Thereza 30/03/2020
Livro lindo!
#desafiolivrada2020
5. Um livro indicado pelo bibliotecário ou livreiro da cidade
Sabe, eu tenho uma bibliotecária incrível. Essa mulher que tenta me ensinar como as prateleiras funcionam (mesmo que a disposição não faça muito sentido em minha cabeça), que me indica livros incríveis (tal como esse) e que até me chama para clubes de leitura (mesmo eu tendo furado). E, claro, tem o melhor emprego de todos e trabalha em meio aos livros da biblioteca pública. @lu.na.lua obrigada por ser a melhor bibliotecária. E obrigada (?) por me indicar um livro que me fez chorar.
E como fez chorar... Esse foi um dos livros mais bonitos que já li, a ponto de em certos momentos eu ler umas passagens, fechá-lo e reclamar em voz alta "que droga que livro lindo".
Renée Michel é uma concierge que trabalha num condomínio cheio de burgueses em Paris. Ela aprendeu com a vida a se esconder, seja em seu cubículo, seja fingindo que assiste tv (porque é o que se espera das concierges), seja amando Tolstói e filosofia e fingindo que mal sabe ler. Ela ama gramática, ela ama uma palavra longa, bonita e bem falada. Ela paralisa diante de quadros holandeses, treme diante de uma citação de Ana Karenina, ama os filmes de Ozu.
Paloma Josse tem 12 anos e meio, é inteligente demais para esse mundo, a ponto de conseguir enxergar que talvez a vida não valha a pena. Ela ama mangás, estuda japonês, se irrita com barulhos e foge para diversos esconderijos quando precisa de paz. E ela acha que, se for para encontrar um motivo para viver, esse motivo certamente será a arte.
Kakuro Ozu sabe que Renée tremeu quando citou Tolstói, sabe que ela não é somente o que mostra. Ele sabe também que Paloma é muito mais inteligente e interessante do que pensam que ela é. De certa forma, ele se aproxima delas e as aproxima uma da outra.
O bonito dessas amizades é que eles se percebem, eles vêem o que mais ninguém vê. O livro todo é contado em primeira pessoa, mas por várias primeiras pessoas. Os relatos são carregados de filosofia e pensamentos profundos. Te farão rir, te farão agonizar de medo do que pode acontecer e te farão sentir certa esperança de que ainda existem pessoas boas em todos os lugares.
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