Edu4rd0 30/08/2011
Resenha originalmente publicada em catalisecritica.wordpress.com
Esta obra, considerada pela maioria dos fãs a melhor e mais importante de Tolkien, é uma coletânea de textos escritas pelo autor, e adaptadas por seu filho Christopher Tolkien, visto que muitos destes textos ainda estavam sobre a forma de rascunho, a lápis. É um livroque segue o estilo ame ou odeie: para quem se apaixonou pela mitologia, lendas e universo criado por Tolkien, ler este livro será uma experiência sem igual. Para os demais, será chato e entediante.
O livro descreve acontecimentos da primeira era da Terra Média, e é dividida em cinco partes: Ainulindalë, A música dos Ainur, que fala sobre a criação de Eä, o mundo; a Valaquenta fala sobre os Valar e os Maiar, os seres poderosos que moldaram o mundo; o Quenta Silmarillion, relata os principais acontecimentos de antes e durante a primeira era, sendo a principal parte do livro; Akallabèth, fala sobre os humanos do reino de Númenor, e a queda do mesmo pelas mãos de Sauron; e, finalmente, Dos Anéis de poder e da Terceira Era, fala brevemente sobre acontecimentos da terceira era (a destruição do Anel de poder marca o fim da terceira era da Terra Média).
O foco do livro é os Elfos, os primogênitos. Descreve como e por que alguns viajaram para as terras imortais, enquanto outros ficaram na terra média por amor as estrelas, fala sobre as decisões das principais famílias dos elfos, e sobre Fëanor, o maior de todos os elfos, e suas grandes criações, entre elas as Silmarils, jóias que, mais tarde, levariam os reinos élficos à ruína. Alguns contos merecem destaque, como a história de amor de Beren, um humano, e Lúthien, uma princesa élfica, o verdadeiro amor impossível do mortal e a imortal (em O Senhor dos Anéis, Frodo encontra Aragorn cantarolando uma música triste, a música de Beren e Lúthien, história que estava para se repetir com Aragorn e Arwen).
Há pouquíssimos diálogos; geralmente o próprio narrador é quem descreve as falas e as atitudes do personagem. Na verdade o que apaixona nesse livro não é sua própria existência, não é o livro em si, mas o conjunto, a obra que Tolkien escreveu. Para aqueles que não sabem, Tolkien era um grande professor de lingüística, sendo um renomado filólogo, ou estudioso da lingüística histórica, uma grande autoridade em literatura nórdica, estudando Beowulf e o Kalevala (conheci essas obras através das HQs de Carl Barks e Don Rosa, com Tio Patinhas e Cia, mas isso já é outra história). Criou vários idiomas (os mais completos são o Quenya e o Sindarin, mas há vários outros menos detalhados na lista), sistemas de escrita rúnicos, as Angerthas, e os Tengwar, caracteres de Fëanor. Era apaixonado pelos detalhes, runas e idiomas como o finlandês.
Sua obra grandiosa inspirou e inspira milhares de pessoas. Em jogos de vídeo-game é comum encontrar nomes e referências a obra de Tolkien (em castlevania temos o First of Tulkas, em Dota temos Mithril Hammer). Blind Guardian baseou seu CD Nightfall in midle earth neste livro. Uma coisa curiosa é que na lápide de Tolkien e de sua mulher está escrito, abaixo de seus nomes, as inscrições “Beren” e “Lúthien”, o grande amor que inspirou seu conto.
É uma obra fantástica. Se você leu as obras mais famosas do autor e se apaixonou, ou é viciado em mitos, lendas e contos nórdicos ou celtas, leia o livro. Mas se você acompanhou o sucesso do cinema mas não sentiu muito interesse pela terra média, fique longe do livro. O silmarillion não é para você.