Ká Guimaraes 27/09/2013Resenha feita pela Carolina DurãesEsse livro me deixou dividida. Quando finalizei a leitura fiquei apaixonada pela trama, porém a protagonista não me conquistou. Emily em diversos momentos me pareceu desprovida de sentimentos, um pouco fria e indiferente demais em relação a sua vida. Emily é uma escritora de um livro só. Sabe quando o autor faz um mega sucesso com um livro, mas depois encontra-se com um bloqueio?
"Depois que Chamando Ali Larson foi publicado, minha agente me incentivou a escrever uma sequência. Os leitores queriam uma continuação, ela me disse então. E minha editora já havia oferecido o dobro do meu adiantamento para um segundo livro. Mas, por mais que eu tentasse, não tinha mais nada para escrever, nada mais a dizer. E, finalmente, minha agente parou de ligar. Os editores pararam de se espantar. Os leitores pararam de se importar. A única evidência de que minha vida anterior não tinha sido apenas uma invenção eram os cheques de royalties que vinham pelo correio de vez em quando, e uma carta ocasional que recebia de um leitor um pouco perturbado chamado Lester McCain, que se dizia apaixonado por Alie, a personagem principal do meu livro". (p.16)
Morando na Big Apple e tendo problemas com Joel, seu ex-marido, Emily conta com Annabelle, sua melhor amiga, para desabafar e colocar a sua vida nos eixos. Annabelle é engraçada e meio maluquinha, praticamente o oposto de Emily:
"Annabelle é alta, magra e bonita - bonita como Julia Roberts, com seus longos cabelos escuros ondulados, pele de porcelana e intensos olhos escuros. Aos 33 anos, ela nunca havia se casado. A razão, ela dizia, era o jazz. Ela não poderia encontrar um homem que gostasse de Miles Davis e Herbie Hancock tanto quanto ela". (p.15)
Vendo que continuar na cidade não estava dando certo, Emily acaba relembrando do local onde realmente era feliz: Bainbridge island.
"Dessa vez, permiti que minha mente vagasse, e quando ela o fez, pensei imediatamente em minha tia-avó Bee, tia de minha mãe e em sua casa em Bainbridge island, no estado de Washington. Eu sentia falta dela tanto quanto sentia da ilha. Como havia deixado passar tantos anos desde minha última visita? Bee, que tinha 85 anos com aparência de 29, nunca teve filhos, por isso minha irmã e eu, por definição, tornarmo-nos suas netas substitutas". (p.19)
Partindo para ilha, para passar um tempo com Bee (uma senhorinha que a primeira vista é um tanto "excêntrica"), Emily irá realizar uma reflexão da sua vida, com a ajuda de Bee, seu vizinho Henry e Evelyn. O que ela vai descobrir ao encontrar o diário de Esther, é que talvez essa pacata ilha tenha mais segredos do que se imagina, e que as peças centrais estão diretamente ligadas as pessoas que ela tanto ama. Esther, a proprietária do diário, irá contar a Emily e aos leitores sobre a sua vida, suas decepções, e as suas escolhas, inclusive em relação a Elliot. Ainda em Bainbridge island, Emily estará dividida entre dois possíveis amores: um diretamente do passado (Greg) e um completo estranho Jack.
"Aquilo era estranho, excitante e desconfortável, tudo ao mesmo tempo. Ali, postado a minha frente, vestindo um avental de mercearia, estava minha paixão adolescente. E apesar dos quase vinte anos desde que o vira pela última vez, seu rosto era ainda tão familiar como havia sido no dia em que deixei que ele removesse a parte superior do meu biquíni da Supermulher e corresse as mãos pelo meu peito". (p.50)
Jack é misterioso, uma novidade bem-vinda na vida de Emily. Mas será que escolher a ele será a escolha certa ou ele tem alguma relação ao grande segredo?
O livro tem uma trama muito bem desenvolvida, e apesar de ter me conectado com os personagens secundários, como a Evelyn (uma fofa), o fato de que eu não consegui me emocionar com Emily me deixou um pouco desanimada em relação a leitura. O diário de Esther traz uma história belíssima, que faz com que o leitor reflita sobre suas próprias escolhas. Bee tem um jeito irreverente que traz um sorriso imediato durante a leitura.
Em relação a revisão, diagramação e layout, a editora fez um ótimo trabalho. Acrescentou detalhes muito bonitos no rodapé das páginas, a escolha da fonte foi perfeita e encontrei pouquíssimos erros de digitação.
"- São violetas-madeira. ...- Elas são muito raras. - ... - Você não pode plantá-las, pois elas não vão crescer. Elas têm que escolher você.-Evelyn tem uma teoria sobre essas flores. ...- Ela costumava dizer que elas crescem onde são necessárias, que elas sinalizam cura... e esperança". (p. 132)
Espero que tenham gostado da resenha!
Aguardo comentários.
Beijos
Carol
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http://www.acordeicomvontadedeler.com/2013/07/resenha-as-violetas-de-marco-qualquer.html