Fernanda | @psiuvemler 30/04/2016[Império Imaginário] Cisne, de Eleonor HertzogO Cisne é um veleiro solar um dos mais avançados biolabs tripulado pelo casal de doutores Melbourne, conhecidos como os melhores biólogos marinhos formados pela Escola de Champ-Bleux, que forma os mais renomados cientistas do mundo. Lá são realizadas importantes pesquisas marinhas feitas pelos biólogos Henry e Doris. Lá também é onde o casal mora há anos e onde cria os seus oito filhos, sendo eles Teo e Ted, Tim e Tom, Pam, Lis e Bobby, os legítimos, e a jovem Peggy, que fora adotada. Além do número grande de filhos, outro mistério ronda a família: ela possui duas duplas de gêmeos idênticos que são Teo e Ted, com 16 anos, e Tim e Tom, com 15 anos. Como os doutores conseguem manter a ordem em alto-mar, ninguém sabe.
Nas primeiras páginas acompanhamos a chegada do veleiro no cais de Porto Alto, fato que acontecia anualmente. Pela multidão que os aguardava, ficava claro que os Melbourne eram diferentes dos demais cientistas, afinal, qualquer um que vinha de fora achava loucura quando alguém dizia que toda aquela gente era amiga do casal e de seus filhos. Durante cinco dias, a tripulação do Cisne ou seja, a penca de filhos divertia, ajudava e trazia diversas novidades aos moradores de Porto Alto.
Mas nossa aventura começa mesmo quando os Melbourne ficam sabendo dos envelopes que continham o resultado da seleção para os novos alunos de Champ-Bleux. Quase todos haviam feito a inscrição e os mais variados testes necessários com exceção de Bobby que, com oito anos, não tinha idade o suficiente. Tim era o mais empolgado com os resultados e foi o que convenceu os outros irmãos a tentarem também. Lis, de 13 anos, tinha certeza de que não entraria, pois, em 50 anos de Champ-Bleux, apenas uma pessoa da idade dela conseguiu ingressar na Escola, porém ela estava conformada com isso. O espanto é geral quando os envelopes são abertos e eles descobrem que todos conseguiram. Ninguém nunca soube quais eram os critérios de seleção da Escola, mas Henry e Doris sabiam que algo estava muito errado naquilo.
Cisne é uma obra repleta de segredos e mistérios que vão muito além do que qualquer leitor é capaz de imaginar. Toda a história se passa em uma época onde o planeta Terra já evoluiu o suficiente para conseguir viver pacificamente. Descobrimos que não estamos sozinhos no universo. Um planeta localizado do outro lado do Sol possui uma tecnologia deveras mais à frente da nossa. A partir disso, os terráqueos começam a fazer de tudo para ultrapassar a ciência de Tarilian, em pleno momento cujos laços interestelares não poderiam estar mais frágeis.
O livro foi cedido ao blog em parceria com a autora e, assim como uma parte dos leitores, confesso que fiquei levemente apavorada com o número de páginas do livro, porém como ele já estava entre os livros que eu queria ler, aceitei a parceria de imediato. Agradeço à autora pela oportunidade e confiança em nos enviar um exemplar de sua obra.
Eu comecei a leitura bem empolgada. Esperava encontrar os doutores Melbourne com seus vários filhos viajando até a escola de Champ-Bleux. No entanto, surpresas vão surgindo, problemas aparecem cada vez com mais frequência e em maior intensidade e o que antes era para ser uma viagem tranquila acaba tornando-se um pesadelo. O contato com os tarilianos é de suma importância, mas está cada vez mais arriscado. O casal de biólogos, juntamente com Peggy, acabam se metendo em problemas sobre coisas que nem sabiam que existiam. E assim o leitor é apresentado a terrestres nervosos, tarilianos enraivecidos, repórteres, focas, golfinhos e mais uma infinidade de coisas que não daria nem para tentar explicar aqui.
Infelizmente não pude aproveitar tão bem a leitura quanto gostaria. Muitas vezes o número excessivo de personagens acabou irritando um pouco minha paciência, pois, quando eu finalmente ficava aliviada por saber quem é quem sem trocar nomes e ter que voltar páginas, mais dez personagens surgiam. Claro que não é assim até o final do livro, então um pouco à frente da metade do livro já é capaz de se estar habituado com o enredo. No entanto, não foi apenas isso que desencorajou a minha leitura. Muitas vezes pensei em pular alguns capítulos para não precisar ler a mesma discussão entre Terra e Tarilian através de perspectivas diferentes. Quer dizer, às vezes isso é necessário para entendermos melhor, mas não foi esse o caso. Grande parte das cenas sobre isso era apenas a opinião dos outros futuros alunos de Champ-Bleux.
Apesar dos pontos negativos, não foi uma leitura ruim. O livro causou, sim, um certo receio de aventurar-me em outros livros com número aproximado de páginas, mas a autora deu ao enredo de Cisne um final magnífico que me deixou curiosa pelo destino de certos personagens na continuação. Já outros personagens que não me agradaram tanto assim me fazem ficar em dúvida se leio ou não o segundo volume. No mais, dou parabéns à autora, que criou fortes ligações entre todos os personagens sem deixar nenhum ponto escapar. A trama realizada e todos os mistérios que a envolvem foram muito bem elaborados.
O trabalho gráfico, que ficou por conta da Editora Mundo Uno, está fantástico. A capa e diagramação condizem perfeitamente com a história contada, porém acho que a revisão poderia ter sido melhor. Não encontrei nenhum erro grotesco, felizmente, mas algumas frases ficaram com palavras faltando e isso deixa um furo na citação, apesar de não tirar completamente o seu sentido. Os capítulos são intitulados e enumerados abaixo de uma ilustração do veleiro, mas muitas vezes encontrei o título misturado com o desenho. Alguns parágrafos ficaram excessivamente grandes cheguei a encontrar um único parágrafo de uma página e meia e isso muitas vezes cansava durante a leitura. O restante ficou maravilhoso.
Apesar de ser uma obra muito bem comentada, acredito que para mim teria sido ainda melhor se a obra fosse dividida entre dois volumes. Todavia é uma leitura que recomendo para quem gosta de uma ficção científica intrigante, repleta de aventuras e mistérios.
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