Giovana Braga 27/03/2023
Um livro perturbador poético.
[Pode ser que contenha spoilers]
A mente do Milton Hatoum me deixa muito intrigada. Esse livro é, definitivamente, pesado. Se você é alguém mais sensível a gatilhos, jamais o recomendaria. Na verdade, sendo bem honesta, dificilmente recomendaria essa leitura.
?Dois irmãos" é um livro que precisei encarar por conta do vestibular e embora tenha sido desafiador, devo admitir que também teve lá suas reflexões interessantes.
Bem, o livro conta a história de Yaqub e Omar. Desde novos, o sonho de Zana, mãe dos meninos, tinha o sonho de vê-lós sendo bons amigos, mas é totalmente o oposto do que acontece durante toda a história. Omar e Yaqub vivem em desavenças, há brigas, palavrões, violências, incesto e até estilhaços no rosto neste livro. É puro caos!
Defini o livro como um perturbador poético, pois Nael, mesmo morando em seu quartinho do quintal da casa principal, mesmo não podendo estudar nas melhores escolas, mesmo sem saber durante muito tempo quem era o seu pai, quais eram as suas origens, como ele veio ao mundo,? ele conseguiu se reerguer. Ele sobreviveu.
Ele foi vida em meio a mortes. Ele foi amor em meio ao ódio. Nael, aquele cujo tudo que o restava, eram migalhas, migalhas de livros, migalhas de educação, migalhas de afeto. Nael, aquele cujo o qual acreditou até o fim do livro no perdão, que desejou por sua mãe, mas não obteve.
Nael tornou-se professor. Nael escolheu inspirar-se em Yaqub e obter boas influências deste, mesmo sem saber se ele era o seu pai que não o assumiu. Essa é a verdadeira beleza dessa história um tanto quanto esquisita, ao menos pra mim.
A forma como Yaqub ascendeu na vida e o contraste com o seu irmão Omar, marginalizado, as consequências da autoproteção parentesca? foram tantas vertentes.
Que livro de tirar o fôlego! (e eu nem sei se é no bom sentido da coisa).