Lee S. 13/03/2013
Eu acredito no Lado bom da Vida!!
O Lado bom da Vida, de Matthew Quick, foi uma surpresa maravilhosa para mim. Não sou um leitor assíduo do gênero, mas é um livro tão bem escrito, tão envolvente, tão "acolhedor" que ao terminá-lo eu senti um aperto no coração, mas também tive a certeza que encontrei mais um livro para ficar guardado na minha memória.
Resumidamente, o livro retrata a vida de Pat Peoples após sair de uma instituição psiquiátrica, mais conhecida por nós leitores como o "lugar ruim". Pat é um homem de 34 anos, perturbado e fora de seu juízo perfeito. Ele perdeu a noção de tempo, de espaço e não consegue se lembrar dos últimos quatro anos de sua vida. Não lembra o motivo de ter ido para a clínica, a única certeza que possui é que sua esposa, Nikki, quis que ficassem um "tempo separados". Na sua cabeça, Nikki vai voltar após o término do tempo separados e poderão novamente viver uma vida feliz a dois. Acreditando cega e fielmente nisso, Pat tem como única obsessão e único motivo para viver a certeza de que poderá estar novamente com sua esposa. E para isso ele se torna um viciado em malhação e a todos os instantes se lembra de ser mais gentil em vez de ter razão, de se tornar uma pessoa melhor, de mudar e evoluir para merecer seu amor de volta. Em meio a essa fé inabalável, Pat tem que enfrentar a relação difícil com o pai, cujo humor varia de acordo com as vitórias de seu time e com as demais pessoas a sua volta tentando fazê-lo enxergar a dura realidade da vida.
Confesso que primeiramente me interessei pela história pela atriz Jennifer Lawrence, que interpreta a personagem Tiffany, uma das protagonistas da história. Como fã da atriz e após ter visto ao trailer do filme, decidi comprar este livro. A princípio, imaginei a história totalmente diferente. Talvez pensei que se tratasse de algo mais romântico ou coisa parecida. Em dois dias percebi que estava totalmente engando, mas para a melhor! A história comovente de Pat me surpreendeu e o livro se mostrou cheio de uma naturalidade e de uma leveza profunda e incontestável. Como não me emocionar com a fé e a esperança de Pat, em tentar ver sempre o lado bom das coisas, em se esforçar para ser melhor, para ser digno e merecedor, para aproveitar o lado bom da vida? E como não sentir uma simpatia grandiosa por Tiffany, que apesar das constantes mudanças de temperamento e de atitudes, se mostrou uma grande amiga e uma pessoa importante e decisiva na vida do nosso herói? Esses dois personagens centrais possuem uma profundidade complexa e um desenvolvimento para lá de interessante a medida que as páginas avançam. São complexos por seus sentimentos, por seus pensamentos e por seus atos. São misteriosos, enigmáticos; mas sinceros e apaixonantes. Ao ler esse livro, eu podia sentir de tudo, era um misto de alegria, de compaixão e de pena, com esperança, fé e amor. Foi uma explosão de sentimentos completa.
Os momentos mais maravilhosos dessa história se deram quando Tifanny e Pat iniciaram os ensaios para a dança, chegando ao ápice na apresentação, que foi tão bem detalhada e escrita, que me emocionou do início ao fim. Outro momento maravilhoso e de profunda sensibilidade se deve às cartas trocadas entre Pat e "Nikki", bem como também quando o Doutor Cliff compreendia exatamente as necessidades e dúvidas de Pat. O que também gostei e achei bem interessante, foi a construção gradual da relação de Pat com todas as personagens envolvidas, desde sua mãe (adorável, por sinal), seu irmão, seu amigo, a pequena Emily (uma fofa), Tiffany, até seu pai (que homem escroto e nojento)!
Em nenhum momento a leitura me cansou. É tão envolvente que é difícil largar. Realmente MUITO difícil. Pat narra com uma destreza, uma leveza, que você se vê na situação dele, analisando sob seu ponto de vista, tentando entender o motivo de tudo. Os únicos momentos que realmente me irritavam eram aqueles que se concentravam no futebol americano, mais especificamente no time "E-!-A-!G-!L-!E-!S-!" Eagles! Sinceramente, quando eu via um "AHHHHHHHHHHHHHH!" estampado na página, já me dava nos nervos. Não sei se é porque não curto futebol de nenhuma maneira (inclusive o americano) e não conheço nada sobre, ou se é porque achei que o autor perdeu tempo demais narrando sobre as partidas, os jogadores e o quanto os torcedores são chatos, irritantes e absolutamente cansativos, apenas reforçando minha opinião de que fanatismo no campo é a pior coisa que existe. Mas fazer o quê, eu não poderia pular esses trechos... Até foi interessante ver a relção de Pat com o terapeuta fora das sessões!
Enfim, eu poderia falar horas e horas sobre esse livro. É até engraçado, porque quanto mais escrevo sobre ele, mais quero escrever. É tão complexo e ao mesmo tempo inocente, que não tem como interpretá-lo ou analisá-lo por um ângulo só; é preciso muito mais que isso, é preciso ter vários pontos de vista, é preciso ter uma visão ampla e além de tudo, é preciso compreender a diferença de um personagem que têm problemas mentais e um que não tem. E sinceramente, mesmo com seus problemas, seus devaneios, suas loucuras, suas crises e seus ataques, Pat me mostrou ser uma pessoa muito melhor e mais positiva que qualquer pessoa em seu juízo perfeito. E esse é seu ponto positivo. Acreditar em finais felizes, ter esperança... Por mais que saibamos que a vida real é dura, difícil e nem sempre existem finais felizes de verdade; não custa nada acreditar, ter fé, ter esperanças, ver as coisas pelo seu lado bom, pelo seu positivismo. Só traz bem... No caso de Pat, ele não teve o final feliz que queria com Nikki, mas começou uma história nova para ter um final feliz com Tiffany. E essa crença no lado bom da vida, só lhe fez bem.
Um livro admirável e inesquecível para mim. Indico para todos, MESMO. Agora pretendo assistir ao filme. Sei que entre os dois há diferenças e algumas até mesmo gritantes, mas confio nos atores, principalmente na Jennifer que ganhou o tão estimado Oscar de melhor atriz e acredito que vou me emocionar no filme tanto quanto me emocionei no livro. Depois disso, eu acredito no LADO BOM DA VIDA :)