Eva 20/07/2021O livro é dividido em duas partes. A primeira intitulada Antares vai tratar justamente da gênesis de Antares. Essa cidade que antes era chamada de Povinho da Caveira começa sua formação com o patriarca da família Vacariano, chamado Francisco. Esse que ao receber em suas terras a visita inusitada de um pesquisador que em uma conversa lhe mostra a constelação de Escorpião onde está a estrela Antares que é vista nitidamente naquela região.
A partir daí o narrador em terceira pessoa começa a narrar toda a formação de Antares e nesse ponto a narrativa me lembrou muito a formação de Macondo, em Cem Anos de Solidão. Assim chega a Antares o patriarca da família Campolargo e assim começa a rivalidade entre as duas famílias principais, Vacariano e Campolargo, que durará 70 anos e três gerações.
Dado todo o panorama de Antares e a disputa de poder entre as duas famílias, a influência política dos Vacarianos e Campolargos sai de Antares e passa a ter campo na região e aí Erico consegue deixar a história mais interessante colocando as famílias na cena política nacional, nesse ponto fica claro a crítica ao coronelismo na política. Faz um resumo da história política do Brasil até chegar ao segundo mandato de Getúlio Vargas e seu suicídio.
A história volta a dar foco a Antares e aí temos os acontecimentos políticos do Brasil influenciando no que vem a ser o Incidente, que é a segunda parte.
No incidente que começa com uma greve geral que contava com a participação dos coveiros e assim os grevistas decidem impedir os sepultamento dos sete mortos da vésperas de uma sexta-feira 13.
Nesse romance espetacular Erico, através da sátira, critica durante a ditadura todo o momento político ao qual o país passava com a corrupção, tortura de oponentes políticos, critica também as hipocrisias da classe média com seu conservadorismo de fachada.
Lendo o livro pensei o quanto vivemos em ciclos e a história sempre se repetindo a cada tempo mudando apenas os personagens principais e tudo isso se deve, além do conformismo das maiorias, ao esquecimento. O esquecimento tem um papel importante na política e Erico usa o incidente para nos mostrar isso.
Obra imperdível pelas diversas discussões que pode provocar.
Segundo romance lido de Erico e querendo cada vez mais conhecer as outras obras desse autor.