Angélica 20/03/2012O Clube dos Suicidas Quarenta libras e vontade de morrer. Esse é o preço de entrada para “O Clube dos Suicidas”, a macabra sociedade que dá nome a esta novela de Robert Louis Stevenson. Infelizmente, este pequeno livro acaba não correspondendo às expectativas que seu intrigante tema desperta.
O livro é protagonizado pelo príncipe Florizel e seu “fiel escudeiro”, o coronel Geraldine. Em uma noite em que os dois saíram disfarçados e foram até a cidade em busca de aventuras, a dupla acaba conhecendo um curioso jovem, que estava oferecendo tortinhas de creme a todos que cruzavam seu caminho. Ao questioná-lo sobre o motivo desta atitude, os protagonistas, após uma série de eventos, acabam chegando até o clube dos suicidas, onde homens que perderam o encanto pela vida, mas não tem coragem de se matar, reúnem-se semanalmente para um macabro jogo de cartas, que decide qual deles será o próximo a morrer.
O livro, que originalmente havia sido publicado em um jornal, é dividido em três partes, que na verdade são três contos independentes, protagonizados pela mesma dupla de heróis e tendo como linha condutora da trama a existência do clube dos suicidas. A primeira parte consegue facilmente captar a atenção e o interesse do leitor, em boa parte graças a seu tema inusitado. Já as outras duas não são capazes de impressionar. Os conflitos da trama se resolvem de maneira muito simples, e tudo parece acontecer rápido demais, sem que haja espaço para um desenvolvimento mais completo da trama. Outro ponto incômodo é que estas últimas partes parecem se focar somente em alguns eventos, deixando outras partes interessantes da história sem desenvolvimento, sendo que só sabemos da existência destas por meio de rápidas explicações. Por mais que esta seja uma história curta, publicada em um jornal para entreter seus leitores de forma rápida e superficial, continuo achando que ela poderia ter sido mais bem desenvolvida.
Os personagens compõem outro fator que contribuiu para o meu desinteresse pela história. Assim como grande parte dos personagens dos romances de aventuras do século XIX, eles acabam sendo maniqueístas demais: Os heróis são verdadeiras fontes inesgotáveis de qualidades (corajosos, bonitos, honrados, etc), enquanto os vilões são a encarnação do mal em forma de ser humano. Esse contraste excessivo entre bem e mal faz tudo parecer muito forçado e sem graça.
“O Clube dos Suicidas” é uma obra curta e de leitura rápida, e pode ser uma leitura interessante para quem quiser conhecer as obras menos populares do autor de “O Médico e o Monstro”. Porém, ao contrário do romance mais famoso de Stevenson, esta novela não envelheceu bem, e acaba soando um tanto antiquada e tediosa para os leitores atuais.