Dois irmãos

Dois irmãos Milton Hatoum




Resenhas - Dois Irmãos


773 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Jeane 04/12/2008

O que achei interessante no livro
Só descobri o nome do filho da empregada praticamente no final do livro. É uma leitura tão envolvente que esse “detalhe” tinha passado despercebido. Além disso, o livro não possui uma ordem cronológica, as lembranças vêm e vão, como em uma conversa informal, uma estória puxando a outra. Considero que o relacionamento incestuoso foi tratado de forma natural e leve, sem a intenção de chocar ou causar repulsa ao leitor.
Luiz 21/02/2014minha estante
Isso de nos tocarmos de que o narrador não tem um nome só na parte final do livro faz com que a gente se sinta um pouco na pele dele na busca pela própria identidade. Adorei e percebi bem esse detalhe depois de ter lido sua sua resenha :)


Ferreira.Souza 14/10/2020minha estante
medio


joanorbit 20/12/2023minha estante
Eu pensei que estava perdido, porque eu toda hora voltava a um capítulo? rs




Bookster Pedro Pacifico 20/10/2023

Dois irmãos, de Milton Hatoum
Milton Hatoum é um dos mais importantes autores contemporâneos nacionais. No entanto, até pouco tempo, nunca havia lido uma obra sua. Recebia com frequência alguma indicação sua e Dois irmãos estava na minha lista há um bom tempo. E que bom que eu resolvi tirar ele da estante… Adorei a leitura!

Apesar do título, a obra vai muito além da relação entre os dois irmãos gêmeos, Yaqub e Omar. É um retrato profundo sobre os laços familiares - muitos deles desgastados - e a sua decadência ao longo dos anos. O cenário é a cidade de Manaus, no meio do passado, mas os principais acontecimentos se dão dentro da casa dessa família, de origem libanesa. E além de pais e filhos, moram na casa a empregada doméstica e seu filho que, inclusive, é o narrador da história.

E os desentendimentos que passam a marcar a família têm origem em um conflito físico entre os irmãos. Um deles é agredido e acaba ficando com uma marca definitiva em seu corpo. É a marca das diferenças entre Yaqub e Omar, sendo uma das principais a desigualdade de amor materno que cada um recebe. Omar é tido como mais frágil pela mãe e, por isso, é agraciado com uma atenção maior. Para Yaqub, resta a tentativa de equiparar esse amor.

Publicado em 2020, quando ganhou o Prêmio Jabuti de melhor romance, o livro continua fazendo sucesso e figura na lista de vários vestibulares pelo país, dentre eles a Fuvest. “Dois irmãos” já é um clássico e, acima de tudo, uma leitura deliciosa e impactante.

Nota 10/10

Para mais resenhas, siga o @book.ster no instagram

site: https://www.instagram.com/p/CxwMBTlrVxG/
Beatriz 20/10/2023minha estante
comecei a ler por conta de ser leitura obrigatória da fuvest e me impressionei o quao gostei da escrita e narrativa, tanto q eu devorei em 1 dia ?




Alex 04/05/2023

O primeiro, que venham muitos
Um disclaimer inicial: eu acredito que fazia uns 10 anos que não lia nada nacional.

Feito esse aparte, preciso já deixar claro, Dois Irmãos é uma obra prima! Daquelas que ganha prêmios ao redor do mundo.

Dois Irmãos trata de uma família completamente disfuncional (não é desestruturada, ela está ali toda completinha). Um casal descendente de Sírio libaneses, que vivem em Manaus, que têm 3 filhos, sendo uma filha e dois filhos gêmeos.

Toda a trama está ao redor dos filhos. Todas as aventuras, os traumas, os dramas, os pecados e crimes. As imoralidades e os conselhos. Todos os agregados. Todo o desregramento.

O livro encanta com uma narrativa fluída, simples mas cativante. Com um português carregado de cultura manauara e árabe, e regionalismos da bacia amazônica.

A história se passa entre o início do século XX até aproximadamente década de 60 ou 70. A linha do tempo não é clara. Os marcadores temporais aparecem eventualmente, sem nenhum tipo de progressão linear, e apesar disso, você leitor, não sente nenhuma falta dessa clareza temporal.

Gostei muito do narrador anônimo, carregados de sentimentos por pertencer à família, e contando como se estivesse de fora das situações. Também amei a profundidade dos personagens:

Domingas, aquela cunhatã que você gostaria que tivesse uma vida melhor. Os irmãos que você deseja que fossem melhores. Uma mãe completamente desmiolada no ofício materno. Uma irmã que faz um papel tão controverso quanto fundamental.

Halim, sentirei saudade desse velho libanês, com fogo ? inextinguível, uma sabedoria pouco explanada e carregado de remorsos por suas inatividades.

Durante a trajetória nos deparamos com várias questões morais, sexuais, tabus intocáveis, o peso da cultura, dos costumes, das raízes. Também nos deparamos os males causados pela superproteção, pelo mimo, pelo tratamento diferenciado, pelos privilégios. É impensável ler tal história e não fazer paralelo com alguma família que você conhece. É rico, triste, e ainda, emocionante.

Enfim, leiam, simplesmente leiam, este é um livro nacional, contemporâneo e riquíssimo. Vale cada página.
Josy 05/05/2023minha estante
Milton é meu conterrâneo e precisei ler dois de seus livros pra disciplina de literatura na escola - mais de 15 anos atrás. E foi incrível. Recomendo Cinzas do Norte, acho que você também vai gostar.


Regis 05/05/2023minha estante
Maravilhosa resenha, Alex! ?????
Vou colocar na minha lista de leituras, fiquei curiosa e suas dicas são sempre boas.??


Alex 06/05/2023minha estante
Josy, vou procurar. Confesso que nunca tinha ouvido falar nele, mas me fisgou completamente.


Alex 06/05/2023minha estante
Regis. Com certeza vc vai gostar. ?




Flávia Menezes 22/02/2023

?SUPER GÊMEOS ATIVAR! ????
?Dois Irmãos?, lançado em 2000 e ganhador do prêmio Jabuti em 2001, é o segundo livro publicado por Milton Assi Hatoum, escritor, tradutor e professor brasileiro, descendente de libaneses, e considerado um dos grandes escritores nacionais vivos.

A narrativa da história é feita por um personagem que só vamos conhecendo ao longo da trama, quando, aos poucos, ele vai revelando detalhes da sua ligação com os personagens principais, falando de suas vidas, amores e dissabores, sem deixar de fora os sentimentos que ele nutre por cada um deles. E nesse caminhar, o narrador vai nos transportando para Manaus, e essa é uma parte belíssima da história, porque vamos tendo detalhes de cada lugar, cada costume, das comidas típicas da região, e até da flora e fauna que são encontradas por lá. É algo tão primoroso, essa descrição que o autor faz, que deu até vontade de viajar para Manaus, só para poder ver (ao vivo e à cores) cada lugar que era descrito, e que eu conheço tão pouco sobre.

Mas a forma com que eu me apaixonei pelas descrições do autor sobre Manaus, não foi igual ao que eu senti pela trama, ou mesmo por seus personagens. Quando a minha amiga me falou que era uma história sobre gêmeos, eu confesso que fiquei instigada em ver como seria, o que aconteceria, e foi aí que iniciei. Porém, o mesmo motivo que me fez iniciar essa leitura, foi aquele que me fez desgostar dela.

A história da família de Halim, o pai, Zana, sua esposa, e os filhos gêmeos Yaqub e Omar, demonstra ter uma grande ligação com a do autor, pois esta também é uma família descendente de libaneses, que vive no Brasil. E nessa miscelânea de culturas, me fez pensar que a construção dos gêmeos pode ter sido influenciada por essa questão, porque a forma como ele os desenvolveu, tem muito a ver com uma tentativa de reproduzir um Caim e Abel, do que de falar propriamente de como são os filhos gêmeos idênticos. Falo aqui sobre gêmeos com muita propriedade, já que eu tenho uma irmã gêmea idêntica, e ainda convivi a vida toda com outros pares de gêmeos idênticos (além de fraternos), tendo inclusive minha irmã gêmea e eu, batizado dois meninos gêmeos idênticos, hoje com 9 anos.

Na minha vida, essa questão de ser gêmea sempre foi algo muito normal, porque, na base da aeronáutica onde cresci, no mesmo prédio onde vivíamos, havia mais 4 pares de gêmeos, sendo que, 3 desses pares, eram de meninas na mesma idade escolar. Eu me lembro que quando brincávamos, a gente se dividia em 2 grupos, sendo um das que nasceram primeiro (o meu!), e o outro das que nasceram depois. E é muito comum, quando alguém encontra um par de gêmeos, fazer exatamente essa pergunta: "Mas quem nasceu primeiro?" Mas nunca ouvi falar de chamar um dos gêmeos de "caçula", como acontece na história. Até mesmo porque Omar não é o mais novo, e sim uma irmã. Sendo assim, que lugar é esse que ele ocupa que nem dele é? Não fez o mínimo sentido!

Mas como eu disse, o autor estava tão voltado em transformar os gêmeos em um Caim e Abel, que pouco trouxe dessa ligação tão rica que existe entre duas pessoas que surgiram de uma divisão de um mesmo óvulo fecundado. E por mais brigas, competições (e gêmeos são altamente competitivos!), e até rivalidades que possam existir, essa ligação é muito mais forte. Se nada no mundo é mera obra do acaso, imagina isso na vida de duas pessoas que vieram ao mundo juntas? Eu digo com propriedade, mas essa não é uma ligação normal como a que temos com os demais irmãos. É algo muito mais forte.

Outro ponto de grande exagero do autor, foi colocar as personalidades de forma tão extremista. Um é mau, e o outro é bom. Um tem sucesso, e o outro fica com o fracasso. Achei isso tão forçado, e tirou completamente a beleza da história, porque não existe isso. Todos nós somos dotados de qualidades e defeitos. E uma divisão de um óvulo, não faz com que um tenha 100% das qualidades e o outro fique com os defeitos. Não teve o mínimo nexo, e deixou tudo muito empobrecido.

A forma como a mãe trata os filhos gêmeos, com tamanha distinção, eu achei também muito fora do que acontece. Claro que é real que um seja visto, muitas vezes, como mais frágil do que o outro, até porque gêmeos passam a vida com comparações. Quem é o mais magro, quem é o mais alto, quem é o mais inteligente... e por aí vai. Mas achei muito forçada essa cisão porque, que mãe no mundo não se sente feliz em ter filhos gêmeos? Essa separação que o autor fez entre eles, achei que forçou demais para promover uma rivalidade que, para mim, ficou muito exaustiva e desinteressante.

Já o pai, Halim, para mim é o melhor personagem dessa história, muito embora ele se pronuncie bem pouco. Ele é o que podemos chamar de ?o último dos românticos?, e a forma como falam sobre o seu amor pela esposa é indescritivelmente apaixonante. Sinceridade, mas quem em sã consciência não gostaria de ter um marido como o Halim? Eu gostaria! E como pai, ele também era muito certeiro, com seu pulso firme, e que só não podia fazer mais, porque a esposa não deixava. Mas de todos, confesso que ele é o melhor personagem da história.

A disfunção da família foi muito bem desenvolvida, embora, na questão dos gêmeos, o autor tenha pesado demais a mão, e tenha forçado a distinção existente entre eles, o que me deixou muito desgostosa com essa leitura. Porque depois de um tempo, a história se tornou altamente repetitiva, e era tudo tão igual, mais tão igual, que eu tive muita dificuldade em terminar. E o final... para mim, em 20 páginas chegava no mesmo lugar onde acabou.

Aliás, um outro ponto que deixou a leitura muito cansativa, foram as mudanças bruscas no tempo em que a história acontecia. Em alguns momentos, quando o narrador estava chegando no clímax do que estava dizendo, a história mudava do nada para o passado, e ficavam páginas sendo contadas da história, deixando aquela situação anterior extremamente desinteressante. Haviam momentos que não dava nem para saber mais do que o autor estava falando, porque ele ficava em um indo e vindo de passado para presente, que deixou a narrativa muito cansativa e muito desinteressante.

Muito embora esta seja uma história que tenha falado de Manaus com tanta beleza, eu confesso que os demais pontos expostos aqui, deixaram a leitura muito repetitiva e cansativa, e isso me faz dizer que (para mim!), esta não foi uma história que tenha me encantado. Mas, se você gosta de literatura nacional, não leve tão a sério os pontos que eu trago aqui, porque esse pode ser um livro que irá te agradar bem mais do que agradou a mim.
Alê | @alexandrejjr 22/02/2023minha estante
Flávia!! Achei fantástico o teu texto! Uma experiência muito particular com o maior romancista brasileiro vivo! Adorei os destaques a respeito da falta de verossimilhança da relação de irmãos gêmeos e do manequeísmo imposto pelo autor nessas personagens. Obrigado por compartilhar conosco!


Flávia Menezes 23/02/2023minha estante
Obrigada, Alexandre. Apesar de não ter gostado, não tem como não falar do bonito trabalho do autor em trazer Manaus como ele trouxe.


Dani 23/02/2023minha estante
Amiga? primeira LC que compartilhamos impressões diferentes! ?


Flávia Menezes 23/02/2023minha estante
Super diferentes, né amiga. Mas é que essa leitura pegou no meu Calcanhar de Aquiles! ? Falar de Cloninhos sem ser realista?isso me incomodou. Mas ambas concordamos que a forma como o autor trouxe as paisagens e locais de Manaus foi exuberante, não é? E também gostamos muito do Halim! ?


Dani 23/02/2023minha estante
Acho que foi isso, amiga! Como numa tive contato com nenhum gêmeo, acabei vendo eles apenas como dois irmãos ? o inteligente e rancoroso. E o mimado e fútil!


Flávia Menezes 23/02/2023minha estante
Mas foi bom? porque a sua visão nos ajudou a rir disso tudo! ??




@tigloko 31/07/2022

Intenso!!!
Se fosse descrever esse livro em uma palavra: intenso. As atitudes dos personagens são sempre levadas ao último grau, seja no amor ou no ódio. A ódio entre os gêmeos Omar e Yaqub. O amor obsessivo de Zana por seu filho preferido Omar, o saudosismo de Halim relembrando os bons tempos perdido, são alguns exemplos. Gostei muito desse aspecto do livro. Aumenta bastante a qualidade da leitura quando você consegue embarcar tanto na vida dos personagens, como foi o caso de Dois Irmãos.

Acho que um grande destaque do livro são as relações familiares, são muito bem descritas. Tive a sensação de estar imerso naquela família, visualizando tudo que estava acontecendo, sem poder fazer nada. É angustiante. São coisas que qualquer família poderia vivenciar. O diferencial é a escala épica que o autor descreve. Faz tudo ficar melhor ou pior, dependendo da situação.

Outro coisa bastante positiva no livro é o caráter sensorial dele. No sentido das descrições dos locais, das comidas, das paisagens. Senti isso no Torto Arado ano passado. E nesse aqui foi no mesmo patamar. Para alguém que não conhece quase nada da região norte foi uma viagem incrível por Manaus sem sair de casa kkk

Fiquei na duvida em qual nota dar para esse livro. Mas tiro meia estrela pois gostaria de mais Yaqub na história. Para mim fez falta no decorrer do livro. Fora isso, está entre os melhores nacionais que já li com folga.
Douglas Finger 31/07/2022minha estante
Que de mais!


@tigloko 31/07/2022minha estante
Obrigado Douglas ?


mpettrus 01/08/2022minha estante
Éguas, resenha perfeita!!! O Hatoum é exatamente assim na literatura dele. Ele é muito sensorial, sinestésico, amo esse aspecto da literatura dele. Nunca li esse romance dele, mas depois dessa resenha, vou tratar de ler o quanto antes. Parabéns pela resenha!!! ?


Núbia Cortinhas 01/08/2022minha estante
Não sou manauara, mas sou paraense então eu vou falar: - Que resenha mais "pai d'égua, eras de ti!", ??????????


@tigloko 02/08/2022minha estante
Obrigado gente, fico feliz que gostaram ??. Quando o livro é bom a gente capricha ne? Hahaha


Núbia Cortinhas 02/08/2022minha estante
Kkkk, verdade!




Nado 30/06/2021

Romance brasileiro escrito por Milton Hatoum e considerado uma das melhores obras do gênero dos últimos anos do país, a qual venceu o Prêmio Jabuti 2001 de Melhor Romance. Ou seja, uma leitura praticamente necessária para todo amante da nossa rica literatura.
A trama central gira em torno da rivalidade dos irmãos gêmeos, Yakub e Omar, que desde muito cedo já mostram as suas diferenças. No enredo é mostrada a relação dos irmãos com os pais e uma aproximação controversa com a irmã. Todo esse drama familiar pode ter como esteio a preferência por um dos gêmeos pela mãe, que aos poucos desencadeia toda essa competição entre os dois e as suas consequências.
O filho da empregada é quem narra essa trama tentando juntar as partes do passado conturbado dessa família e assim, tentar descobrir qual dos homens dessa casa é o seu pai. O cenário da história é Manaus e todas as suas peculiaridades e belezas naturais.
Durante a leitura da obra eu senti como se tivesse acesso a uma obra dividida em dois extremos que vai de amor ao ódio, de paixão à vingança, de inocência à incesto e de Yakub a Omar. A diferença de personalidade e sentimento dos irmãos podem trazer uma grande reflexão ao leitor, sobre até onde o ódio pode nos levar e até onde a ausência do afeto familiar, assunto extremamente em alta no momento, podem trazer danos irreversíveis na vida da pessoa. Recomendo a leitura a todos que sentem a necessidade e o prazer de ler uma história bem amarrada, bem construída, e de quebra, conhecer mais um livro brasileiro que já é considerado um clássico e que tem a escrita magistral e peculiar de Milton Hatoum.
?Dois irmãos? já foi adaptado nas telas da TV Globo no ano de 2017.
Aline Michele 01/07/2021minha estante
Gostei!


Nado 01/07/2021minha estante
?




joaoggur 04/12/2023

Dionísio & Apollo, Caim & Abel, Esau & Jacó?
Dos anos 2000 para cá, percebo um grande contingente de novos clássicos nacionais a surgirem. A literatura nacional, - que, em toda a segunda metade do século XX (com algumas exceções, é claro) limitou-se a crítica e ao ensaio literário, - voltou a florescer, nos presenteando com peças maravilhosas como ?Dois Irmãos?.

Milton Hatoum estabelece uma família (disfuncional, mas isso só percebemos com o desenvolver da trama) composta pelo casal Zana e Halim, e seus três filhos; a tímida Rânia e, mais velhos? os dois irmãos, os gêmeos Yaqub e Omar. Este último recebe a alcunha de ?caçula?, não só por ter nascido momentos depois, mas por ser mimado por sua mãe.

Os conflitos são aos montes; desde a infância, a rivalidade já sobrepõem-se a eles. A história é narrada por Nael (que só sabemos o nome no final), filho da empregada Domingas. É interessante observar como os atritos são descritos: no início acabamos nos afeiçoando mais com um do que com o outro, depois os papéis se invertem? e posteriormente achamos ambos execráveis. Posso considerar este um problema da obra, a falta de personagens a termos que nos identificar (o arco sobre quem seria o verdadeiro pai de Nael, por exemplo, é corrido e superficial).

Mas, talvez, a podridão dos personagens possa ser explicada pelo fiel retrato da ?família tradicional brasileira?, que sempre foi romantizada pelo próprio povo brasileiro. O autor, narrando personagens complexos, mostra a humanidade que permeia as relações sociais; não importa se é alguém bem ou mal sucedido, todos nós temos as nossas falhas. Somos humanos.

Um clássico brasileiro. Recomendo.
comentários(0)comente



Carolina.Gomes 20/12/2023

Surpreendente!
Um daqueles livros que eu nem pensava em ler e fui arrebatada desde o primeiro capítulo.

Hatoum usa uma narrativa não linear, mas que não confunde o leitor.

A escrita do autor é muito boa, os personagens são extremamente bem delineados e complexos.

As relações familiares me remeteram à leitura de Crônica da casa Assassinada e Lavoura Arcaica.

A partir da narrativa de um narrador que sem ser membro da família é parte integrante dela fui acompanhando atônita a disputa entre os irmãos, a predileção da mãe por um dos gêmeos, uma possessividade doentia que castra, poda e fomenta a desavença.

Os acontecimentos vão num crescente como um efeito dominó até não sobrar uma única peça de pé.

São muitas nuances abordadas aqui, com muito cuidado e sensibilidade.

Gostei especialmente do narrador e de como o autor desvenda os mistérios da trama.

Recomendo!



,
Gudegois 20/12/2023minha estante
Acho esse livro sensacional!!


mariamanuella.brittogedeon 21/12/2023minha estante
Eu também adorei Aninha. Acabei o livro muito emocionada.


Fabio 21/12/2023minha estante
Adorei a resenha, Carol!?




herxnjudx 01/04/2023

Lindo, real e marcante
Olha eu tô apaixonada. Demorei tanto pra terminar, mas valeu a pena.

do início ao fim, a sensação que eu tive era de que a história transitava bem do real ao imaginário, como se uma parte racional puxasse pra ficção, mas sempre haveria uma dúvida se em algum momento ela ocorreu mesmo.
comentários(0)comente



Renato375 08/08/2022

Ódio e ressentimento
Dois irmão é cruel do início ao fim, mas poético na sua originalidade. Um livro difícil de suportar pois apela aos nossos sentimentos mais primitivos, e mostra de maneira muito dura até onde é possível irmos quando vivemos agarrados ao desejo de vingança.

"Naquela época, tentei, em vão, escrever outras linhas. Mas as palavras pareciam esperar a morte e o esquecimento; permanecem soterradas, petrificadas, em estado latente, para depois, em lenta combustão, acenderem e nosso desejo de contar passagens que o tempo dissipou. E o tempo, que nos faz esquecer, também é cúmplice delas. Só o tempo transforma nossos sentimentos em palavras mais verdadeiras, disse Halim durante uma conversa, quando usou muito o lenço para enxugar o Sol do calor e da raiva ao ver a esposa enredada ao filho caçula."
Carlos Nunes 22/09/2022minha estante
Esse também está na minha lista...




Luiza.Mainardi 05/02/2023

Dois Irmãos mais do que inimigos
O livro começa com o clássico tema de gêmeos que se odeiam, mas com o passar dos capítulos, os acontecimentos vão se misturando e dando uma carga emocional no enredo muito grande. Além disso, o enredo do livro conta com um contexto histórico maravilhoso do Brasil!
Na última página do livro estava me sentindo tão pesada mas tão leve ao mesmo tempo... Uma lição de vida, ética e principalmente de que vingança nunca vale a pena.
A história de Milton Hatoum é merecedora dos prêmios que têm! Ele escreve com uma maestria, me fez ficar presa na narrativa de uma família tradicional, com todos os seus problemáticos problemas.
A melhor parte para mim do livro, foi tentar descobrir quem era o narrador, qual seu nome e seu pai...
Leitura fantástica!!
comentários(0)comente



marcella.canozo 24/09/2022

escola
li só pq vai cair na fuvest e minha escola mandou a gente ler, mas achei bem legalzinho, nada DEMAIS assim mas é legal
comentários(0)comente



Phelipe Guilherme Maciel 12/01/2017

Há ressentimentos que não se curam nunca.
A história de dois irmãos é extremamente perturbadora, no sentido de que ilustra o que pode acontecer quando a mãe claramente demonstra preferência por um dos filhos. Omar e Yaqub, gêmeos, cresceram num lar onde o caçula, Omar, tudo tinha, pois nasceu frágil e quase morreu. Yaqub era sempre preterido, sempre ofuscado pelo irmão. Após uma briga que deixou marcas eternas no rosto e no coração de Yaqub, a relação dos irmãos nunca mais foi a mesma. Zana, a mãe super protetora não via nada disso. Não me prolongarei no enredo, até porque o livro está sendo reproduzido pela rede globo na minissérie de mesmo nome, e estão fazendo um maravilhoso trabalho.

Sobre Milton, é um gênio dos nossos tempos. A história, narrada por Nael (que é filho bastardo de um dos gêmeos), inicia-se no leito de morte de Zana. A frase que ela diz é: "Meus filhos já fizeram as pazes?"
Daí para frente, Nael conta a história da vida deles, misturando presente e passado, baseado no que seu avô, Halim, contava para ele em passeios de barco.
A história é fiel ao crescimento e declínio de Manaus, fiel ao triste relato da ditadura militar, fiel ao inexorável fim que haveria de ter uma história onde um filho era sempre preterido ao outro.

Ler este livro te deixa com um sabor amargo na boca. Você pode odiar todos os personagens deste livro, nenhum é santo, na medida de suas escolhas. Tal como ocorre na vida real. Não há mocinhos nessa vida. Somos dominados por nossos sentimentos mais sórdidos e fazemos coisas que nos arrependemos, ou não... O fim de Omar deixa isso claro.

Um clássico moderno.
Lucas 22/10/2019minha estante
Queria ter gostado mais do livro, mas otima resenha!


Phelipe Guilherme Maciel 22/10/2019minha estante
Lucas, me identifiquei muito com os personagens, isso pode ter facilitado um bocado. O que você não gostou no livro?


Lucas 23/10/2019minha estante
Acho que foi justamente esse ponto, não consegui me identificar com nenhum personagem e nem torcer por alguém (apesar de ter me emocionado com a trajetória e fim de Domingas), por isso não me envolvi com a história.
Também teve o fato de que li logo após Capitães de Areia, que amei muito. Então por ser um clássico contemporâneo + ser brasileiro, fui ler com expectativas bem altas.




773 encontrados | exibindo 1 a 16
1 | 2 | 3 | 4 | 5 | 6 | 7 |


Utilizamos cookies e tecnologia para aprimorar sua experiência de navegação de acordo com a Política de Privacidade. ACEITAR