e favoritaram, sem nenhum questionamento quanto a esse Romance), vou deixar com 3,5.