Acad. Literária 13/10/2015
RESENHA - Resident Evil: Conspiração Umbrella
Resenha originalmente escrita no blog Academia Literária DF
Raccoon City.
A cidade se encontrava em estado de pânico com os recentes casos de assassinatos brutais que tiravam o sono de seus habitantes. A cada semana, o governo local era pressionado para dar um fim à onda de violência. Grande parte dos desaparecimentos e mortes aconteceram na floresta, nos arredores das montanhas Arklay e, mesmo com o toque de recolher, mais casos pipocavam a todo o momento. O DPR (Departamento de Polícia de Raccoon) se mostrava incapaz de prender os criminosos que receberam da mídia a alcunha de “assassinos canibais”, pois todas as vítimas apresentavam ferimentos de mordidas, que segundo relatórios de médicos-legistas, eram de mandíbulas humanas.
Após dois meses de assassinatos sem solução, o chefe de polícia local cedeu à pressão e chamou os S.T.A.R.S: Special Tatics And Rescue Squad (Serviço de Resgate e Táticas Especiais). Liderados pelo capitão Albert Wesker, Chris Redfield e Jill Valentine embarcam junto aos grupos Alpha e Bravo dos S.T.A.R.S para solucionar o caso. O time Bravo foi enviado na frente, para reconhecimento de território, mas algo saiu muito errado. Caberá então à dupla Chris e Jill desvendar os mistérios que se escondem na floresta de Raccoon City.
Resident Evil, famoso jogo de Survival Horror (Sobrevivência e Horror) da Capcom, ganha as páginas de um livro assinado por Stephani Danelle Perry. O livro reconta a história do primeiro jogo da série, usando o roteiro original. Nele, somos apresentados aos dois personagens principais da trama: Chris Redfield e Jill Valentine. Ambos fazem parte dos S.T.A.R.S., grupo tático que realiza missões de todos os tipos em diferentes partes do globo. Partindo de uma de suas bases em Raccoon City, o grupo investiga casos de assassinatos brutais envolvendo canibalismo. Após perder o contato com a equipe Bravo, a equipe Alpha é enviada, mas mal chegam e são atacados por cachorros mutantes. Ao buscarem abrigo na Mansão Spencer, supostamente abandonada, os segredos e mistérios começam a vir à tona.
Desde que joguei pela primeira vez o jogo no saudoso Playstation 1, fiquei completamente contaminado pela série. Foram muitas noites de sustos (malditos cachorros mutantes) e diversão comandando os personagens centrais da trama. Quem vivenciou essa época dos videogames pode relembrar como a visão do primeiro zumbi mudou a vida de muitos jogadores. Portanto, para os que não conhecem a franquia, não irei me estender muito, para não estragar as surpresas (e os sustos).
A adaptação do jogo para os livros não fica atrás. Além de dar maior densidade para a narrativa, Perry mostra alguns fatos anteriores ao início do jogo. Já dentro da mansão, que é onde a narrativa se desenrola, podemos seguir passo a passo as ações dos personagens e eu me senti como se estivesse novamente com um controle na mão, guiando os personagens pelos corredores da mansão. Foram várias as referências que a autora usou na narrativa. Desde os Puzzles (quebra-cabeças que os jogadores têm de resolver para seguir em frente) aos Save Points, que eram os locais onde o jogador poderia salvar o jogo.
A autora também usa um recurso muito interessante que dá mais vida aos personagens: no meio da narrativa, ela coloca em destaque os pensamentos deles. Às vezes esses pensamentos até complementam o que o narrador está dizendo.
Os personagens são muito bem explorados pela autora. Talvez até mais que no próprio jogo, pois na época os recursos eram escassos e era difícil conferir profundidade aos personagens. Apesar de seguir à risca o roteiro original, Perry soube colocar mais personalidade neles. O que eu posso deixar como crítica foi a forma como os personagens reagiram diante da ameaça, achei um pouco forçado o modo como a autora descreveu. Foi algo do tipo: “Nossa, zumbis. Ok, vi muitos filmes sobre isso, chumbo neles”.
A obra é narrada em terceira pessoa. A narrativa acompanha os passos de cinco personagens, embora Chris e Jill apareçam com mais frequência. A autora tem uma escrita bem fluida. O único “problema” que os leitores podem encontrar é nas descrições de alguns cenários, que são um tanto complexas de se imaginar. A relação temporal é linear. A revisão está boa, mas não escapa de erros na tradução, principalmente de coerência. Mas nada muito grave. A formatação está excelente, com um bom espaçamento entre as linhas, com páginas amareladas e um bom espaço entre um capítulo e outro, sem cansar demais o leitor. A capa mostra os dois personagens principais empunhando suas armas. Curioso notar que apesar de ter a biografia da autora, não há uma foto dela e nem uma sinopse.
Resident Evil: Conspiração Umbrella é uma viagem no tempo. Um reencontro com os primórdios do terror, quando jogos como Resident Evil 1, Silent Hill e Alone In the Dark tiravam o sono dos jogadores e garantiam horas de diversão. Recomendo para os fãs da franquia, pois a obra traz alguns elementos que o jogo não explora com tanta profundidade. Recomendo também para os fãs do gênero em geral, pois Resident Evil foi responsável por uma gama enorme de games que exploram o “Survival Horror” (Sobrevivência e Horror). Para os curiosos, que desejam entrar de cabeça nesse mundo, esse livro é um bom começo.
O fato é que Resident Evil tem causado muitos ataques cardíacos desde 1996, quando o primeiro jogo foi lançado. Muitos outros livros adaptados de outros jogos da franquia foram lançados. E mal vejo a hora de ler o Nêmesis dizendo: “S.T.A.R.S...”
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