Vinicius Takaki 10/08/2013
Todos sabemos que Krypton explodiu, mas como era Krypton, seus habitantes, seus costumes, antes disso acontecer?
Nunca fui um grande fã de super heróis quando criança, mas claro que conheço, pelo menos superficialmente, os grandes e famosos como o Batman, Superman, X-men, Homem Aranha, Homem de Ferro (que li ANTES dos filmes com o Downey Jr.). Além do mais, ainda era mais fã de Marvel do que DC... então, se até mesmo eu sei que o planeta natal do Superman, Krypton, explodiu, imagino que você que veio ler essa resenha e tem interesse no livro também saiba né? Nada de spoilers por aqui!
Os Últimos Dias de Krypton (2013, Kevin J. Anderson, 464 páginas, pelo selo Fantasy Casa das Palavras, da editora Leya) saiu por aqui convenientemente próximo do lançamento do filme Homem de Aço, agora em 2013, mas originalmente é de 2007. O autor, que de acordo com a 3° capa escreveu mais de 80 obras, é bem conhecido no mundo da ficção científica, tendo escrito livros sobre Star Wars, Star Trek, Arquivo X, Starcraft e também as prequels de Duna (junto com Brian Herbert), e já concorreu ao prêmio Nebula, que junto do Hugo, são os mais importantes da literatura de Ficção Científica e Fantasia. Nesta obra ele tentou unir as muitas diferentes lendas a respeito de Krypton e seu fatídico fim em uma história coerente, tarefa bem complicada se levarmos em conta que a primeira aparição do Homem de Aço foi em 1938, ou seja, 75 anos atrás! Com toda essa bagagem e pedigree, será que ele conseguiu produzir algo de qualidade, ou é só mais uma obra caça-níqueis que quer se apossar nosso rico dinheirinho? Vamos descobrir!
Neste livro acompanhamos Jor-El, pai do Superman, gênio e importante cientista que diverge do pensamento estagnado da sociedade de Krypton, cujos líderes julgam a maior parte das novas invenções como perigosas e as destrói. As pessoas em geral estão satisfeitas com suas vidas, praticamente vivem numa utopia onde não precisam se esforçar por nada. Também temos Zor-El, irmão de Jor-El, líder de uma cidade costeira que é quase tão inteligente quanto seu irmão; Lara, uma artista e historiadora que conhece Jor-El ao fazer um trabalho em sua casa, e o famoso e poderoso General Zod. Na verdade, na época que começa a história ele ainda não é poderoso, tampouco general.
Zor-El e Jor-El descobrem que Krypton pode estar em perigo, pois diferentes catástrofes naturais podem acontecer a qualquer momento, mas ao levar essa informação ao Conselho, não recebem grande atenção. Krypton era rica e próspera, assim como acomodada, até que a visita inesperada de um alienígena inicia diferentes eventos convergem num momento perfeito para Zod fazer o que sempre ansiou: tomar o poder. Zod se aproveitou de um momento de necessidade e pânico dos habitantes de Krypton para se erger como seu salvador, mas aos poucos sua verdadeira personalidade vem à tona, e ela não é nem um pouco agradável ou autruísta. Os irmãos então, cada um ao seu modo, correm para salvar Krypton de Zod, além de também correrem contra o tempo para evitar as eminentes catástrofes. Já sabemos que eles não conseguiram evitar o fim de Krypton, mas como exatamente ela se foi? Leia o livro e descobrirá!
Os personagens desse livro são bem interessantes, cada um tem sua personalidade bem definida: Jor-El é o gênio cientista, se baseia em fatos, busca o conhecimento e não tem interesse na política, já seu irmão, embora quase tão inteligente, é líder de uma cidade e gasta mais tempo cuidando de seus habitantes do que pesquisando. Lara é uma boa pessoa, muito honesta e altruísta, características que seu filho herdou. Zod é muito inteligente também, mas de um modo diferente: ele tem a inteligência de saber quando e como agir para conseguir sempre o benefício próprio. Os personagens secundários também são interessantes e todos cumprem bem o seu papel, com destaque para o grande bruto Nam-Ek, ajudante de Zod, que é mudo mas segue suas ordens cegamente (turum-tss). Também aparecem aqui alguns personagens bem famosos da mitologia do Superman, mas não vou citá-los para não estragar a surpresa, além das cidades de Kandor, Argo e Kryptonopolis, que pela minha pequena pesquisa, parecem ter sido retratadas de forma levemente diferente da dos quadrinhos (novamente, 75 anos de história geraram muitas diferentes versões dos fatos). O mundo é descrito com riqueza de detalhes, mas sem exagero: cada cidade tem suas peculiaridades, uma é portuária, outra flutuante, e Kandor tem uma arquitetura baseada em cristais que certamente a fazem parecer com uma cidade alienígena aos nossos olhos terraqueos.
A trama é bem construída: aos poucos vamos sendo apresentados aos personagens e aos seus interesses, assim como às diferentes paisagens que Krypton podia nos oferecer. O livro começa um pouco mais devagar, com todas as história e personagens separados, mas seus caminhos se cruzam até que na reta final acontece uma grande escalada de suspense, as últimas páginas eu li com um crescente interesse em saber o que ia acontecer, ótimo trabalho do autor em me manter cada vez mais interessado até o fim.
Kevin J. Anderson fez um ótimo trabalho em juntar diferentes elementos que fazem parte da mitologia do Homem de Aço em uma só história, e tenho certeza que os fãs vão apreciar ainda mais os lugares e personagens familiares que aparecem no livro. A trama é bem interessante, bem construída e amarrada, cada personagem tem seu papel e o executa com precisão. O mais interessante desse livro é que ele pode ser lido por qualquer um, pois não é uma história do Superman, e sim de um planeta com uma sociedade próspera, que por um conjunto de diferentes fatores encontra um improvável, mas inevitável, fim. Pelo menos no final descobrimos que fim levou Krypton. É uma ótima história com um pano de fundo de ficção científica que eu aprovei e recomendo a qualquer um que tenha o mínimo interesse.
* * * * - (4 de 5) Um ótimo livro pros fãs do Homem de Aço, e até para aqueles que, assim como eu, conhecem melhor um bom livro do que uma boa história em quadrinhos. Se gostou (ou mesmo se não gostou) da resenha, deixe um comentário, até a próxima!