Drugue 13/07/2021
O Espadachim de Carvão - Affonso Solano
Eu não sou o maior fã do Affonso Solano que existe, na verdade eu gosto bastante das participações dele nos podcasts que eu escuto mas acabo por não acompanhar muito o trabalho dele fora disso, então eu confesso que eu não peguei O Espadachim de Carvão logo no lançamento e não acompanhei toda a polêmica que teve em torno do livro, o que gerou o apelido de "O Rei dos Escritores" para o Solano e a queima de pelo menos um exemplar, mas lendo a sinopse do livro eu achei bem interessante e dentro da temática dos livro que eu mais gosto, ainda não vou dar spoiler sobre minha opinião, mas vou dizer pra vocês que mesmo não sendo uma pessoa que lê rápido, esse foi um dos livros que eu demorei mais tempo para ler 1 ano e 2 meses pra ser exato... Pois é...
Segundo a sinopse oficial: "Kurgala é um mundo abandonado por Quatro Deuses. Adapak é filho de um deles. E hoje ele está sendo caçado. Perseguido por um misterioso grupo de assassinos, o jovem de pele cor de carvão se vê obrigado a deixar a ilha sagrada onde cresceu e a desbravar um mundo hostil e repleto de criaturas exóticas. Munido de uma sabedoria ímpar, mas dotado de uma inocência rara, ele agora precisará colocar em prática todo o conhecimento que adquiriu em seu isolamento para descobrir quem são seus inimigos. Mesmo que isso possa comprometer alguns dos segredos mais antigos de Kurgala." Eu acho que ela descreve bem o livro e já aponta os problemas e partes boas dele... Vamos por partes... A escrita de Affonso Solano é bem agradável, apesar de patinar as vezes, as cenas fluem e os diálogos tem um jeito bem especifico de acontecerem o que faz com que você reconheça os personagens por esses traços. Os problemas começam por Kurgala, o mundo descrito no livro, é tão único e tão diferente que basicamente tudo nele precisa ser explicado, lugares, leis, deuses, mito da criação, costumes e raças, principalmente raças e isso foi um problema pra mim, a descrição não me pareceu tão completa, na verdade me pareceu bem falha as vezes e com isso eu tive um dificuldade BEM grande de visualizar certos personagens e locais, acredito que se fazia necessária uma descrição um pouco mais apurada ou simplesmente uma pequena ilustração de cada raça do livro e de alguns locais para que isso fosse solucionado, a culpa não é toda do autor, eu tenho um certo problema com muitas raças e personagens muito diferentes, eu acabo por ter que recorrer a imagens pra garantir que eu to vendo eles da maneira certa, então talvez aqui esteja o primeiro problema e ele não é somente do livro né?
Outra coisa que pra mim foi muito acertada e um problema ao mesmo tempo foi a montagem da história, para evitar repetições e lembranças o autor optou por construir a narrativa de modo a trazer os flashbacks um capitulo antes deles serem necessários, assim você já sabia o que aconteceu e a história fluía super bem, o problema pra mim é que talvez ter acompanhado todo o crescimento de Adapak no começo do livro para só depois levá-lo ao mundo externo talvez tivesse sido melhor, assim poderíamos conhecer as coisas junto com o protagonista e muito provavelmente resolveríamos o problema das descrições das raças que eu citei lá em cima. Porém como eu disse a escolha na montagem foi acertada no ponto de que você não se perde na história, os flashbacks são usados para contar uma parte importante da vida do protagonista e se ligam com perfeição ao capitulo anterior ou ao próximo. Outro problema que eu tive foi com a primeira metade do livro, ela pareceu se arrastar pra mim, porém da metade pra frente ela ganha um ritmo e uma vida que faz com que toda a lentidão seja esquecida em prol dessa segunda parte da história e isso fez o livro ganhar muitos pontos comigo.
O Espadachim de Carvão, mesmo com os problemas citados acima, é um livro bom, você se apega a Adapak, nosso protagonista, e quer conhecer e entender mais sobre sua origem e seu destino. Kurgala é um mundo rico e interessante, talvez rico e interessante até demais, e por isso você se perde um pouco com tanta história e tantos acontecimentos, eu gostaria muito de ver um livro, no estilo de O Silmarillion, contando a história do mundo e de seus heróis, assim como gostaria muito de ver um livro descrevendo as raças, por que algumas me parecem muito interessantes. Juntando tudo isso com a segunda parte do livro você tem uma história muito bacana, com um começo lento e um final tão agitado que compensa tudo e te faz querer ler um segundo e até mesmo um terceiro livro, o final é tão amarradinho que ao mesmo tempo pode encerrar a história, como pode ser o inicio de uma nova aventura e isso me deixou bem feliz.
O livro não é indispensável, mas também não é nem de longe tão ruim como alguns pintam. Ele é uma aventura bacana em um mundo vivo, que peca um poucos nos detalhes e no ritmo, no entanto vale a pena a leitura, eu não sou de dar nota, mas de 0 a 5 eu dou 3 robôs gigantes pra ele, ele seria um 3,5 ou até mesmo um 4 se tivesse ilustrações.rs Se você se interessar pelo livro e não tiver problemas com essas introduções rápidas a mundos novos, com tudo diferente do nosso, o livro vai ser ideal pra você! Eu pretendo ler os próximos lançamentos da série e realmente gostaria de ver Affonso Solano se aventurar fora de Kurgala, mas ainda não foi o suficiente para colocar "O Rei dos Escritores" na lista de meus autores favoritos!
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