Raniere 02/12/2014
Um livro brutal
Em “O Inverno do Mundo”, Ken Follett nos fala sobre o período da Segunda Guerra Mundial.
O livro começa alguns anos após o desfecho de “Queda de Gigantes”, e os personagens centrais são os filhos dos membros das cinco famílias principais do primeiro livro. A Alemanha sofre com a ascensão do Nazismo e fascismo, e este começa a se espalhar pelo mundo.
Como sempre, Ken Follett, através da ficção e envolvendo seus personagens com figuras históricas, nos conta com detalhes o período da História ao qual ele está abordando em sua obra. “Inverno do Mundo” fala sobre a Segunda Guerra Mundial, fascismo, Nazismo, Guerra Civil Espanhola, Pearl Harbor, Batalha da Normandia, o acordo de não agressão entre URSS e Alemanha, para tomarem a Polônia, a invasão alemã. Porém, achei que alguns fatos importantes não tiveram tanto destaque no livro como, por exemplo, a bomba nuclear em Hiroshima e Nagazaki.
Os personagens que Ken Follett cria são sempre cativantes e de uma humanidade impressionante, seja para o bem ou para o mal. Seus protagonistas conquistam o leitor de uma maneira inesquecível, fazendo-o ansiar por ler mais sobre eles, rir com eles e sofrer com as suas angústias. Já seus vilões conseguem ser incrivelmente maus, cruéis, e fazem o leitor os odiar com cada gota do seu ser. Acreditem: um dos maiores vilões que já vi foi criado por Follett! Porém, em “Inverno do Mundo”, ou melhor, em toda a trilogia “O Século”, essa imagem de vilão é bem peculiar. Follett é imparcial sobre as posições políticas em suas obras, e nesta não é diferente: ele fala dos aspectos positivos e negativos do socialismo e do capitalismo, e o leitor, independente de sua posição, consegue entender o personagem contrário às suas convicções, devido à visão deste, criada com muita competência pelo autor, como pela época da obra. Porém, em “Inverno do Mundo”, o grande “vilão” é o nazismo! Os antagonistas deste livro, como Boy, filho do Conde Fitzherbert, é seduzido pelo fascismo e por seus falsos ideais. Claro, não tem como “amar” esse personagem: ele é asqueroso! Mas tem, sim, como entender o porquê dessa sedução. E é isso que me surpreende nas obras de Ken Follett: o leitor ENTENDE a posição dos personagens!
Agora vou abordar um assunto polêmico, porém necessário!
Algumas pessoas dizem que a eficiência de Hitler não é reconhecida em livros de História, e temem que esta também tenha o mesmo tratamento em “Inverno do Mundo”. Eu discordo e muito disso! A eficiência de Hitler é, sim, reconhecidíssima, e Ken Follett não decepciona o leitor nesse quesito. Hitler conseguiu seguidores por toda a Europa e pelo mundo com a sua oratória, espalhou sua ideologia deturpada e obscura de tal maneira que, até hoje, vemos seguidores dele. E Ken Follett descreve isso! Ele mostra como a economia e a qualidade de vida melhorou na Alemanha, para aqueles que seguiam os ideais do fascismo, mas também mostra a miséria e a desgraça para aqueles que não seguiam, e o terror dos campos de concentração. O livro mostra que Hitler, por exemplo, começou a matar todos os deficientes físicos e mentais, idosos e incapazes em geral, pois achava que estes eram gastos enormes e desnecessários para os cofres públicos (esse spoiler é dado por todos os livros de história e documentários sobre a Segunda Guerra, então abri uma exceção). Claramente, este meio doentio foi para alcançar um fim estupendo (e alcançou, por um tempo), e Hitler sabia que nem os seus seguidores concordariam com este ato, e fez estas missões de assassinato secretamente. Follett nos mostra isso com perfeição!
Ken Follett também nos fala sobre como Stálin era um ditador, e os crimes que a polícia secreta cometia em seu nome. Para resumir esta parte, vou dizer o que eu penso sobre isto: Stálin é tão vergonhoso para os esquerdistas quanto Hitler o é para os direitistas.
Enfim, “Inverno do Mundo” (ou melhor, a Trilogia “O Século”) é uma aula de História e, também, uma inesquecível ficção. Agora estou lendo “Eternidade Por um Fio”, último livro da trilogia, e sei que, no final, as famílias Peshkov, Williams, Dewar, Ulrich e Fitzherbert (sim, até essa família) irão deixar uma saudade imensa.
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