Jucimara 01/11/2013
Continuando a me aventurar em outras vertentes literárias, resolvi ler um livro do médico e escritor Dr. Drauzio Varella, do qual estava muito curiosa. Depois que eu assisti Carandiru, filme do qual foi baseado o livro Estação Carandiru, fiquei muito intrigada com as histórias mostradas. Quando me deparei com o segundo livro, Carcereiros, movida pelo mesmo sentimento, não pensei duas vezes e resolvi lê-lo.
Neste livro ele relata as histórias dos carcereiros com os quais ele trabalhou durante seus 23 anos de trabalho voluntário nas penitenciárias, como são suas rotinas, medos, anseios, seus atos heroicos e covardes, a dedicação ao próximo, a humanidade dentro de cada um deles e os seus momentos de deslizes com algumas atitudes desumanas. Enfim, toda a realidade por trás dos muros de uma penitenciária dos quais, muitos de nós ainda bem, não tem a menor noção do que acontece.
A história nos leva além da reflexão, mostrando a dura realidade dos presídios. Não estou dizendo que quem cometeu algum crime, mesmo ele sendo hediondo ou não, merece uma vida mais “fácil”. O que cada preso fez e se ele tem ou não passar por tudo isso, vai da interpretação de cada leitor. Porém, o que acontece depois dos muros, relatada pelos “olhos” dos próprios carcereiros, que estão lá desempenhando o seu ofício, não é de todo um “mar de rosas”.
Alguns relatos chegaram a me tocar profundamente, ora por raiva, ora por tristeza. Tristeza porque vemos pessoas chegarem ao fundo do poço e não se darem conta, por diversos motivos dos quais desconhecemos. E raiva de algumas que sabem e tem a consciência de que nada daquilo que estão fazendo é certo, porém, mesmo assim se arriscam. Não sei se conseguiria ser imparcial, como muitas vezes o Drauzio Varella demonstra ser. Mas, temos que partir da consciência que a vida é de cada um, e só eles podem decidir o que fazer com elas.
No enredo, diversas experiências são relatadas, mas em todas somos capazes de perceber o quão difícil e mal remunerado é o trabalho do carcereiro. Muitos são desvirtuados pelos presos devido aos salários aviltantes que lhes são pagos. Infelizmente essa é uma grande realidade do nosso país. Em outros momentos somos levados a histórias cheias de temores e perigosos. Com vidas sendo encurraladas por uma lâmina de uma faca ou o cano de um revólver em meio a uma rebelião. Correndo o risco de ter a vida ceifada definitivamente. Esse é o preço que alguns têm que pagar quando decidem querer a estabilidade instabilidade do serviço público.
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