emclara 29/10/2023
"Quem comeu a carne tem de roer os ossos..."
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Como Rachel de Queiroz, com seus 19 anos, conseguiu escrever uma história tão seca? Digo isso não pelo livro se tratar da devastadora seca de 1915, mas por equilibrar o sensível com o direto, emocionando sem exagerar.
"O Quinze" é, indubitavelmente, tocante. A autora sabia o que estava fazendo quando abordou o mais íntimo dos personagens em situações de extrema vulnerabilidade. Contudo, como foi dito, sua escrita para mim era muito seca e por isso não consegui mergulhar no sentimentalismo de determinados momentos. Talvez por uma falta de conexão com os temas tratados? É, talvez. Entretanto, isso não me fez desgostar da obra, ao contrário, deu-me a ideia de algo mais realista e não ficcional, dando uma maior seriedade.
Agora, o final. Sabe quando você dá seu próximo passo achando que logo a frente tem um degrau, mas não tem? Pois bem, foi assim que me senti ao tropeçar na última página com o questionamento "Ué, acabou?". Não gostei muito do final, acredito que podia ter sido mais desenvolvido e ter mostrado o fim da família de Chico Bento. Enfim, independente de tudo, recomendo.