Ficções

Ficções Jorge Luis Borges




Resenhas - Ficções


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marcosm 28/02/2016

Para ler e reler
Um livro sem dúvida muito interessante e que merece uma releitura. Achei a primeira parte muito abstrata, de difícil interpretação, bem 'viagem'. Mesmo assim, os temas são densos e bem trabalhados, sem, é claro, muitas explicações. A segunda, Artifícios, gostei bem mais, é mais acessível, mas não menos densa. Alguns temas são recorrentes; morte, realidades alternativas, o tempo. A compreensão desses textos requer várias leituras, e dada a habilidade do Borges com as palavras e os temas que aborda, cada uma delas será bem prazerosa.
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Christian Rosa 08/05/2014

Às vezes me pego retornando a esse livro, seja relendo contos inteiros ou rememorando curtas e memoráveis passagens. Sem dúvida singular contribuidor à Literatura Fantástica, Borges é conhecido por tecer contos repletos de labirintos, tigres, espelhos e jogos geométricos. Nas palavras de Ítalo Calvino, era o escritor do cristal. Seus temas incluem a memória, o esquecimento, a limitada percepção humana, a literatura, o caráter caótico que permeia a realidade. Algumas vezes se apresenta com muito bom humor, como no irônico "Pierre Menard, Autor do Quixote"; em "Funes, o Memorioso", tomamos conhecimento de um homem cuja percepção e memória eram sobre-humanas; em "As Ruínas Circulares", um jogo caleidoscópico de irrealidade, de sonhos que sonham sonhos se apresenta a nós, que não deixa de parecer refletir a intertextualidade da Literatura. Também se destaca a diluição entre o ensaio e ficção, a especulação filosófica fantástica. Subverte as noções do real, adicionando notas e inventando livros. Sua prosa, escrita em elegante estilo, ainda que apresente prodígios, é lógica, racional, e nem por isso menos espantosa. O rigor com a palavra, as expressões cunhadas, tudo é tão bem construído que sempre nos convida à releitura. Não é um autor fácil de início: Borges exige a participação do leitor na construção dos sentidos. Erudito, tem gosto pelas citações e demonstra um domínio literário admirável. A reflexão e releitura são essenciais para melhor aproveitar o livro.
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Everton Vidal 03/01/2014

Comecei sem muitas expectativas, Borges tinha me parecido pesado quando tentei lê-lo tempos atrás. Mas agora nas primeiras linhas de "Tlön, Uqbar, Orbis Tertius" já fiquei cativo. Terminei o livro com a sensaçao de ter presenciado o bigband, é talvez, o melhor livro latinoamericano já escrito. Sao contos geniais, engenhosos, magistrais, alguns como "La biblioteca de Babel", "funes el memorioso", "la forma de la espada", "tema del traidor y del heroe", "el milagro secreto"... contêm muitos e muitos livros em si, num universo novo (o borgiano) que se abre e se fecha e se abre numa corrente de imaginaçao e engenho.

Eu gostaria de ter a habilidade (e o tempo) pra escrever uma resenha digna da genialidade, profundidade intelectual e inquietude metafísica de Borges.
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Arsenio Meira 24/12/2013

Natal Borgiano

Vou me ater aos contos que mais gostei. Melhor, os que mais me marcaram, pois na verdade, gostei de todos. E merecem deferência especial os contos "Pierre Menard, autor de Quixote", "Funes, o memorioso", "A seita de Fênix", "O fim" e "A Loteria da Babilônia".

Além do gosto pelas narrativas curtas e pela poesia, Borges tinha em comum com Edgar Allan Poe a versatilidade de seus contos, do fantástico ao cômico, do drama ao policial. O homem era um bólido. Gênio. Já escreveram isso 895 milhões de vezes. Problema dos números. Escrevo, e ponto. O quarto conto da seção Artifícios é um sofisticadíssimo conto policial ("A morte e a bússola"). Sofisticado leia-se, sem pedantismo, porque Borges nos faz imaginar que terá uma solução mais ou menos previsível (as iniciais dos assassinados formariam o nome oculto de Deus), mas na verdade nos conduz a uma revelação mais sutil e engenhosa, em que os crimes são praticados não por inspiração de uma seita hasídica, mas tão somente pelo desejo do assassino de valer-se do acaso para criar uma armadilha de vingança.

O protagonista é o agente Erik Löonrot, mais dado a pistas e interpretações intelectuais dos crimes do que à busca de evidências banais.

O desenho dos crimes (no caso, o losango) não deixa de ser uma solução interessante para a época em que Borges escreveu, em que assassinatos em série não haviam sido banalizados pelo cinema e pela televisão. O que agrada no conto, no entanto, é a ideia de construção dos crimes seriais a partir do acaso (a frase que a primeira vítima havia deixado sobre a máquina de escrever) e do desejo de envolver a vítima principal num labirinto que irá encantá-lo e conduzi-lo à própria morte. Nenhum assassinato terá tido execução mais literária, nenhuma dupla assassino-vítima terá sido mais borgiana, e é isso, esse elemento puramente lúdico, literário e labiríntico que encanta nesse belo conto policial.

O tema principal do conto O milagre secreto, é a questão do tempo, sua forma e limites. Em que medida o tempo é linear ou cíclico, limitado ou infinito? Um instante é indivisível ou pode compreender uma hora, um dia, a eternidade?

Jaromir Hladík, um escritor de origem judaica, é preso em Praga pela Gestapo cinco dias após a invasão da cidade pelas forças alemãs, em março de 1939. Sua sentença à morte logo lhe é revelada, e ele terá de esperar dez dias para sua execução. Nesses dias finais, imaginará execuções para si (com a expectativa alimentada por um detalhe ocasional, capaz de salvar-lhe o pescoço), buscará consolo na ideia da eternidade de uma noite, de um momento e acabará encontrando o verdadeiro refúgio na ideia de concluir sua única obra que lhe parece digna de permanecer. Hladík dedica-se à tarefa, mas consciente do escasso tempo para concluí-la, implora a Deus um ano mais. Por meio de um sonho, Deus avisa que seu pedido será atendido.

O milagre secreto é mais um conto de Borges construído a partir de uma ideia fantástica e filosófica ou, melhor dizendo, fantástica porque nas fronteiras inapreensíveis do pensamento filosófico. A agonia de Hladík é mais um pretexto para Borges liberar suas deliciosas fantasias sobre o tempo.

No magistral "Ruínas Circulares", Borges conta as conquistas e desilusões do personagem sonhador, que alterna fases de sono permanente e crises de insônia, abstinências de sonhos e sonhos induzidos, sempre desta que é a matéria mais imponderável. Não há referência a livros ou autores imaginários. Tão-somente uma bela idéia desenvolvida em forma de história: a possibilidade de que alguém crie, por meio do sonho, um personagem que se torne real. O protagonista, um aldeão que navega rio abaixo e vive a dormir sob o abrigo das ruínas de um templo, sofre a obsessão: Eis aqui o sonho último do artista, em particular da literatura.

O aldeão faz por fim um pacto com o deus fogo do templo em que se abriga, e consegue criar e fazer viver sua criatura, seu filho. Este deve abandoná-lo, deixando-lhe apenas o receio de que o filho viesse a saber que não passava de produto da imaginação. O final do conto é tipicamente borgiano, circular, infinito, como o título já sugere. Li e reli essa pequena obra-prima. É um caminho sem volta.

Conto tipicamente borgiano, porque mistura livros e personagens reais e imaginários, e nos traz uma idéia central mirabolante e criativa, é Tlön, Uqbar, Orbis Tertius. Um grupo de pessoas cria um país e um planeta imaginário e insere verbete sobre o tema numa enciclopédia de prestígio (como a Britannica) ou mesma edita uma enciclopédia inteira sobre o planeta, com estudos sobre sua geografia, sua história, sua teologia, sua literatura. É um ótimo pretexto para Borges contar-nos as peripécias dos autores anônimos, enfiar fatos que misturam personagens como Bioy Casares e Alfonso Reyes, e falar de uma curiosa língua e metafísica. Uqbar é um país de localização incerta, de fronteiras imprecisas, na Ásia Central, Tlön é um planeta, o Orbis Tertius, onde as nações são arraigadamente idealistas e onde a metafísica é afinal um dos pilares da literatura fantástica.

Em Tlön, predomina a idéia do sujeito único, os livros não são assinados, porque se imagina que sejam produtos de um único autor, intemporal e anônimo. Como num jogo, em que o prazer maior é a verossimilhança, Borges mostra-nos com extrema delicadeza a maneira como surge a idéia do planeta imaginário, as referências aos livros e autores que o dissecam, as peculiaridades do lugar. As descrições do mundo imaginado são deliciosas, como nas cidades invisíveis de Calvino, embora Borges, ao contrário do escritor italiano, deleite-se mais com a criação dos criadores e do processo de criação em si do que com o objeto criado.

Há também um fino humor tanto sobre os americanos (o magnata que escarnece a modéstia de um projeto de criação de um país imaginário e propõe a concepção de um planeta inteiro) como sobre os ingleses e saborosa é a crítica direta às ideologias do século XX, que soa como música num conto tão sutil e inteligente.

Entenda-se ou não como conto, aliás, o leitor "é o sujeito mais livre do mundo", como decretou o nosso genial Nelson Rodrigues, chame-se de narrativa curta ou qualquer outro nome, o fato é que A Biblioteca de Babel, de Borges, é um exercício supremo de imaginação. A Biblioteca é o universo, e se não é infinita, a questão é irrelevante, já que seus limites são inacessíveis ao homem. Não há existência fora dela, ela abarca tudo. Lá estão os homens e todas as possibilidade de combinações de 25 símbolos (22 letras, espaço, ponto, vírgula) em livros de quatrocentos e dez páginas, com todos os idiomas e formas criptográficas possíveis, distribuídos em salas hexagonais que se comunicam por meio de pequenos vãos com outras salas hexagonais ao lado e acima, como uma colmeia perfeitamente geométrica e sem fim.

A grandiosidade do universo é melhor percebida na morte: a sepultuta dos homens ocorre no ar insondável, ao vento da queda do corpo no fosso que atravessa as colunas de hexágonos e nunca termina. Borges aproveita sua Biblioteca para lançar outras imagens geniais, como a idéia do livro cíclico de Deus, cuja lombada envolve uma sala circular, ou do livro de folhas de espessura infinitesimal que poderia conter todos os livros; a idéia do falso predomínio do caos e da falta de sentido sobre a plausibilidade (já que mesmo a esmagadora maioria dos livros com combinações aparentemente aleatórias podem fazer sentido em linguagens que não dominamos; a busca pelos homens do livro sobre seu futuro entre tantos livros sem sentido e tantas biografias futuras falsas de si mesmo; a busca do livro que revela a origem do Universo/Biblioteca...

A Biblioteca de Babel é, ao mesmo tempo, a metáfora da vida de Borges, em que o mundo são os livros, e o melhor espelho de sua imaginação vertiginosa.

Daniel 10/01/2014minha estante
Este livro ficou muito tempo na minha lista "vou ler". Mas um leitor de gosto semelhante ao meu me disse que tinha achado "muito chato". Vou colocá-lo de novo na lista.


Arsenio Meira 10/01/2014minha estante
Daniel, realmente aqui, ou a gente vai gostar muito, ou vai pular fora... Eu também fiquei um tempão para ler esse livro. Uma prima minha legítima, que é fanática por Borges e Cortázar me deu de Natal o livro. Eu já tinha um outro exemplar. Estava novinho... Entao, peguei o que ganhei e resolvi ler e espontaneamente, Borges me mostrou o porque dele ser considerado gênio. Preparo-me para o Cortázar. Sem hora marcada, mas vou ler. Abraços


Flávio 24/01/2014minha estante
Daniel, Borges é fascinante. Merece ser lido.
Arsenio, excelente resenha. No ponto. Não é fácil, mas nada deveria ser tão fácil.


Thiago Ernesto 15/10/2015minha estante
Sempre um prazer ler suas resenhas Arsenio! Lembro-me que quando mencionei minha intenção de, em breve, ler Ficções você me mandou ir com calma rs Pois é, não aguentei. Assim que li Pierre Menard não me contive e tive que procurar mais Borges! Abraço!


Marcos.Azeredo 19/07/2018minha estante
Estou querendo ler este livro de Borges, já que gosto muito de literatura latina-americana, Li Garcia Márquez e Cortázar, dois grandes escritores.


Márcio_MX 09/01/2019minha estante
Gostaria muito de ter tido a oportunidade de discutir Borges com você, amigo.
Mas sua resenha já foi um alento.


Marcos.Azeredo 22/07/2020minha estante
Esperava mais deste livro do Borges.




Eduardo 11/12/2013

Uma obra prima do Mestre Argentino
Ficções, é uma coletânea de contos do autor argentino Jorge Luis Borges. Borges, dividiu este livro em duas partes intituladas "O Jardim das Veredas que se bifurcam" e "Artifícios". Com mais uma prova de sua brilhante maestria, o escritor nos presenteia com mais uma compilação de excelentes contos.
A erudição mostra o alto grau intelectual de Borges, revelando toda sua capacidade criativa. Os contos - em alguns momentos - revelam algumas interligações sutis, que demonstram a quase perfeição da escrita do autor.
O caráter fantástico e metafísico de alguns contos do livro tornam tudo mais interessante. Discussões sobre Deus, o tempo e o espaço prendem a atenção do leitor. Em alguns momentos Borges cria reflexões e discussões que beiram a digressões, mas tudo aparenta ter um sentido bem construído, o que dá uma beleza especial aos contos.

Um escritor que merece ser lido. Sua obra redefiniu toda a literatura latina, bem como a mundial e não por acaso. O talento único de Borges pode ser lido em cada linha vertida nas cento sessenta e oito páginas deste trabalho. Incríveis cento e sessenta e oito páginas!
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Henrique 10/04/2013

Literatura filosófica: quando o pensamento se torna um fenômeno estético.
A influência filosófica nos escritos de Borges é latente. O próprio autor assume o papel importante que os pensamentos filosóficos desempenham em seus escritos. Em Ficções, a fusão literatura-filosofia chega ao seu ápice com a letra borgeana. Os temas principais do escritor argentino estão presentes na sua mais alta formatação nesta obra: a metafisica, o universo, a inexorabilidade da vida, a negação da liberdade, o outro. É o tratamento estético desse tipo de indagação filosófica que confere a originalidade de Borges, o argentino faz menos revestir o pensamento filosófico com uma camada estética, do que fazer do pensamento a matéria prima da expressão da beleza, ou seja, em Borges, a intelectualidade não é trajada com a beleza, mas sim se converte no próprio belo. Borges traz ideias filosóficas como argumento para cada um dos dezesseis contos, a filosofia se torna bela, o belo chega ao seu mais alto grau - como imagina Platão - quando se torna intelectual. Platonicamente, Borges é a culminância do Belo. O leitor se deparará, em Ficções, com uma leitura com cadência lenta, é uma leitura serena, contemplativa, labiríntica por vezes, mas que faz você ler e reler; muitas vezes o leitor sentirá a necessidade de ler os contos novamente, não por incompreensão, mas sim para vislumbrar mais um dos vários sentidos que cada uma das peças carrega, para fazer um novo trajeto no labirinto de Borges. Ficções é um livro circular, isto é, para ler e reler infindáveis vezes, desde o primeiro conto isto fica explícito. Borges faz ficção da ficção, leva a ficção, portanto, até um nível mais profundo, guiando o leitor por todo o labirinto que não é apenas superfície, mas sim se divide em camadas diversas, este é o mote que constitui seus contos. Borges escreve ideias profundas em poucas linhas, a concisão de seu estilo espraia complexidades de modo simples sem deixar que percam seu vigor, sua escrita serve ao propósito estético de fazer o intelectual expressar o Belo. O leitor versado no pensamento idealista, na tese do tempo circular encontrada, por exemplo, em Nietzsche, terá uma compreensão assaz fecunda da obra. Em suma, Ficções é uma leitura ficcional como o próprio título deixa ver, mas é uma ficção intelectual, sem precedentes. É um livro inesgotável, predicado da eternidade, um livro eterno, destarte. O que Borges sempre buscou e tomou como ofício do escritor é concretizado em Ficções: a expressão da eternidade.
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Jessica1248 22/02/2013

Literatura fantástica! É como se escrever um livro fosse pouco para ele, é preciso escrever um livro dentro de um livro, é preciso fazer ficção da ficção. É como se exergasse diversas outras realidades possíveis (e é divertido ler essas possibilidades) e como se enxergasse também a nossa realidade sobre outras óticas.
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Noyz 25/07/2012

Nunca li nada tão original e surpreendente! É interessante como Borges narra o absurdo de forma que podemos perceber uma conexão estreita entre um conto e outro - mesmo os de cunho policial.
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Breno 17/01/2012

Excelente!
Ficções é um livro original em todos os aspectos.
A forma e o conteúdo de seus contos são inovadoras, extremamente criativas e bem construídas. Um dos melhores livros que conheço
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Coruja 21/11/2011

Sou fã do Borges desde que folheei pela primeira vez, de queixo caído, O Livro dos Seres Imaginários uns seis, sete anos atrás. De lá pra cá, já se foram muitos contos do mestre argentino (que sempre me faz lembrar de outro mestre, esse italiano...) e minha admiração por ele só fez crescer.

Apesar desse meu interesse, ainda não tinha deitado mãos naquela que é considerada a sua obra-prima - a coletânea de contos Ficções. Obviamente então que aproveitei o Desafio Literário para resolver essa questão.

Não demorei muito para entender porque os críticos gostam tanto desse livro. Borges está aqui em sua melhor forma, sinuoso, melífluo, criando inteiras e intrincadas narrativas em torno de um único jogo de palavras.

Às vezes Borges me dá a impressão de um labirinto (uma de suas imagens favoritas, aliás) kafkaniano. Sim, há muito de Kafka no absurdo que Borges tece enquanto regurgita uma cultura impressionante - nomes, referências cruzadas, termos obscuros. O único outro autor que já vi usar com a mesma maestria essa cultura universal literária que alguns reputam inútil, foi o Pratchett.

Não é uma coincidência que ambos estejam entre meus autores favoritos. Os dois usam de ironia fina (Borges é mais sutil), recheada de referências clássicas que adicionam muito do prazer de sua leitura (ao leitor que é capaz de reconhecê-las e fazer a intertextualidade, claro), para fazerem críticas bem sérias a situações totalmente cotidianas (nesse caso, mais o Pratchett, Borges é um tanto 'teórico' nesse ponto).

E, claro, lê-los é como resolver uma revista de palavras cruzadas na qual você se ri sozinho de uma piada que ninguém mais parece entender além de você mesmo e o autor.

Ficções tem tudo: drama histórico meio espírita (ainda estou mastigando o processo de escrita de Pierre Menard...), ficção científica com toques de teoria da conspiração (então, já que não tenho o que fazer, criarei uma enciclopédia de um mundo imaginário só para dar nó na cabeça do povo), romance policial ('espero que da próxima vez me mate usando como armadilha um jogo de palavras mais desafiador'), labirintos, bússolas, intriga internacional, espelhos e ilusões.

O truque do mago Borges aqui é brincar com as palavras, com o próprio ofício de escritor - as palavras são a chave do enigma, a armadilha, a morte e a vida: elas estão no centro de tudo, tal como a grande biblioteca onde se encontram todas as combinações possíveis de letras: a Babel dos bibliotecários que estão fadados ao fanatismo, à loucura e à morte.

'Leia para escrever', já ouvi muito dizer. Certamente há poucos que leram tanto - e escreveram tanto, por conseqüência - que o genial Jorge Luís Borges.

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Bruninha Silva 28/03/2011

O livro me surpreendeu muitíssimo! Era muito curiosa por Borges devido a ótimas recomendações, mas não pensava que fosse aquilo...
Comecei a ler o primeiro conto e não estava entendendo muito bem: tinha umas passagens geniais, mas enfim, não tinha visto brilho em quase nada. Porém, quando o conto acabou fiquei boquiaberta.
Depois que me acostumei à escrita do autor, só conseguia achar tudo muito genial, muito magnífico e diferente de quase tudo que já tive contato em minha vida. Os desfechos, as idéias,a inimaginável criatividade do autor me conquistaram, e ouso dizer que os contos me apresentaram a perspectivas ainda não imaginadas por mim.
Maravilhoso!
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larissa dowdney 05/02/2011

Contos sobejamente cansativos. Apesar de curtos, exige uma leitura lenta que - no meu caso - causou uma certa repulsa. Indo contra a maré da maioria das pessoas que adoraram os contos, eu não gostei de absolutamente nenhum e muito menos me admirei com a escrita detalhada do Borges.

Uma decepção!
Ronnie K. 08/12/2014minha estante
Aaaahhhhhh...!


Salomão N. 15/03/2017minha estante
Também não gostei, mas não merece uma estrela. É de uma criatividade singular, apenas não me agradou!


Bob 22/07/2017minha estante
Entendo perfeitamente os elogios, mas também não vem me agradando.
Assim que acabar de ler pretendo reler um ou dois contos novamente, com mais calma.




Aninha 15/01/2011

Pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair...
Li certa vez um poema (Instantes) atribuído a Borges e me encantei: que sensibilidade!
Hoje, discute-se a autoria dele, mas o nome ficou e, por isso, aceitei ler essa coletânea de contos, quando um amigo me ofereceu o empréstimo da obra.

A questão é: me decepcionei um pouco... O livro é cansativo, confuso e só terminei de teimosa!

OK, existem "insights" interessantes, mas não deixam a obra fluída, gostosa de ler.

De um modo geral, ele fala sobre o acaso ("A loteria na Babilônia"), países e planetas imaginários ("Tlön, Uqbar, orbis tertuis"), a grandiosidade dos livros ("A biblioteca de Babel"), memória ("Funes, o memorioso"), duelos mortais (" O fim" e o "O sul"), o segredo da vida ("A seita da fênix), traição (" A fome da espada").

São temas interessantes, instigantes, e não raro os contos são recheados de fantansia e mistério, mas falta aquela "pegada" para nos prender.

Prá quem quer conhecer um pouco mais desse grande escritor argentino, vale a pena arriscar a acompanhar o pensamento e raciocínio dele.

"Pensar, analisar, inventar não são atos anômalos, são a respiração normal da inteligência." (pág 44)

"...pensar é esquecer diferenças, é generalizar, abstrair..." (pág 108)

Boa leitura!
http://cantinhodaleitura-paulinha.blogspot.com/2011/01/ficcoes.html
larissa dowdney 29/01/2011minha estante
penso como você, paulinha!


Ivan 16/02/2012minha estante
Concordo plenamente.


Aninha 17/02/2012minha estante
Como o autor mesmo disse, "pensar é abstrair". Para ler essa obra então, haja abstração!

Ivan e Larissa,
bjos e...obrigada pela visita!
:)


Nalí 23/02/2012minha estante
Achei que o livro exigia mais a atenção e, por isso, li um ou dois contos por dia, no máximo. Não acho que seja cansativo no sentido de ser chato, mas de pedir um leitor mais maduro (como leitor, não maturidade de vida)...




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