Prim 30/11/2022
Pollyanna Moça
"É bom, mas poderia ter sido bem melhor se fossem dois livros distintos". Isso é o que me veio de imediato assim que terminei a leitura.
A história de Poliana é primorosa, e entendo o porquê de ter se tornado um clássico tão popular, mas se tem uma coisa que me deixou confusa é o quanto a narrativa se parte em duas quando se aproxima do fim. E isso é algo que também acontece no primeiro livro, mas de maneira menos desconcertante.
Nesse segundo volume, temos a Poliana ainda criança por um bom pedaço e essa parte é a que me deixou mais interessada e empolgada.
Gostei muito de como há mais uma quebra na realidade da personagem e do modo como a autora expressou isso. O choque e a angústia de saber que o jogo do contente pode ser ainda mais complicado de jogar quando diante não só de acontecimentos ruins, mas quando a vida é deliberadamente injusta para algumas pessoas.
As aventuras da Poliana por Boston, uma cidade grande e cheia de pessoas, são divertidas e trazem aquela vontade de viajar e sair por aí como a personagem, absorvendo tudo e vivendo.
Mas, a partir daí, quando a Poliana volta para casa, na cidadezinha do interior em que ela e Tia Polly vivem, temos uma mudança um pouco drástica. Há uma passagem de tempo grande, e conhecemos uma Poliana já crescida, com 20 anos. Ela ainda pratica o jogo do contente, mas nada nessa parte é como a anterior. A inocência infantil se despede e temos uma moça atenta e preocupada com os problemas do dia a dia, lidando também com os próprios sentimentos, as dúvidas e incertezas do amor.
Eu achei um pouco desconectadas demais as partes, não houve uma transição muito bem feita e ficou um pouco como duas histórias diferentes. Não é ruim de todo a segunda parte, mas a história perdeu bastante da mensagem de coragem e empatia tão forte no primeiro livro e na primeira metade desse segundo. Parece só mais uma história de amor sem muita graça.