Ju 21/06/2013Jardim de InvernoMinha história com Jardim de Inverno foi bem complicada. No início eu estava odiando. Mesmo. Acho que não é uma experiência comum, porque a nota dele no skoob está muito boa. Mas, se eu tivesse o hábito de abandonar livros, com certeza teria feito isso. E, bem, agora fico grata por não ter esse costume. Porque eu me apaixonei pela segunda metade do livro.
No início da história, conhecemos Evan e Anya Whitson, um casal que vive em Washington em uma espécie de "castelo russo". É que a casa deles lembra muito esse tipo de construção, já que Anya é russa e, aparentemente, convenceu o marido a lhe permitir ter um pedaço de casa sempre consigo. O casal tem duas filhas: Meredith, a mais velha e que seguiu os passos do pai até mesmo na constituição de sua família - é casada com Jeff e tem duas filhas, Jillian e Maddy -; e Nina, que tem uma vida bem diferente.
Ela é uma fotógrafa muito famosa, que já viajou por grande parte do mundo para captar momentos que mostrem a todos até onde a maldade humana pode chegar, seja em relação a outros seres humanos, seja em relação aos animais. Nina namora Danny há vários anos, mas eles só se encontram eventualmente, quando os dois conseguem um tempo disponível.
"Como ela, tinha olhos velhos. Era uma consequência da profissão. Tinham visto coisas terríveis demais. Mas fora isso que os aproximara. O que tinham em comum. O desejo de ver tudo, de conhecer tudo, não importava qual terrível fosse."
Quando o pai de Nina fica doente, ela precisa voltar para casa e fazer o que considera quase impossível: descobrir um modo de amar sua mãe e de sentir-se amada por ela. Mas uma promessa feita ao pai lhe dá forças, e seu faro investigativo faz o restante. Sabe que realmente precisa ouvir um "conto de fadas" que a mãe começou a contar quando ela e a irmã eram crianças. Precisa saber o fim da história, e prestar atenção de verdade no começo também.
"- Perder o amor é algo terrível - Mamãe disse suavemente -, mas virar as costas para ele é insuportável. Você vai passar o resto da vida repassando isso na sua cabeça? Imaginando se se afastou cedo demais ou com facilidade demais? Ou se vai algum dia amar alguém novamente com tanta profundidade?"
Foi exatamente essa história que chamou minha atenção e que me prendeu ao livro depois de muito tempo sofrendo com a leitura. Quando Anya toma a decisão de contar o "conto de fadas", a narrativa cresce muito. Vemos cada uma dessas mulheres se redescobrindo, crescendo, mudando. Vemos as três se tornando uma família. A história é mega emocionante e tocante, e não tem como não se entregar a ela.
"Como era possível que sua vida inteira fosse destilada nessa verdade tão simples? As palavras importam. Sua vida fora definida por coisas ditas e não ditas."
Não quero contar muito para vocês (na verdade a sinopse já conta demais), mas preciso comentar que a Segunda Guerra está presente em grande parte das páginas, e que muitas coisas que lemos são de partir o coração. É inacreditável o horror que a guerra pode proporcionar. Dói só de imaginar, não consigo ter noção de como é viver numa época dessas, em que tudo é tirado de você, inclusive grande parte de sua humanidade.
"- Você ficaria surpresa com o que o coração humano pode suportar."
Mas, no fim, o livro tem uma mensagem de esperança. Não tem como terminar a leitura sem ter repensado a própria vida. E, agora, é impressionante como acredito mais na minha força e capacidade. Tenho até tomado decisões importantes que foram adiadas por bastante tempo. Obrigada, Kristin.
"- Nós, mulheres, fazemos escolhas por outros, não por nós mesmas, e, quando somos mães, nós... suportamos o que for preciso por nossas crianças. Você vai protegê-las. Isso vai doer em você; isso vai doer nelas. Seu trabalho é esconder que seu coração está se partindo e fazer o que elas precisam que você faça."
Postada originalmente em: http://entrepalcoselivros.blogspot.com.br/2013/06/resenha-jardim-de-inverno.html