Rafael Revadam 11/10/2013
O Lado Bom da Vida: Docemente Óbvio
Por ser um ato um tanto quanto íntimo, nosso emocional interfere consideravelmente em nossas escolhas literárias. Desde o processo de compra até o ato da leitura, nossas sensações conduzem as páginas que folhearemos no decorrer dos próximos dias. Em momentos de carências, nos recorremos a histórias românticas; na depressão com a vida, nosso companheiro é um autoajuda. Foi assim que O Lado Bom da Vida chegou até mim: num momento de tristeza, eu quis páginas felizes.
O Lado Bom da Vida conta a história de Pat, um professor que passou um tempo em uma clínica psiquiátrica e agora busca retomar a sua vida. O problema é que Pat não sabe quanto tempo ficou isolado de todos, não reconhece as mudanças das pessoas ao seu redor e, principalmente, não se lembra do que fez para ser internado.
“Quando corro, eu sempre finjo que estou correndo em direção a Nikki, e isso me dá a impressão de que estou diminuindo o tempo que terei de esperar para vê-la novamente”.
O grande problema da história é que Pat é um personagem muito chato. Com uma mentalidade digna de um garoto de doze anos, ele é inseguro, questiona tudo e todos e, por vezes, se comporta como uma criança mimada e insistente que não se contenta até ter o que quer – no seu caso, retomar o casamento com Nikki.
Mas se o grande protagonista não agrada, sua companhia é o oposto. Tiffany é uma personagem bem escrita, misteriosa e humana, que carrega nas costas os melhores momentos da história. Com um passado tão misterioso quanto Pat, ela se esconde por trás de uma amargura, que vai sendo quebrada no avanço das páginas.
“ – Um dançarino tem permissão de pôr as mãos em qualquer parte do corpo da parceira, Pat. Não é sexual. Então, quando você fizer essa primeira pegada do passo aéreo, sim, suas mãos devem estar apoiadas na minha bunda e na minha virilha. Por que você está andando para lá e para cá? Pat, não é sexual, é dança moderna”.
No mais, O Lado Bom da Vida promete, mas não cumpre. Com um enredo inicialmente atrativo, a história se desenvolve arrastada e previsível. Mesmo quando ocorre uma reviravolta – tardia, diga-se de passagem – esta também se torna decepcionante. É aquele livro de fórmula pronta, que você aguarda o desenrolar meloso e a lição de moral.
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