A Águia e a Galinha

A Águia e a Galinha Leonardo Boff




Resenhas - A Águia e a Galinha


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thiagosimoes 04/10/2015

Boa metáfora, maus exemplos...
Apesar da metáfora interessante que segue a obra e seu caráter universalista é fato de como ele trata o tradicionalismo como algo ruim e atrasado e os modelos comunistas como um ideal. Pra citar Paulo Freire como exemplo e colocar o assassino Che Guevera no mesmo patamar de idealista como Luther King, Madre Teresa e Ghandi é de se confirmar como um utópico e nostálgico apaixonado pelos ideais da esquerda latino-americana dos anos de 1970. Como obra de compreensão do homem, vale a pena ler como entendimento da natureza humana. Respeito o prof. Boff como teólogo e sua obra, mas infelizmente toda a vez que ele abre a boca pra falar de política era melhor que tivesse ficado em silêncio mesmo, aí sim seria um profeta!

Como uma vez lembro quando questionado através de uma carta no site da Associação Montfort, o prof. Orlando Fedeli foi questionado por um leitor "se ele era teólogo...", e após tantos anos e hoje como um acadêmico de Teologia, não esqueço a sua resposta:

"Não, não sou teólogo! Aliás é perigoso demais nesse país afirmar que é."

Sábias palavras...
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Alechandra 06/09/2015

A águia e a galinha
O livro apresenta de uma forma interessante que cada pessoa pode ser ou uma grande águia, ou uma simples galinha. Faz referência a dualidade humana, valoriza os estímulos das pessoas.
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Marcão 14/05/2020

Um bom livro , mais é meio complexo com uma linguagem um pouco densa . A leitura se tornou maçante do meio pra frente . Mais terminei só de raiva rs
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Shirlei 10/08/2020

maravilhoso, leitura brilhante! amei O livro, as idéias, as explanações. Um aprendizado à vida. recomendo que leiam
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Fernanda 27/08/2020

"Caminhante, não há caminho. Faz-se caminho ao caminhar"
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Braguinha 02/07/2015

Desinteressante
Teorias pouco interessantes deste filósofo que rompeu com a Igreja Católica. Atraente apenas para profissionais do tema.
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Alcinéia_az 01/05/2015

A ÁGUIA E A GALINHA

 Os ingleses reproduziam tais difamações em livros. Difundiam-nas nas escolas. Pregavam-nas do alto dos púlpitos das igrejas. E propalavam-nas em todos os atos oficiais. O marte lamento era tanto que muitos colonizados acabaram hospedando dentro de si os colonizadores com seus preconceitos.

 Processo semelhante ocorreu no século XVI com os indígenas da América e com os colonizados da Ásia. E ocorre ainda hoje com os países que não foram inseridos no novo sistema mundial de produção, de consumo e de mercado global, como a maioria das nações da América Latina, da África e da Ásia. Elas são consideradas "sem interesse para o capital", tidas, em termos globais, como "zeros econômicos" e suas populações vistas como "massas humanas descartáveis", "sobrantes" do processo de modernização. São entregues à própria fome, à miséria e à margem da história feita pelos que presumem serem os senhores do mundo.

 Infelizmente, a mesma discriminação acontece com os pobres e miseráveis, com as mulheres, os deficientes físicos e mentais, os homossexuais, os portadores do vírus HIV, os hansenianos e todos aqueles que não se enquadram nos modelos preestabelecidos. Todos são vítimas do preconceito e da exclusão por parte daqueles que se pretendem os únicos portadores da humanidade, de cultura, de saúde, de saber e de verdade religiosa.

 Pensava em tudo isso como justificativa do atentado que, piedosamente, queria cometer. Mas nisso lembrou-se da tradição espiritual de Buda* e de São Francisco*. Eles viviam e pregavam uma ilimitada compaixão por todos os seres que sofrem. Recordou-se também da ética ecológica que reza: "bom é tudo o que conserva e promove a vida, mau é tudo o que diminui e elimina a vida". Até uma frase bíblica veio-lhe à mente: "escolha a vida e viverá".

 Ao perceber o casal de águias no céu, a águia-galinha espalmava as asas, sacudia a cauda e ensaiava pequenos voos. O sol começava a despertar em seus olhos.

 Foi então que o nosso empalhador se deu conta. A águia-galinha começava a despertar para o seu ser-águia. Seu coração de águia voltava a pulsar aos poucos.

 Para onde olharmos, encontraremos a dimensão-galinha e a dimensão-águia. Elas vêm revestidas de muitos nomes: realidade e sonho, necessidade e desejo, história e utopia, fato e ideia, enraizamento e abertura, corpo e alma, poder e carisma, religião e fé, partícula e onda, caos e cosmos, sistema fechado e sistema aberto, entre outros.

 Nesse sentido, no nível humano, pecado seria rechaçar esta dinâmica, não querer crescer e resistir ao oferecimento de mais ordem e de mais vida.

 O ser humano é uno e complexo, constituído de corpo-e-alma. Ele não tem corpo e alma. É corpo e alma. Pertence ao lado trágico de nossa cultura ocidental ter separado corpo e alma. Essa separação ocasionou, por um lado, o surgimento de uma cultura materialista assentada exclusivamente sobre o corpo, entendido como um objeto sem profundidade (alma). O império dos sentidos, do desfrute, da utilização das coisas para benefício do ser humano: o domínio da galinha.

 Não basta sermos apenas morais, apegados a valores da tradição. Isso nos faria moralistas e tradicionalistas, fechados sobre o nosso sistema de valores. Cumpre também sermos éticos, quer dizer, abertos a valores que ultrapassam aqueles do sistema tradicional ou de alguma cultura determinada. Abertos a valores que concernem a todos os humanos, como a preservação da casa comum, o nosso esplendoroso planeta azul-branco. Valores do respeito à dignidade do corpo, da defesa da vida sob todas as suas formas, do amor à verdade, da compaixão para com os sofredores e os indefesos. Valores do combate à corrupção, à violência e à guerra. Valores que nos tomam sensíveis ao novo que emerge, com responsabilidade, seriedade e sentido de contemporaneidade.

 Há pessoas que insistem em morar em suas casas antigas, sem delas cuidar e sem adaptá-las às novas necessidades. Elas deixam de ser o que deveriam ser: aconchegantes, protetoras e funcionais. É a moral desgarrada da ética. A ética convida a reformar a casa para torná-la novamente calorosa e útil como habitação humana. Como o filósofo grego Heráclito dizia: "a ética é o anjo protetor do ser humano".

 O que efetivamente conta não são as coisas que nos acontecem. Mas, sobretudo, a nossa reação frente a elas. Nessa reação irrompe a força irradiadora dos arquétipos. O decisivo são os sentimentos, os valores e as visões que tivermos elaborado em confronto com as venturas e desventuras da vida e o crescimento que elas nos proporcionaram. O arquétipo do herói/heroína nos ajuda a ser heróis e heroínas de nossa própria vida e jornada.

 O sábio vê para além das aparências. Não se deixa iludir por elas. Por isso não tem ilusões. Tem intuições certeiras. Vê dentro das coisas. Capta a verdade profunda que se entrega somente aos atentos. A verdade não é feita de frases corretas, mas de visões que sintonizam o coração com o desejo e o desejo com a realidade. Só quem se abre à realidade e nutre profunda simpatia para com ela tem acesso à verdade. Por isso, só conhecemos verdadeiramente quando amamos. Quando nos fazemos um com a realidade.

 Dar primazia à vida, olvidando sua mortalidade, é cair pesadamente nos braços da morte. Acolher, com serenidade, a morte porque pertence à vida, implica dar primazia à vida e viver uma inexprimível liberdade. É viver mais e melhor. É ressuscitar

 O amor incondicional é aquele amor que, como a palavra expressa, não coloca nenhuma condição para ser vivido. Nem condição de parentesco, de raça, de religião, de ideologia e de trabalho. Ama por amar. Entrega-se à energia universal que cria relações, gera laços, funda comunhão. Vai ao outro e repousa no outro assim como ele é. Sem intenção de retorno e de cobrança.

 A águia-galinha foi provocada, certa feita, por um par de águias brasileiras que sobrevoou o terreiro onde ciscavam os pintainhos. Ao vê-las voando, algo se acendeu dentro dela. Deu-se conta de que podia, e também devia, voar. Sentiu-se chamada a voar em céu aberto, a romper a estreiteza do galinheiro. Sim, uma sutil corda interior foi tocada. Uma vez tocada, dela sairá uma nota musical que nunca mais deixará de ressoar, até se transformar numa belíssima melodia.

 A cultura dominante separou corpo, mente e espírito. Dilacerou o ser humano em mil fragmentos. Sobre cada fragmento construiu um saber especializado.

 Onde há cuidado, aí desabrocha a vida humana, autenticamente humana. Onde está ausente, aparece a rudeza, o descaso e toda sorte de ameaças à vida. Importa cultivar o cuidado como precondição essencial para a vida sob qualquer uma de suas formas.

 O cuidar do Ser se transforma, então, num amar o Ser. Entrar em comunhão com Ele. Tornar-se um com Ele. Cuidar do Ser significa continuamente fazer o esforço de passar do Deus que temos nas espiritualidades, nas religiões e nos discursos institucionais do sentido, para o Deus que somos na nossa radical profundidade. Lá onde tudo se encontra, se religa e por isso se faz uno, diverso, convergente e irradiante de vida.

 A transparência é uma das características que melhor definem a pessoa integrada e bem realizada. A transparência é o efeito e a irradiação do diálogo constante e fecundo entre o eu consciente e o eu profundo. O eu consciente capta os apelos e solicitações que jorram deste eu profundo. Escuta sua natureza essencial e realiza uma síntese entre o que é na realidade profunda e aquilo que sente, pensa, quer e sonha na realidade empírica. Disso nasce a autenticidade.

 Importa não confundir autenticidade com sinceridade. A sinceridade se situa no nível do eu consciente: a pessoa sincera diz o que pensa e age conforme sua ideia. Mas não necessariamente é autêntica. Pode não ouvir seu eu profundo e suas moções. Não é inteira porque não engloba todo o seu ser consciente e inconsciente. A sintonia fina entre os dois eus afaria autêntica e transparente. Sempre que esse processo ditoso ocorre, a pessoa revela densidade e inteireza. Não possui dobras. É solar e diáfana. É transparente e autêntica. A pessoa autêntica mostra leveza em seu ser e em tudo o que faz. Seu humor é sem amargura, seu desejo é sem obsessão, sua palavra é sem segundas intenções. A transparência constitui uma das características essenciais da divindade. A pessoa transparente se move na esfera do divino.

 Como mostramos, no início deste livro, o grande desafio atual é criar condições para que emerja o arquétipo* da águia. Poderes mundiais têm interesse em manter o ser humano na situação de galinha. Querem apagar de sua consciência a vocação de águia. Por isso a grande maioria da humanidade é homogeneizada nos gostos, nas ideias, no consumo, nos valores, conforme um só tipo de cultura (ocidental), de música (rock), de comida (fast food), de língua (inglês), de modo de produção (mercado capitalista), de desenvolvimento (material).

 Hoje, no processo de mundialização homogeneizadora, importa darmos asas à águia que se esconde em cada um de nós. Só então encontraremos o equilíbrio. A águia compreenderá a galinha e a galinha se associará ao voo da águia.


A unidade complexa fé-religião

A mesma dialética ocorre entre religião e fé. A religião é concreta. Possui credo, moral, teologia, santos e santas, hierarquia, templos, festas, ritos e
celebrações. Não é permitido, por exemplo, celebrar publicamente uma missa católica de qualquer maneira, sem seguir o rito oficial. É a dimensão-galinha.
Mas existe a fé que significa o encontro vivo com Deus. Aqui não valem normas. Emudecem as palavras. Cessam as imagens. E empalidecem as celebrações, em face da grandeza transbordante de Deus. Diante da suprema Alteridade e do eterno Amor, o ser humano muda o estado de consciência. Entra num estado místico. Tudo fica numinoso* e carregado de energia divina. Deixa o universo para trás e se entrega reverente e silenciosamente ao Mistério. Ou estabelece um diálogo direto com o Supremo, onde palavras e conceitos eventualmente usados ganham uma significação transfigurada e metafórica*. Dessa experiência nasce toda a criatividade própria dos mestres do Espírito. É a dimensão águia.
Por trás de toda religião institucionalizada se esconde a experiência espiritual de alguém que vivenciou a Realidade última. Assim o foi com Buda*, Moisés*, Jesus, Maomé*, Rumi*, S. Francisco de Assis* , o Mestre Eckhart* , S. João da Cruz* , Santa Teresa* , Gandhi* , Thomas Merton*, Simone Weil*, Dom Helder Câmara, Madre Teresa de Calcutá* , Dom Oscar Arnulfo Romero*, assassinado diante do altar em El Salvador, na América Central, e outros tantos.
Função da religião é criar as condições para que cada pessoa possa realizar seu mergulho no Ser e encontrar-se com Deus, Útero de infinito aconchego e paz. A religião representa a dimensão-galinha, a fé, a dimensão-águia. Ambas convivem e juntas devem colocar-se a serviço do ser humano e de Deus.






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Janssen 15/12/2020

Uma declamação sobre uma percepção do autor, interessante, mas não me pegou tanto
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