Van 23/12/2020Atualmente, principalmente no campo político, é muito comum ver pessoas se dividindo em dois grupos por não conseguirem discutir suas diferenças de forma harmoniosa e construtiva.
É tendo como pano de fundo essa polarização – de um lado os Serafins e de outro os Quimeras – que a autora Laini Taylor constrói seu mundo fantástico no livro Feita de Fumaça e Osso – o primeiro de uma trilogia, que ainda conta com Dias de Sangue e Estrelas (volume 02) e Sonhos com Deuses e Monstros (volume 03).
Na trama somos apresentados a Karou, uma adolescente aparentemente normal que esconde segredos que a fazem viver de forma solitária. Sua única família são as quimeras Brimstone (o mais próximo de um pai), Twiga, Yasri e Issa que a faz cumprir missões bem peculiares – recolher dentes; o que gera conflitos em sua relação com sua amiga humana Zuzana.
Nessa primeira parte do livro, de ambientação, a leitura é um pouco amarrada. A narrativa fica presa a um drama meio adolescente, em que em alguns momentos flerta com a perca de interesse na história. Contudo, pela riqueza com que os personagens são detalhados, a curiosidade se sobrepõe e o leitor se pega querendo descobrir mais sobre Karou e sua família. Outro ponto de destaque, são os cenários escolhidos, as ruas de Praga e do Marrocos, lugares pouco visitados pelas literaturas fantásticas.
A história encontra um novo ritmo quando Karou se depara com uma grande ameaça em uma de suas missões. Akiva, um ser celestial aparece e por pouco não a mata. Tomada pela raiva e pela ausência de respostas, Karou briga com Brimstone e se despede de forma dramática da única vida que ela conhece. Sozinha e desamparada, aos poucos Karou fará descobertas que mudarão para sempre aquilo em que ela sempre acreditou e a colocará entre uma difícil escolha, que poderá definir para sempre o destino dos mundos.
Feita de Fumaça e Osso, da editora Intrínseca, é um romance sobre esperança e autodescoberta. Taylor também traz à tona discussões sobre o diferente e a tolerância, e faz de sua personagem principal, uma heroína moderna.
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