Mari 11/09/2023
Segunda vertente de literatura moçambicana que leio, sou apaixonada em Mia Couto, e com Paulina não foi diferente!
A história; uma mulher se incomoda com a constante ausência do marido em casa e vai atrás de uma possível amante. Não só uma, encontra quatro, e suas famílias. Em meio a uma luta de ego, abandono, coragem, frieza, submissão, tradição, traição e tantas crises, decide-se: casarão as cinco.
Um livro sobre a delimitação do papel do homem e da mulher no casamento, sobre a moral e a vontade como dois lados da mesma moeda. Sobre a poligamia como instituição sul-africana e a inversão de papéis dessa inimizade culturalmente forçada, sobre a qual Paulina escreveu lindamente, de um jeito místico, quase mágico. O significado de Niketche aqui; ?aquilo que imobiliza o corpo, e faz a alma voar?, é muito mais sobre o corpo da mulher, mas a alma do homem. Independente da minha opinião, não sobre esse ponto específico, mas sobre tantos abordados, um livro faz o papel de livro quando provoca o caminho que a nossa subconsciência já faz. Os temas não vividos, logo impensáveis e indiscutíveis, já estão dentro da gente, o livro só os resgata. E é inevitável que a nossa consciência caminhe para o lugar de Niketche.
Procurando, aleatoriamente, algo que marquei, encontrei: ?Aos meus olhos floresce o poder do amor proibido. Todo este fausto me cheira a falso, tão falso como o amor que construiu este lar.?