Evy 16/05/2023"
A fé pode ser manipulada, só o conhecimento é perigoso"
Messias de Duna é a continuação do magnífico (e cinco estrelas, favoritado) Duna e como continuação ficou a seu cargo ser tão bom quanto ou ainda melhor que o primeiro, o que definitivamente não aconteceu na minha opinião, mas nem de longe é uma leitura que decepciona e sigo avaliando como cinco estrelas a narrativa do autor e a construção fantástica desse universo.
A história desse livro se passa 12 anos depois dos eventos abordados no livro anterior, e nele é revelado um lado mais profundo e humano do líder Paul “Muad’Dib” Atreides que aceita seu papel como Messias e vai tomar e vai tomar decisões necessárias e nada fáceis, seguindo seus poderes prescientes adquiridos quando ingeriu Água da Vida em um ritual Bene Gesserit no primeiro livro. Estado e Religião se misturam e colocam os Fremen em um sangrento jihad pelas galáxias em nome de Paul, impondo bilhões de mortes. Aos poucos descobrimos que tudo faz parte de um plano maior em busca de um equilíbrio universal.
A construção do personagem é maravilhosa e retrata não um herói, mas um ser humano falho, com dúvidas, medos, sofrimentos, distante e frio quando necessários, incluindo a escolha, não de um melhor cenário para o futuro, mas o menos danoso possível, que inclui perdas pessoais e o sacrifício de bilhões por um futuro que que só fará sentido a perder de vista. E somos obrigados a acreditar nessa decisão já que só Paul tem a visão e não há nenhuma contraposição a isso na narrativa.
Claro que há forças opositoras querendo que Paul fracasse. Sua própria esposa, Irulan, filha do ex imperador, trama juntamente com as Bene Gesserit uma traição, pois se sente extremamente usada para legitimar o poder do marido que claramente ama outra mulher, Chani. Além disso temos a inesperada chegada de um clone de Duncan Idaho, o leal soldado que deu a vida por Jessica e Paul, mas não é possível definir de que lado está, e até os Fremen não estão agindo de acordo com as intenções de Paul e tudo passa a ser cenário de contradições e desconfianças.
Alia, a irmã de Paul que no final do primeiro livro me deixou de queixo caído, aparece na trama, mas apesar de alguns momentos importantes e decisivos que demonstram uma personagem interessantíssima, deixou a desejar para as minhas altas expectativas, já que, em tese, seus poderes são ainda maiores que os do irmão! O fato é que essa obra curta serve como aprofundamento e ponte para as demais do autor, ou seja, nos deixa cheios de dúvidas, expectativas e com uma vontade imensa de seguir. Falo por mim, pelo menos!
Super recomendo a leitura!