Tomás Woodall 12/06/2016
É um libelo contra a escravidão negra no Brasil no século XIX em forma de novela
Leio de tudo da literatura brasileira, e existem poucos livros ruins para mim. Infelizmente este é um caso.
Tanto os leitores quanto a crítica deveriam apreciar uma narrativa principalmente pelas suas qualidades intrínsecas, como verossimilhança interna, boa construção de personagens, com personagens planas e redondas, bom arco de personagens, inteligente utilização de recursos de tempo e espaço, descrição adequada, estilo da narração, tipo de narrador, mostrar x contar etc. etc. Entretanto, com Escrava Isaura, acontece exatamente o contrário, pois o que é relevante não é nenhuma qualidade do livro em si, mas o impacto que teve no público do final do século XIX.
É um libelo contra a escravidão, e um bom libelo! Mas é um péssimo romance; na verdade, nem chega a ser um, pois é antes uma simples "novela" bem curta em que, como qualquer obra dessa espécie literária, sucedem-se fatos e mais fatos, há um entre e sai de personagens, uma verdadeira ciranda deles. Não há um núcleo comum bem trabalhado e desenvolvido, conditio sine qua non para a espécie "romance".
Dou duas em cinco estrelas porque o mínimo é uma, e o livro ainda é uma leitura leve, despretensiosa, melhor que um best seller qualquer mal traduzido.