Lari 11/07/2022Um minuto inteiro de plenitude!Um minuto inteiro de plenitude! Será pouco para toda uma vida humana?
Essa é a primeira obra de Dostoiévski que li. Encantei-me com a escrita, com os diálogos e com as personagens. A história se passa em quatro noites e uma manhã de São Petersburgo, de maneira que somos transportados para esse lugar pelas descrições. Pude me ver sentada ali no banco, encarando a paisagem melancólica e envolvida pela atmosfera lírica das noites brancas.
Na segunda noite, o protagonista tem um grande monólogo que - para mim - é a parte mais cativante do livro. Tive que reler e interpretar em voz alta para conseguir compreender todas as emoções. Sim, sou esquisita, mas façam isso, foi incrível! Hahah
Foi impossível não me identificar com o jovem sonhador que narra a história. Como leitora, às vezes sinto-me em um limbo entre a razão e os sonhos. Sou muito racional em minhas escolhas, não costumo ser guiada pelas emoções. Contudo, às vezes, pareço viver em uma terra distante, na qual a literatura, os sonhos, as expectativas, acabam tomando o espaço da vida real, ainda que sejam um instrumento de interpretação da realidade.
Diante disso, o livro é um lembrete de que não podemos deixar a vida passar, de que precisamos viver e de que, talvez, alguns momentos reais valham mais do que todo o tempo sonhando... ainda que o mundo concreto exija coragem e crave feridas.
Esse é só um dos pontos do livro. Eu poderia mencionar a efemeridade da paixão, a ausência de explicações para esse sentimento, o amor platônico. Porém, levando em consideração o quanto sou iniciante na literatura clássica (e, nesse caso, russa), suponho que ainda há muito mais do que fui capaz de enxergar e ressaltei apenas a principal mensagem que eu tirei da história... Acredito que foi uma boa forma de iniciar Dostoiévski.