Um homem bom é difícil de encontrar

Um homem bom é difícil de encontrar Flannery O'Connor
Flannery O'Connor




Resenhas - É difícil encontrar um homem bom


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Linda 30/04/2020

Da teoria à prática: o leitor-personagem
Um homem bom é difícil de encontrar! Diria uma mãe preocupada à filha em idade de contrair matrimônio. Mas é o título de uma coletânea de contos da americana Flannery O'connor, que nos oferece diferentes amostras do quanto os humanos, não necessariamente masculinos, podem exercer a crueldade. Em dez contos, a autora nos leva a conhecer a realidade de personagens que vivem nas fazendas do sul dos Estados Unidos na década de 1950. Ela nos descreve com riqueza de detalhes as características físicas dos personagens e do seu entorno e o oxigênio vai se tornando rarefeito enquanto avançamos na leitura. Após vestirmos as peles dos personagens de cada conto, frequentemente constituídos por um vulnerável de boa fé e um vilão disfarçado em meio a um ou outro figurante, passamos a sentir-lhes o odor e nos deparamos com a necessidade de fazer uma pausa na leitura para buscar ar e procurar uma saída digna para o vilão enquanto protegemos a vítima, antes mesmo de identificá-los. Um pouco de cada um deles faz parte do leitor, por isso o desejo de salvá-los, mas reconhecer esta realidade dói profundamente. É impressionante como a distância física inicial entre as vítimas e os vulneráveis é uma barreira de proteção facilmente transponível, uma vez que eles têm a habilidade de farejarem-se e atraírem-se a milhas. Aos poucos, desenvolve-se a percepção de que não há esconderijo para o vulnerável, o qual parece atrair energeticamente o sádico de lugares longínquos afim de encontrarem-se e juntos atingirem os próprios gozos. A relação entre eles se estabelece rapidamente, a princípio com um grau de desconfiança, mas rapidamente contornada pela sagacidade, poder de sedução e desejo dos envolvidos: o sádico e a vítima, que embora de forma inconsciente, se oferece voluntariamente ao sacrifício e vai de encontro à perda - seu próprio gozo. Em alguns contos, a entrega é movida pela vida insatisfatória, em outros, talvez pelo desejo secreto e narcísico de dominar o predador. Ainda, é possível encontrar nos contos de O´Connor, situações nas quais o responsável impõe o vulnerável à situação de risco, entregando-o ao algoz. A autora é conhecida pelo realismo grotesco com que escancara a violência, permeando-a à "literatura gótica sulista" dos Estados Unidos. Talvez motivada pela morte do pai, vítima de lúpus quando ainda era adolescente, e logo depois saber que teria o mesmo destino, O´Connor tenha tido a coragem de transformar sua dor em escrita, impondo ao leitor a experiência de sofrimento enquanto voluntariamente se entrega às páginas de "Um homem bom é difícil de encontrar".
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Conça 18/04/2020

Minhas impressões, opniões e sentimentos...
4.0

Flannery O?Connor, falecida em 1964, conquistou um lugar no cânone literário ocidental. Sobretudo por meio de seus contos, essa jovem católica conseguiu criar um universo sem igual.

Ah, antes que esqueça, não posso deixar de registar o quanto foi luxuoso o kit do mês de março. O mimo além de útil é de uma sofisticação inusitada.

A curadora desse livro cheio de contos extraodinários é Martha Batalha. Sua escolha de: ?Um homem bom é difícil de encontrar? foi sugerido porque os temas estão muito próximos da realidade.

O que o livro tem uma temática complexa e cheia de camadas de pessimismo, violência, humor e recheado de ironias. Ao mesmo tempo, aborda temas como religião, preconceito e racismo. Os personagens são estranhos e incomum, chegam a ser perturbadores de tão desprovidos de humanização.

Apesar do desconforto dos enredos de cada conto, a narrativa decorre com uma fluidez que é impossível ler um conto hoje e outro amanhã. Foram impressões impactantes, transbordando sentimentos dos mais variados, entre eles, o da negação ao abandono. Na minha opinião todos acontecimentos de décadas passadas ainda são muito presente nos tempos atuais.

Recomendo muito a obra para depois desse momento que estamos passando. É preciso estarmos fortes emocionalmente para essa leitura.
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Val Alves 07/12/2021

Uma escrita assim é difícil de se encontrar
Não é o tipo de leitura para daqueles momentos em que você precisa ler algo apaziguador para restaurar a sua fé na humanidade.

Os personagens da Flannery não são as melhores pessoas. Muito pelo contrário: a maioria deles são as piores possíveis.  Nem todos sociopatas criminosos, não! Grande parte são pessoas comuns, que a gente convive no dia a dia. a questão é que ela não tá empenhada em mostrar o lado bondoso dessas pessoas nem evidenciar sua potencialidade à bondade e às virtudes.  Não pode-se esperar bondade sequer nas crianças.

Mesmo aqueles que a princípio parecem se salvar por uma característica ou outra, no final espantam o expectador com uma atitude questionável. Creio que até mesmo Carl Rogers ao se deparar com a velha Lucynell concordaria que seu potencial para autorrealização não está adormecido, e sim morto e enterrado! E por falar nisso, outra coisa bem característica nessa obra, de uma forma geral, é uma evocação ao fúnebre. Os ambientes são "macabros", ... e até na descrição dos personagens se encontra esse tipo de comparação:

"(...) era uma mulher baixa e, por sua conformação, quase igual a uma urna funerária. "

O que me fez pensar sobre a influência do ambiente em que ela viveu para sua fantasia se apropriar de símbolos que remetem a pulsão de morte e que parecem estar em tudo o que ela vê.  Numa breve pesquisa descobri que ela e o pai morreram jovens devido à mesma enfermidade: o lúpus. O que ocasionou que o fim de sua vida fosse muito sofrido, doloroso e marcado pela precariedade.

O acréscimo de pequenos episódios de humor ácido aqui e acolá quebram por instantes a morbidade do texto que, não fosse por isso, seria pesado do início ao fim.

A maldade em sua narrativa não é descrita como nos noticiários,  de forma alarmante, espetacular, mas é contada de forma corriqueira como se estivesse nos contando algo extremamente comum, chegando até a monotonia. É como se ela nos dissesse "esses eventos que para alguns possa parecer algo absurdo e causar grande espanto são a coisa mais corriqueira de onde eu venho, então tenho propriedade para narrar assim: como um acontecimento bobo e cotidiano".
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Xuxu 30/04/2021

Estranho
Não sei a quem esse livro poderá agradar, por isso não irei recomendar kkk
Só vou dizer que: achei todos os contos muito estranhos, mas não de um jeito bom. Não achei que as histórias tem sentido nem que faça sentido ler elas, me senti perdendo tempo.

Não achei as tramas boas ou bem construídas, nada me envolveu, não gostei da maneira que os temas foram tratados, achei vazio.

Mas se te interessa, leia! Vai que você curte.

Esse é um livro de contos escrito na década de 50, as histórias se passam nos EUA. Todas elas tem como pano de fundo as guerras e a vida do cidadão norte-americano.
Todas retratam os personagens negros e pessoas com deficiência assim como eles eram tratados naquela época.
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Pati 10/10/2020

UM HOMEM BOM É DIFÍCIL DE ENCONTRAR E OUTRAS HISTÓRIAS
Impactante. A autora é mestre em relatar a crueldade da natureza humana.
O racismo, a intolerância, a mente retrógrada, egoísmo, ganância são temas recorrentes no livro.
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Camila Alexandrino 24/02/2021

Leitura arrastada e não tão boa
Definitivamente esse livro não entrou na minha lista de favoritos.

Comecei a leitura bem empolgada, principalmente depois de ler o primeiro conto — que dá nome ao livro —. Achei-o simplesmente sensacional, com uma reviravolta interessante e bem construída. Os contos seguintes, no entanto, acabaram me decepcionando.

A autora trabalha muito do que é considerado gótico sulista, então suas histórias são mais sombrias; alguns até comparam seu estilo de escrita com o de Edgar Allan Poe, e reconheço que sim, tem uma certa similaridade, mas, ela leva implicitamente, julgos racistas, religiosos e sociais que não me agradaram.

Há quem considere que esses elementos aparecem nos seus textos para trazer um debate, porém não consegui identificar nenhum personagem nessas condições de preconceito que se apresentasse de forma diferente do que estava ali no texto. Quando negros, pobres e pessoas com uma certa religião aparecem, são tratados como pessoas à margem.

Praticamente todos os contos visam uma salvação através da religião, muito disso deve ter a ver com sua criação e época da escrita deles. Contudo, não consegui sentir empatia pela autora e pelos seus livros, mas com certeza recomendo para quem quiser tirar suas próprias conclusões.

Talvez você possa identificar aspectos mais positivos do que eu mesma consegui ver, então, deixo o convite para que leia e me fale o que achou.

site: https://www.instagram.com/p/CLsAX1Dj-nc/
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Stéfany 29/03/2020

Cada conto um baque haha
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Lusia.Nicolino 22/03/2020

Você precisa enfrentar e desfrutar porque um livro de contos como esse é difícil de encontrar.
São contos. Contos que equivalem por histórias inteiras que abocanham nossa alma pela pele.
Você termina um e quer ir para o outro, mas deve esperar. São intensos, são profundos, são tão possíveis que para fugir de alguns desconcertos nos pegamos pensando: ah não, isso é apenas literatura.
Mas literatura é vida e, no pouco em anos que viveu, O´Connor nos deu tanto.
O seu estilo direto – sem receio de apresentar personagens desagradáveis, cruéis, que se aproveitam da inocência e crença de outros – é marcante.
Não consigo escolher um como preferido, nem fazer um ranking, mas, O rio e Gente boa da roça são daqueles textos que quando nos perguntam o que achamos deveríamos responder apenas com um suspiro.
O´Connor, criada no sul conservador dos EUA, foi uma católica fervorosa que construiu personagens fortes, alguns crentes, alguns descrentes e outros que administram o seu credo de acordo com o seu medo e suas contingências.

site: https://www.facebook.com/lunicolinole
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Pandora 03/06/2020

Quando terminei de ler "Um homem bom é difícil de encontrar e outras histórias" pensei: as pessoas falam do quanto Lovecraft é aterrorizante por ainda não terem lido Flannery O'Connor. Afinal, o que é horror cósmico, rituais noturnos, mortos vivos e as chamas do inferno perto da branquitude?

Se você não entende muito bem ao que nos referimos quando falamos de branquitude, mas quer entender, leia Flannery O'Connor e você vai entender direitinho como a ideia se superiodade das pessoas brancas organiza, hierarquiza, explora e colonizar corpos, mentes e culturas reduzindo pessoas não-brancas a não-pessoas sendo em específico capaz de produzir toda sorte de violência.

As histórias contadas pela O'Connor acontecem no Sul dos Estados Unidos no início do século XX e falam muito sobre a sociedade que surgiu no pós-abolição americano. Uma sociedade atroz que se organiza a partir do machismo e racismo para manter hierarquias sociais e a figura dos senhores mesmo quando não mais havia escravizados.

Humorada, dada a epifanias grandiloquentes quando se refere a paisagens, muitas metáforas bíblicas e uma perspicácia aguda a autora vai nos envolvendo em um ambiente quente, ensolarado e cruel. Um ambiente no qual: o avô leva o neto para viajar com o objetivo não de alargar seus horizontes, mas sim de estreitar seu olhar sobre o mundo; uma mulher grávida é descrita como uma urna funerária; a vida que você salva pode ser a sua e isso pode ser feito abandonando uma inocente a própria sorte; e a bondade é dissimulação, pose, farça.

A Flannery de seu lugar de mulher branca descreveu sem piedade como o mundo branco Norte Americano se organizou no início do século XX. Ela é uma narradora precisa, poderosa, dotada do toque do gênio. Pela irônia e sagacidade e impossibilidade me lembrou muito o que Jane Austen tem em Emma. Eu ri de nervoso muitas vezes e terminei completamente ATURDIDA! Um livro atroz sobre um mundo repleto de atrocidade. Aterrorizante e hipnotizante!
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Rosa Santana 25/05/2011

É Difícil Encontrar Um Homem Bom - Flannery O'Connor - 288 páginas - Arx

Li recentemente É Difícil Encontrar Um Homem Bom. Para falar a verdade, tive uma certa dificuldade com ele...

O livro nos apresenta um desfile de personagens malignos, doentios até, como diz o título, coisa com a qual não concordo. Acho que não dá para ficar encarando a vida, o contexto, como se fôssemos Pollyana, vendo tudo cor-de-rosa, mas tb não é o caso de cair no extremo oposto, achando que o mundo só é povoado por pessoas de má índole, sem ética, sem respeito ao ambiente e ao que os cercam...

Todos são patologicamente maus, contrariando o dualismo bem X mal que
habita cada um de nós, na minha opinião. No fundo é o neo-realismo (ah, essa professora de literatura, não deixa de sê-lo nunca, nem mesmo aposentada...) em que o escritor, como um observador, vê os maus se comprazendo com as mazelas uns dos outros. O puro é só o que denuncia...

Há, aqui, o mesmo maniqueísmo romântico, do qual só o modernismo conseguiu se livrar, criando personagens mais próximos ao homem dialético e cheio de conflitos entre as duas forças antagônicas que habitam cada um de nós...

....

Destaco entre os contos que me marcaram pela extrema crueldade dos personagens: A Gente Boa Da Roça. Até hoje fico pensando: como Hulga resolveu o problema que lhe criou o rapaz bonzinho, da roça, ao tirar-lhe a perna postiça!

...

Há que se registrar o humor com que a autora constrói a narrativa, descreve os personagens, conta os fatos... Impecável!

.
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Mari Pereira 03/02/2021

Um livro que provoca estranheza e desconforto, mas ao mesmo tempo recheado de belas metáforas visuais e lirismo. Se a leitura por um lado é árida, por outro é compensatória.
Não espere contos com grandes enredos e conclusões. São mais como pequenas cenas, breve retratos de um cotidiano inóspito e decadente.
Com certeza vale a experiência.
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Tatiane Ritter 26/08/2020

Impactante
Será que sei fazer uma resenha desse livro?? Acho que não... Só tenho a dizer que é livro muito bem escrito, que traz pitadas do algo sombrio, personagens muito bem construídos, mas difíceis da gente lidar, digerir... De qualquer forma a escrita da autora merece um destaque, prende o leitor, porém o que encontramos pela frente ao ler seus contos, muitas vezes é um tanto quanto perturbador...
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Libio 07/05/2020

Dez contos que pra mim no final me fez parar e pensar - "WTF?". Mas recomendo, trás nova perspectivas sobre mundo a qual vivemos.
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Gisele567 22/03/2020

Escrita de Flanney O'Connor
Na obra "Um homem bom é difícil e encontrar e outras histórias" consegui ter contato com a escrita famosa de O'Connor. As histórias são muito interessantes, mostram a miséria da alma humana, a maldade, com as quais ela entremeia a temas religiosos e questões sociais e familiares, como o racismo que passa por gerações.
" Nada é mais como era o mundo está ficando podre" pg 75
Recomendo conhecer sua escrita.
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