Incidente em Antares

Incidente em Antares Erico Verissimo




Resenhas - Incidente Em Antares


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Otávio - @vendavaldelivros 24/09/2020

“Ninguém é o que parece. Nem Deus. ”

Uma cidade do interior do Rio Grande do Sul, na fronteira com a Argentina, passa, em 1963, por uma greve geral que inclui os coveiros da cidade. Sete mortos são impedidos de serem enterrados, se revoltam, levantam de seus caixões, dirigem-se para o coreto da principal praça da cidade e lá ficam, apodrecendo. Antes, porém, dirigem aos moradores de Antares as verdades que sabiam sobre todos. Os atos de corrupção, as traições, as mentiras e, principalmente, as máscaras.

Toda cidade do Brasil é Antares. Em escalas maiores ou menores, temos por todo Brasil exemplos de personalidades e de convenções sociais como na pequena cidade gaúcha. Toda cidade tem uma ou mais famílias que “mandam na cidade”, seja politicamente ou financeiramente. Temos a ala conservadora, que morre abraçada com seus privilégios e não aceita o futuro. As intrigas, fofocas, os que se envolvem em atos de corrupção e, claro, temos os pobres, miseráveis e marginalizados por um sistema que só os destrói cada dia mais.

Fiquei órfão desse livro quando terminei. Não imaginava o poder das palavras e do humor irônico de Érico Veríssimo. É impossível não rir nesse livro, mas também é impossível não se emocionar com as histórias tristes que estão ali. A morte e a tortura de João Paz, as tristezas e misérias de Erotildes e Pudim de Cachaça. O livro traça um retrato nu e cru da sociedade brasileira do começo dos anos 70. Infelizmente, é triste perceber que hoje repetimos essa história. O conservadorismo que flerta com o fascismo e o autoritarismo, a normalização da miséria e a profunda adoração à ignorância.

Ler Incidente em Antares nesses tempos é simbólico e significativo demais. Um livro que escancara a hipocrisia do Brasil em plena Ditadura Militar (o livro foi publicado em 1971, três anos depois do AI-5) é necessário para entender o nosso hoje. Porque, ainda hoje, vivemos em um país de máscaras de cidadãos de bem e defensores da família que enxergam na tortura e no ódio, métodos eficientes de gestão de uma nação. Seguimos no baile de máscaras, esperando que nossos mortos retornem e apontem nossos erros e falhas.

site: https://www.instagram.com/p/CAOWE8wHKcS/
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Elton.Oliveira 14/12/2023

Um retrato de seu tempo
Uma obra de arte retratada nessas linhas ! Confesso que leio pouco autores nacionais mas temos relíquias e eu tenho que explorá-las!!!

Érico Veríssimo, fez uma crítica à toda base social, política, trabalhadora , no período revolucionário brasileiro , estado novo e transição para o regime ditatorial militar. Uma cidadezinha do Sul e seus costumes conservadores, patriotas e escrotos , me lembrei totalmente dessa nova ascensão de classe vindo com os gados bolsonaristas que ainda pedem intervenção militar , retratado muito bem , como trunfo da coronel Vacariano o fiel exemplo de um tempo de injustiças sociais !

A greve geral foi ótima ! A classe operária reivindicando seus direitos, enfiando uma pedra na ferida das classes dominantes , dizendo e mostrando que o pobre/assalariado/trabalhador é a força motriz de um povo e precisa ser valorizada! A volta dos mortos foi a cereja do bolo , as revelações da podridão social, abusos , hipocrisias, torturas policiais aos movimentos trabalhadores , a presença dos mortos infectando todo o bairro nobre ??... E o desfecho como bem esperado, retratando mais uma vez com profunda realidade brasileira, o famoso movimento de abafar o ocorrido com uma "operação borracha".

Esse livro nada mais é que uma imagem do Brasil em sua época.... Por isso que é perfeito ! Devemos conhecer essas raízes para sabermos de onde vem a podridão de algumas classes sociais .... O tal do conservadorismo , patriotismo e movimentos de ultra direita .... NOJO !

Recomendo muito à todos essa leitura !
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Marcus.Vinicius 09/11/2020

Brilhante!
Terminei esse livro e fiquei com ressaca literária. Genial. Nunca tinha lido nada de Erico Verissimo, e comecei com o pé direito. Estruturalmente, o livro é dividido em duas partes. A primeira, conta a história de Antares, desde quando se chamava ?Povinho da Caveira?, abrangendo um período que vai do segundo reinado até o ano de 1963. Só que a história não é tão somente de Antares: é a história do Brasil. A cidade é um microcosmo do país, a qual é contada essencialmente pelos personagens das famílias rivais Campolargo e Vacariano. Passamos pela República Velha, governo Vargas, e por fatos marcantes do Brasil. Já a segunda parte trata do incidente propriamente dito. O ano é 1963, às vésperas do golpe militar de 64. O país está em polvorosa, atravesando uma crise política desde a renúncia de Jânio Quadros. Assim, os trabalhadores de Antares decidem entrar em greve geral, inclusive os coveiros. Só que nesse dia, nada mais que 7 pessoas morrem, e diante da greve, não são sepultadas. Por conta disso, os mortos se levantam e voltam à cidade para reinvidicar o direito de serem enterrados, provocando um verdadeiro pandemônio em Antares. Irônico, engraçado, sagaz, brilhante. Romance brasileiro, romance histórico, de primeiríssima linhagem, muito bem escrito. Impossível largar o livro antes de acabar. Cinco estrelas!
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venusy 21/09/2023

A minha tristeza é pensar que nunca vão escrever algo como isso aqui outra vez.

erico veríssimo construiu nesse livro uma narrativa instigante e envolvente, combinando assuntos como política e história com devido humor. os personagens são retratos vívidos da sociedade brasileira em um reflexo microscópico do nosso país, representado pela figura da cidade de Antares.

o melhor aqui, além de entender o contexto geral da obra, é conseguir compreender tudo que o autor tenta expressar nas entrelinhas, tendo em vista a política brasileira da época.
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luiza 04/12/2021

todo brasileiro deveria ler esse livro.
"a troco de que Deus havia de começar o Juízo Final logo neste cafundó onde Judas perdeu as botas?"

o livro mostra muito bem todos os arrumadinhos que as pessoas fazem em cidade pequena. antares é fictícia mas a gente fica com a impressão de que ela existe de verdade depois de ler esse livro.

a primeira parte explica sobre a cidade, tem umas 200 páginas e pode ser um pouco cansativa, já que as todo mundo quer saber sobre o famoso incidente, mas eu acho essencial entender sobre as estruturas de antares e saber quem manda em tudo ali. depois dessa primeira parte tem muita fofoca kkkkkkkkk esse incidente vai colocar antares de cabeça pra baixo.

o livro, que é uma crítica ao autoritarismo brasileiro, foi publicado em plena ditadura militar. inclusive fiquei curiosa pra saber como esse e outros livros (tipo "as meninas" de lygia fagundes telles) conseguiriam passar pela censura.
Deisi 04/12/2021minha estante
Comecei esse livro, mais não conseguir terminar ?


luiza 04/12/2021minha estante
eu também fiquei com vontade de largar, mas vai valer muito a pena se você conseguir retomar a leitura um dia!!




Printzzz 03/06/2021

Conceitual
Vou começar dizendo que não é um livro fácil de ler quando você não é acostumado com essa linguagem um pouco mais rebuscada.

Achei a primeira parte do livro um pouco, parada, poderia até mesmo usar a palavra chata quando comparada com a belezura que é segunda parte.

Eu ri, me revoltei e até derramei algumas lágrimas. Uma perfeita crítica a ditadura militar brasileira e feita com um humor ácido, o que, com certeza, ganhou meu coração.

Foi sim uma leitura obrigatória da escola, mas a experiência valeu muito mais do que a pena.

Recomendaria com certeza
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Isrrael Reis 14/05/2020

seria esse o melhor livro nacional que li?
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Eva 20/07/2021

O livro é dividido em duas partes. A primeira intitulada Antares vai tratar justamente da gênesis de Antares. Essa cidade que antes era chamada de Povinho da Caveira começa sua formação com o patriarca da família Vacariano, chamado Francisco. Esse que ao receber em suas terras a visita inusitada de um pesquisador que em uma conversa lhe mostra a constelação de Escorpião onde está a estrela Antares que é vista nitidamente naquela região.
A partir daí o narrador em terceira pessoa começa a narrar toda a formação de Antares e nesse ponto a narrativa me lembrou muito a formação de Macondo, em Cem Anos de Solidão. Assim chega a Antares o patriarca da família Campolargo e assim começa a rivalidade entre as duas famílias principais, Vacariano e Campolargo, que durará 70 anos e três gerações.

Dado todo o panorama de Antares e a disputa de poder entre as duas famílias, a influência política dos Vacarianos e Campolargos sai de Antares e passa a ter campo na região e aí Erico consegue deixar a história mais interessante colocando as famílias na cena política nacional, nesse ponto fica claro a crítica ao coronelismo na política. Faz um resumo da história política do Brasil até chegar ao segundo mandato de Getúlio Vargas e seu suicídio.

A história volta a dar foco a Antares e aí temos os acontecimentos políticos do Brasil influenciando no que vem a ser o Incidente, que é a segunda parte.

No incidente que começa com uma greve geral que contava com a participação dos coveiros e assim os grevistas decidem impedir os sepultamento dos sete mortos da vésperas de uma sexta-feira 13.

Nesse romance espetacular Erico, através da sátira, critica durante a ditadura todo o momento político ao qual o país passava com a corrupção, tortura de oponentes políticos, critica também as hipocrisias da classe média com seu conservadorismo de fachada.
Lendo o livro pensei o quanto vivemos em ciclos e a história sempre se repetindo a cada tempo mudando apenas os personagens principais e tudo isso se deve, além do conformismo das maiorias, ao esquecimento. O esquecimento tem um papel importante na política e Erico usa o incidente para nos mostrar isso.

Obra imperdível pelas diversas discussões que pode provocar.

Segundo romance lido de Erico e querendo cada vez mais conhecer as outras obras desse autor.
Yana 21/07/2021minha estante
Muito boa tua resenha!! Fiquei com muita vontade de ler o livro.


Eva 21/07/2021minha estante
Recomendo




Fabi 19/08/2022

Leiam! Só leiam!
Que leitura maravilhosa, que história bem contada, que personagens fantásticos!

O livro é dividido em duas partes e ambas se completam.
Antares é um microcosmo brasileiro e seus causos e habitantes são atualíssimos. Várias reflexões e falas fazem a gente pensar, refletir sobre nossa realidade... Enfim, estou imensamente feliz por ter lido esta obra.
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Vinicius 29/03/2023

Um ótimo romance
Uma crítica perniciosa que tende ao satírico ao analisar a sociedade gaúcha, sob a perspectiva de uma cidade imaginária, cuja história é contada desde a fundação, chegando aos dias atuais. É incrível a verossimilhança com a qual a narrativa é realizada. Eventos históricos brasileiros são profundamente descritos. Uma história com moral e com reflexões.
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Concha Literária 29/05/2021

Erico é insuperável
O meu livro favorito dele não deixou de ser Olhai os Lírios do Campo, e O Tempo e o Vento não deixou de ser uma das histórias mais incríveis que já li, mas Incidente tem tanta coisa, tantas referências, que me comoveu não só com a história, mas também com o fato de um livro crítico ao coronelismo e à ditadura ter sido publicado durante o recrudescimento do regime militar no Brasil. Erico já era um autor consagrado, aqui e fora, e não precisava escrever algo tão comprometedor, mas o fez (aí tu pensa nos influencers que não querem falar de posicionamento político pra não perder seguidores).
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Nara 04/07/2021

Melhor livro brasileiro da minha vida!
Livro mais atual não conheço. Parece até que se passa em 2021, salvo a falta de tecnologia. Mas o pensamento brasileiro é o mesmo. O sentimento é o mesmo.
Gostaria de comentar tudo que me fez amar esse livro mas, realmente, não quero dar spoilers. Apesar que muitos defendem que não existe spoiler quando o assunto é um livro clássico. Mas entrei nessa jornada sem saber nada e isso foi determinante para mim.
Quero chamar atenção para alguns personagens que me tocaram. Rosinha, Pe. Pedro Paulo, Valentina e Egom Sturm.
E sobre os últimos parágrafos do livro, prestem bastante atenção, olhem o que é considerado palavrão nesse país...
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Dani 30/04/2023

Mais uma obra-prima do Erico. Adoro a escrita dele, com todos os regionalismos da minha terrinha.
O livro é divido em duas partes: a primeira é uma contextualização da cidade, dos personagens e do momento histórico que o Brasil estava vivendo (achei bem arrastada, por não ser um assunto que me desperte interesse, porém é uma marca registrada do autor, e necessária para compor o final do livro); e a segunda parte é o incidente em si e seus desdobramentos (que eu amei, dei boas gargalhadas em vários trechos e a leitura fluiu muito).
Comecei a ler sem saber qual seria o incidente, sem ver nenhuma resenha, "no escuro", o que foi ótimo porque me manteve curiosa na primeira parte do livro, tentando adivinhar o que iria acontecer (e claro que não adivinhei).
Adorei, recomendo muito a leitura!
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