Andre Luiz 08/09/2020
Fichamento
Fichamento do livro: A águia e a galinha – Uma metáfora da condição humana – Leonardo Boff / Ed.Vozes 29ª Edição Petrópolis 1999
“Cada um lê com os olhos que tem” p.9
“Todo ponto de vista é a vista de um ponto” p.9
“A cabeça pensa a partir de onde os pés pisam” p.9
“Cada leitor é co-autor. Interpreta” p.10
1- Uma história que vem da África
“A libertação começa na consciência” p.17
“Precisamos, antes de tudo, libertar a consciência do povo” p.18
“A libertação se efetiva na prática histórica” p.21
2 – Nós somos águias!
3 – Contar e recontar no estilo dos hebreus
“Cada pessoa tem dentro de si uma águia” p.37
4 – A águia cativa e libertada
“Sem luz e sem sol, a águia não é águia” p.56
“Os olhos são tudo para uma águia. Seu olhar penetrante vê oito vezes mais que o olho humano” p.57
5 – A águia e a galinha convivem em nós
“Para onde olharmos, encontraremos a dimensão-galinha e a dimensão-águia. Elas vêm revestidas de muitos nomes: realidade e sonho, necessidade e desejo, história e utopia, fato e ideia, enraizamento e abertura, corpo e alma, poder e carisma, religião e fé, partícula e onda, caos e cosmos, sistema fechado e sistema aberto, entre outros” p.71
“Função da religião é criar as condições para que cada pessoa possa realizar seu mergulho no Ser e encontrar-se com Deus, Útero de infinito aconchego e paz” p.89
“A religião representa a dimensão-galinha, a fé, a dimensão-águia” p.89
“Ético significa, portanto, tudo aquilo que ajuda a tornar melhor o ambiente para que seja uma moradia saudável: materialmente sustentável, psicologicamente integrada e espiritualmente fecunda” p. 90
“Moral, do latim mos, mores, designa os costumes e as tradições” p.91
“Morais têm de estar a serviço da ética” p.92
“A ética acolhe transformações e mudanças que atendam a essas exigências. Sem essa abertura às mudanças, a moral se fossiliza e se transforma em moralismo” p.94
“A ética, portanto, desinstala a moral. Impede que ela se feche sobre si mesma. Obriga-a à constante renovação no sentido de garantir a habitabilidade e a sustentabilidade da moradia humana: pessoal, social e planetária” p.94
“A ética nos possibilita a coragem de abandonar elementos obsoletos das várias morais” p.94
“Não basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre também sermos éticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservação da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito à dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor à verdade, da compaixão para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate à corrupção, à violência e à guerra. Valores que nos tornam sensíveis ao novo que emerge, com responsabilidade, seriedade e sentido de contemporaneidade” p.95
“Fernando Pessoa – “Eu sou do tamanho do que vejo e não do tamanho de minha altura”? p.102
“Sejamos galinhas e águias: realistas e utópicos, enraizados no concreto e abertos ao possível ainda não ensaiado, andando no vale, mas tendo os olhos nas montanhas. Recordemos a lição dos antigos: se não buscarmos o impossível (a águia) jamais conseguiremos o possível (a galinha) p.103
“Sem solidariedade, sem compaixão e sem sinergia, ninguém recupera as asas da águia ferida que carrega dentro de si. Um fraco mais um fraco não são dois fracos, mas um forte. Porque a união faz a força” p.108
6- Libertar a águia em nós
“O que efetivamente conta não são as coisas que nos acontecem. Mas, sobretudo, a nossa reação frente a elas. O decisivo são os sentimentos, os valores e as visões que tivermos elaborado em confronto com as venturas e desventuras da vida e o crescimento que elas nos proporcionaram” p.109
“Cada pessoa humana se confronta com o desamparo existencial e com o sentimento e perda” p.116
“Sente necessidade de uma mão que o levante e de um ombro no qual se possa apoiar com confiança” p.117
“Em toda situação de abandono está presente uma tentação e uma chance. A tentação consiste nisto: a pessoa não enfrenta o desamparo” p.117
“Ao invés de culpar de culpar os outros por nosso desamparo ou de nos omitir de batalhar contra ele, assumimos uma atitude positiva de empenho e de luta” p.119
“Por isso não devemos pedir a Deus que nos liberte do abandono. Há que suplicar-lhe forças para enfrenta-lo” p.119
“Poeta: “Caminhante, não há caminho. Faz-se caminho ao caminhar” p. 120
“Viver é lutar” p.120
“Toda luta exige doação, capacidade de renúncia e de sacrifício em favor dos outros e dos sonhos que se quer concretizar” p. 121
“Saber que tem sabor. Só conhecemos verdadeiramente quando amamos” p.122
“Com a energia mais fundamental que move todo o universo: o amor incondicional”. “Ama por amar” p.131
“O amor incondicional possui características maternas, tem compaixão por quem fracassou. Recolhe o que se perdeu. E tem misericórdia por quem pecou. Nem o inimigo é deixado de fora. Tudo é inserido, abraçado e amado desinteressadamente” p. 132
“Esse amor incondicional é profundamente terapêutico: fortalece quem é assim amado, pois o acompanha e envolve em sua queda, impedindo que esta seja completa e irremissível. Não há quem resista à força do amor incondicional. Por causa dele tudo é resgatável. Ele rompe sepulturas e transforma e morte em ressurreição” p.132
“O amor incondicional põe em movimento um imenso processo de libertação de: de carências, de opressões e de limitações de toda ordem. Resgata o sistema da vida em sua inter-retro-relações” p.132
“Paulo Freire nos deixou este legado: “Ninguém se liberta sozinho; libertamo-nos sempre juntos” p.134
“Temos algo a dar e a contribuir que somente nós podemos oferecer ao crescimento do todo” p.134
“Dom Helder Câmara, Ninguém é tão rico que não possa receber, como ninguém é tão rico que não possa receber, como ninguém é tão pobre que não possa dar” p.135
“Não basta apenas libertar-se de. A águia precisa também libertar-se para: para a sua própria identidade e para a realização de suas potencialidades. Nesses momentos cruciais aparecem os mestres espirituais e as figuras exemplares. Eles têm o condão de evocar, provocar e convocar a natureza essencial adormecida” p.136
“A cultura dominante separou o corpo, mente e espírito. Dilacerou o ser humano em mil fragmentos. Sobre cada fragmento construiu um saber especializado” p.144
“Onde há cuidado, aí desabrocha a vida humana, autenticamente humana” p.146
“Somos seres-de-desejo” p.147
“Importa orientar o desejo para que, ao concretizar-se em mil objetos, não perca o obscuro e permanente Objeto de sua busca, consciente ou inconsciente: o Ser, Deus, o acolhedor Útero divino” p.147
“Rezar e contemplar significa escutar a Palavra que ecoa em todas as palavras” p.149
“Importa enfatizar: a espiritualidade é um dado antropológico de base. Não é, como muitos pensam, monopólio das religiões e dos caminhos espirituais. Não. É a dimensão profunda do ser humano. Só num segundo momento é assumido e expresso pelas religiões institucionais e pelas tradições espirituais dos vários povos. Elas codificam a experiência espiritual, criam-lhe uma linguagem específica e zelam para que jamais se apague na memória pessoal e coletiva da humanidade” p.150
“O Sol possui a função de eu arquétipo central. Vem associado à ordem e à harmonia de todas as energias psíquicas. Como o sol atrai em órbita todos os planetas de seu sistema, assim o arquétipo-Sol sateliza ao seu redor todas as significações. Ele é o Centro vivo e irradiante de nossa interioridade. E no centro do Centro está a imagem de Deus, o próprio Deus. O Sol representa por excelência o Numinoso em nós, que as religiões afro-brasileiras chamam de axé” p.152
“O ser humano pode fechar-se aos chamados desse Sol e desse Centro. Pode querer negá-lo. Mas jamais poderá aniquilá-lo. Ele sempre estará aí como uma realidade imanente à alma. Ele constitui o fundamento da dimensão espiritual do ser humano. É a base antropológica da espiritualidade” p.155
“Os mestres espirituais e outros analistas das profundezas da alma humana chamam a esta interioridade e a este Sol central também de Imago Dei (imagem de Deus) ou a própria Presença Divina em nós. Os místicos ousam mais e dizem: Temos Deus dentro de nós” p.156
“Ele é a nossa própria profundidade. Somos Deus por participação. Se assim é, então devemos reconhecer que nós não adquirimos a vida espiritual. Ao contrário, nós nos descobrimos radicalmente dentro dela. Podemos abrir-nos mais e mais a ela. Como ensina Santa Teresa d’Ávila, podemos predispor nossas moradas interiores a receberem mais luz. Mas em Deus sempre vivemos. Em Deus nos movemos. Em Deus somos. A Ele nunca vamos. Dele nunca saímos. Nele sempre nos encontramos” p.157
“Nós não somos Deus. Nós estamos em Deus” p.161
“A Suprema Realidade pode ser comparada a um ilimitado mar-oceano de ser, de vida e de amor. Nós somos apenas ondas deste mar-oceano. A onda é e não é o mar. É o mar porque sem o mar não há onda. Não é o mar porque é dele uma manifestação, entre outras. O mar é sempre maior do que suas ondas e suas manifestações” p.163
“Necessitamos, portanto, oceanizar nossa existência. Vivenciar a Fonte donde tudo jorra e onde tudo deságua. Caminhar à luz do Sol primordial. Regressar ao seu Seio luminoso” p. 163
7 – O arquétipo da síntese entre a águia e a galinha
“Pai nosso que estás no céu” (transcendência) e “o pão nosso de cada dia dai-nos hoje! (imanência)” p.173
“Importa não confundir autenticidade com sinceridade. A sinceridade se situa no nível do eu consciente: a pessoa sincera diz o que pensa e age conforme sua ideia. Mas não necessariamente é autêntica” p.174
“As águias não desprezam a terra, pois nela encontram seu alimento. Mas não são feitas para andar na terra, senão para voar nos céus, medindo-se com os picos das montanhas e com os ventos mais fortes” p.176