Livy 09/09/2012
Predestinados - mitologia grega e comparações....
Predestinados é um livro que nos apresenta um pouco da mitologia grega nos dias atuais, nos remetendo ao famoso poema épico grego, a Ilíada, de Homero. Antes de mais nada aviso que, se você espera encontrar algo no estilo de Rick Riordan, este livro é bem mais adulto que a série juvenil de Percy Jackson. Apesar da autora ter utilizado a mesma mitologia, com pontos parecidos, como dar evidência aos semideuses, uma história não poderia ser mais diferente do que a outra. Não há como fazer comparações. Certo?!
O foco da trama criada por Josephine Angelini, é bem interessante. A autora se apoia na famosa Guerra de Tróia e a influência dos deuses sobre seus descendentes e sobre a Terra, para desenvolver sua história e seus personagens. Ver boas histórias usando mitologias antigas são um tanto difícieis de se achar, onde livros de fantasia sobrenatural e distópicos reinam soberanos. O fato da autora ter recriado e citado alguns elementos da Ilíada, em diversas passagens no livro, é bem bacana. Assim, ela conseguiu criar os destinos dos personagens, suas tradições e suas lutas. Os elementos da mitologia, que se entremeiam com sua narrativa, encaixaram perfeitamente, e a autora soube como dosar muito bem sua ficção, sem ficar chato ou confuso demais.
Somos apresentados à vida de Helen Hamilton, em uma narrativa totalmente em terceira pessoa. O modo como a autora escreve é leve e gostoso, apresentando todos os elementos da trama de forma a montar o quebra-cabeça aos poucos, e os mistérios vão se revelando e se explicando. A autora também consegue, criar ótimas cenas de luta, diálogos inteligentes, entre outros elementos de peso, como o uso de poderes dos jovens semideuses.
Apesar de até uma certa parte do livro, o foco ter sido a apresentação e conhecimento mutuo de certos personagens, além da tensão criada entre Lucas Delos e Helen Hamilton, que se odeiam, sem motivo... aparentemente, a história se desenvolve em um crescente. Com certeza, concluí a leitura empolgada, ansiosa por mais.
Helen é uma garota simples, que odeia chamar atenção para si e não tem conciência de sua própria beleza, do que ela realmente é e o que é capaz. Sempre que chama atenção em público, a garota sente cólicas horríveis, e isto a atormenta de tal forma, que se tornou um mecanismo que regula sua "visibilidade" social. Ou seja, quanto menos chamar atenção, melhor!
Confesso que Helen me irritou um pouquinho. Ela tem tudo para se tornar uma personagem grandiosa, principalmente na continuação da saga, Dreamless (Sem Sonhos), e espero que assim seja. Mas neste primeiro volume da série, Helen é um tanto teimosa, cabeça dura, e sua personalidade ondula muito. Há momentos em que ela se mostra forte, companheira, determinada e muito, muito inteligente. Em outros, se mostra fraca, egoísta, teimosa, medrosa e até mesmo superficial. Não sei, achei um tanto estranho a persogem ser tão abígua. Claro, entende-se pelo fato de que sua vida está cada vez mais confusa, e o fato de ela não saber ao certo quem realmente é.
Ela tem poderes que sequer poderia imaginar, e desde pequena sofre por ser diferente, por ser "esquisita", mostrando sua força ou suas habilidades nada convencionais. Ela nunca teve uma vida normal, além de ter sido abandonada pela mãe, sem ter sequer uma memória para acalentá-la. Tudo o que resta dela é uma corrente com pingente de coração, da qual a garota não consegue tirar do pescoço, e que guarda um grande mistério, além do coração partido do pai que a cria.
Quando a familia Delos chega a ilha de Nantucket, a vida já confusa de Helen, fica ainda pior. Ela mal suporta ouvir falar deles, e ainda por cima tem que sofrer com pesadelos terríveis, em que está andando por terras aridas, e acorda sempre com a sensação de que esteve lá de verdade. E então, quando Helen finalmente cruza com Lucas, o ódio que ambos sentem é forte demais para que possam conviver pacificamente. Tudo isto é culpa de uma maldição muito antiga, da qual que ambos não tem controle algum. E envolve as Fúrias, três velhas que tecem o destino de todos os semideuses e têm sede de sangue.
Não vou falar mais da trama, porque é realmente complicado dar mais detalhes sem soltar um montão de spoilers, e isto é realmente muito chato em uma resenha. Mas o legal para vocês saberem, é que este é o cerne e o esboço principal da trama, que dá o ponta pé inicial para algo muito, muito maior. Eu fiquei realmente surpresa com os caminhos que a autora seguiu, e realmente gostei do resultado. Quem leu a sinopse, talvez tenha chegado à mesma conclusão que eu, de que o livro seria focado apenas no romance e numa maldição boba. Mas aí, meu caro Watson, nos enganamos. Eu não esperava que a história por trás dessa premissa fosse tão grande e catastrófica. A autora mistura diversos elementos e emoções, desde drama até o ódio mais letal e antigo. É inevitável não se prender à trama. Há realmente muito mais do que podemos imaginar.
Os personagens são muito bem estruturados, e o elo entre eles e sua descendência é muito bem elaborada. Tudo se encaixa perfeitamente e tem seu devido lugar. Gostei muito mais do mocinho, o Lucas Delos e seus irmãos(as) e primos(as), do que da personagem principal. Diria que ainda faltou algo para que eu gostasse dela totalmente, apesar de que em muitos pontos ela me agradou. Gostei de Lucas pois ele se mostra muito sábio e centrado, não sendo apenas uma beleza vazia cheia de poderes. Os outros membros da Família Delos são incríveis, e são tantos que fica dificil citá-los aqui, mas realmente são o ponto forte do livro. O legal, é que é através deles que muitos elementos no livro vão se ilucidando.
Um ponto interessante, é que em alguns momentos, no início do livro, muitos elementos me lembraram de Crepúsculo. O fato da mocinha ser diferente e desengonçada, e morar em uma cidade (no caso, ilha) pequena, apenas com o pai. Também o fato de do nada aparecer uma família com membros misteriosos que causam furor entre os moradores da cidade, etc. Claro que estes pontos em comum são mínimos, e não há como comparar as sagas. Mas não pude evitar, risos.
Bom, comecei a ler este livro, que é o primeiro de uma série, procurando não criar grandes expectativas. É um método que tenho usado para as leituras, e confesso, tem funcionado. A pior coisa é você estar louca para ler um livro e ele te decepcionar. É claro que ainda sofro deste mal, mas bem menos agora. O legal é quando você não espera nada ou quase nada do livro, e ele te pega de surpresa. Predestinados é um livro em que, de forma geral, pode-se terminar satisfeito e se enquadrar neste caso. É o tipo de livro gostoso, que prende com uma história bem narrada e uma trama interessante. Creio que na continuação de Predestinados, Dreamless (Sem Sonhos), haverá muita aventura, pois a autora deixa várias pontas soltas. Então os grandes acontecimentos ainda estão por vir.
Acredito que esta é uma série que promete substituir muitas outras, se tornando a favorita de muitos leitores, principalmente os jovens leitores, e os fãs do gênero. O trabalho gráfico está otimo, e há apenas alguns erros ortográficos, mas nada que atrapalhe a leitura. De forma geral, Predestinados é um livro satisfatório que proporciona uma leitura agradável. Starcrossed tem tudo para se tornar o novo Crepúsculo, e o novo queridinho do momento.
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