spoiler visualizarMilena 06/05/2021
"Você pode ser um bom homem, ou pode ser um bom pai".
Comecei essa leitura sem muitas expectativas, mas confesso ter sido muito surpreendida pela forma que a história se desenvolve. A leitura é lenta, mas em momento algum isso me incomodou, tendo em vista que eu me interessei pela rotina e comportamento da família em meio ao caos que estavam vivendo. O fato é que Em Defesa de Jacob não é um livro de mistério ou suspense, em que o leitor precisa descobrir quem cometeu o crime discutido na obra. Sim, eu me questionei se Jacob matou ou não o colega de escola, principalmente em razão das evidências que apontam para as duas possibilidades, mas, no fim, ele ter ou não cometido o crime já não faz muita diferença.
Esta é uma história sobre as marcas que a acusação de homicídio deixa em uma família. Após Jacob se tornar um suspeito, os pais do adolescente começam a se dividir, ao passo que Andy acredita cegamente na inocência do filho, enquanto Laurie faz o caminho inverso, duvidando mais e mais de Jacob a cada dia. Esse contraste na família é o que engrandece o livro, e mesmo que, infelizmente, Andy seja o único narrador, é possível observar a deterioração dos Barber pelos diálogos entre os personagens.
Além disso, eu adorei as discussões que o livro fornece acerca da flexibilidade da noção de moralidade quando o assunto é alguém que amamos. Apesar de Andy ser um promotor de justiça, cujo trabalho é provar quem são os culpados dos crimes, fica claro que ele faria qualquer coisa para proteger e defender Jacob, independentemente de o filho ser o responsável pelo assassinato. Isso pode ser observado em vários momentos, principalmente quando Andy se livra da faca e descobre os sites que o filho costumava acessar. Andy acreditava na inocência do filho, precisava acreditar.
Mas afinal, Jacob matou o colega na floresta? Talvez. Essa é a resposta que o leitor recebe. Para alguns, pode ser frustrante, para mim, foi a melhor escolha que o autor poderia ter feito. Processos são julgados por evidências, provas... e no caso de Jacob, as evidências materiais da cena do crime apontavam para sua inocência, mas seu comportamento na escola e na internet, apontavam para uma suposta culpa. A subjetividade com que o autor trabalha o plot com Leonard Patz e Hope aumentam ainda mais a dúvida sobre a inocência de Jacob, mas sendo inocente ou não, o dano na família já não poderia ser desfeito. O final da obra é uma trágica comprovação disso.
A minissérie, apesar de mudar alguns elementos do livro no último episódio, vale muito a pena ser assistida. As atuações estão impecáveis e o penúltimo episódio, no tribunal, é simplesmente fantástico. Super recomendado para quem gosta de assistir adaptações.