* 04/04/2012Um Mundo Brilhante - T. Grenwood"Segredos. Como pequenos sapos escondidos em em seu bolso. Não se pode esquecer deles porque estão sempre se mexendo ali dentro, contorcendo-se, tentando escapar. Você sabe que, a qualquer momento um deles pode conseguir subir e pular para fora do seu bolso, revelando-se para o mundo com um coaxado estridente. E quanto mais você se esforça para tentar contê-los, para escondê-los, mais se esforçam para escapar..." Página 285
"Um Mundo Brilhante" Conta a história de Ben Bailey, professor de história em uma universidade de dia e balconista do bar Jack's a noite, noivo da enfermeira Sara, um homem aparentemente comum, mas com um passado que lhe tira o sono, noite após noite. E que inevitavelmente lhe será jogado na cara no dia da primeira nevasca do ano...
Ben adora a neve, esse foi o principal motivo que o levou a morar em Flagstaff cidade famosa por ser o point dos esquiadores nas épocas mais frias do ano. Certa noite após o Halloween, a primeira nevasca do ano chegou, sorrateira, durante a madrugada congelante. Ben se levantou e resolveu pegar o jornal por si só em meio a neve, se agasalhou e soltou Maude sua Golden Retrivier para brincar no gelo enquanto ele caminhava lentamente a entrada de sua casa, mas o que ele viu estava longe de ser o jornal...
Um garoto navajo (índio) estava caido em meio a neve, minando sangue, aparentemente ele levará uma surra e havia caido ali. Ben tentou sentir a pulsação do rapaz, mas havia apenas um silêncio cortante, ele correu para casa para chamar sara, sua noiva, devido a profissão talvez ela pudesse ajudar. Mas infelizmente nada pode ser feito, Ricky, como se chamava o garoto, morreu horas depois na UTI do hospital local.
Ben escondido de Sara havia ido até o hospital enquanto o garoto ainda tinha vida. Ele estava atormentado com a atrocidade cometida e a brutalidade que vira naquela manha, seu passado não saia de sua mente por um só instante, foi que conheceu Shadi, irmã de Rick.
Shadi era tudo que Sara não era mais, espontânea, carismática, doce, gentil e meiga, estava arrasada com a morte do irmão e pediu a ajuda de Ben para provar que a morte de Ricky não havia sido um acidente e sim um assassinato, algo difícil de ser provado, pois a policia jamais reabriria um caso dado com acidente se a vitima fosse "apenas" um garoto da reserva. Ben se encantou com a moça a primeira vista, seu macacão sujo de tinta, sua simplicidade e sua beleza lhe chamaram muito a atenção, mas não for esse motivo que ele decidiu ajuda-la...
Desde então Ben começou uma batalha por pistas e investigações, paralelas a todo o drama vivido em sua vida naquele momento, a falta de amor que estava sentindo por Sara nos últimos tempos, os pais da moça, endinheirados tentando compra-lo, a promessa de casamento, sua atração por Shadi, seu passado, seu passado e seu passado!
"Era como se ela fosse abençoada, como se fosse especial. E talvez ele pensasse que, sendo seu namorado, poderia absorver um pouco daquela sorte. Entretanto, em vez disso, ele a decepcionara. Fora a primeira e única decepção da vida de Sara. Ele era o leite azedo na geladeira. As ervas daninhas no jardim. A nuvem de tempestade que cobria o sol..." Página 71
Minha opinião: Eu não conhecia o livro e nem a história até receber um e-mail da Editora Novo Conceito informando que o kit estava sendo enviado. Assim que vi tentei procurar sobre o livro na internet. Mas nada achei. Esta explicado o motivo da minha surpresa quando abri a caixa. O kit é simplesmente maravilhoso, mas nem se compara a capa do livro. Que contem Glitter em toda sua extensão. Fiquei um longo tempo apenas admirando-a antes de virar a página. Novamente a Novo Conceito caprichou em uma obra, tornando sua diagramação divina!
Eu classificaria este livro como um romance/drama. Ao mesmo tempo que ele trata de um assassinato, ele trata sobre o preconceito em volta desse crime, a injusta reputação dos índios perante uma sociedade já modernizada. Mas se você pensa que para por ai, você esta enganado. Um mundo brilhante mostra o quão difícil é esquecer o passado, o quão pesado é lidar com a culpa. As difíceis escolha do coração, como lidar com a falta de amor, com a descoberta de sentimentos, e com a infidelidade...
Apesar de ser um livro triste em certos momentos, a leitura é deliciosa, a autora se utilizou de um tema comum, para transforma-lo em uma história leve e de fácil leitura. Narrado em terceira pessoa, o livro nos mostra o que há por baixo dos relacionamentos, o que algumas pessoas sentem, mas não expõem, o quanto pode ser difícil ver uma pessoa que você conhece tão bem mudar drasticamente de personalidade bem debaixo de seus olhos. Fica fácil entender todos os pontos da história, já que a autora não deixa pontas soltas, incluindo na histórias passagens do passado, mescladas com as do presente.
Os personagem são tão reais que tive a impressão que poderia tocar neles, principalmente a Sara. Sua personalidade muda muito conforme os acontecimentos, ora doce, ora rancorosa, ela expressa o que significa uma mulher machucada que ainda ama o parceiro, o que significa endurecer depois de apanhar da vida, o que significa a palavra perdão. Admito que fiquei com raiva dela em alguns momentos, a achei sarcástica demais, mas aos poucos fui entendendo seu ponto de vista, me colocando em seu lugar. Ou seja, Sara não é nenhuma santa, mas não deixa de ser uma mulher admirável. Ben tem um bom coração, seu passado lhe atormenta tanto, ao ponto de ele viver a vida esperando pelo próximo tombo. Ele é justo e trabalhador. Mas isso não dizime seus erros. Meus sentimentos por ele são alternados, ora pena, ora raiva. Mas para o leitor que está de fora é fácil dizer qual escolha faria no lugar de Ben, agora para ele que vive a situação tudo se torna um pesadelo. Nem todos concordam, mas sim... Um dia o amor pode acabar e temos que saber lidar com isso. Já Shadi, gostei muito de sua posição na história, em momento nenhum ela agiu de má fé, o que é raro quando se trata de uma mulher apaixonada pelo marido de outra pessoa, mas infelizmente a personagem não brilhou pra mim. Os pais de Sara também merecem algumas linhas, embora eles tenham muito dinheiro e tentem sempre comprar a felicidade de Sara: Que se chama "Bem" também são ótimas pessoas, e querem apenas ver a filha feliz.
Quanto ao desfecho, eu achei que não teria muitas surpresas, por se tratar de um tema um tanto "batido", pensei que terminaria como os outros, mas não! O final me surpreendeu sim, eu jamais imaginei que aconteceria o que aconteceu, afinal todo o contexto da história nos mostra "um possível final". Embora um tanto triste T. Greenwood finalizou com maestria sua história.
"Cada dia era um pedido de desculpas"...
Classificação: 4/5
nasproximaspaginas.blogspot.com