spoiler visualizarLucas.Laurindo 21/01/2021
"Você não pode 'enxergar o que está por trás' das coisas sempre" - C.S Lewis
Quando falamos sobre as obras de Lewis, entende-se que haverá uma certa dificuldade com a prolixidade do autor em demonstrar ideias, apesar de sistemáticas e profundas, que podem confundir o leitor. Mas com a leitura atenta e paciente, sempre há lições para proveito do leitor simples. (minha opinião está no último parágrafo desta tentativa de descrever o que talvez eu tenha entendido. Portanto, se quiser, pode pular pro último parágrafo)
Em síntese, Lewis inicia suas críticas sobre um Livro didático, ao qual ele suprime o nome do livro e dos autores, chamando-os de “Livro Verde” de “Gaio e Tito”. Ele afirma que tais autores, utilizam de uma linguagem filosófica, o que nem de perto seria o ensino de literatura “ou gramatica como ele cita na página 19”, a qual o livro se propunha, mas suprimindo, de “forma didática”, os sentimentos dos alunos que tiveram acesso a leitura do livro. Em larga escala, isso torna as pessoas livres de sentimento, e na ideia, tem suas marcas instintivas excessivas. Sobre isso ele explana como “primata civilizado” e de “homem urbano mesquinho”. Sintetizando toda ideia nas palavras do autor — “Sem auxilio das emoções treinadas, o intelecto é impotente contra o organismo animal”, “A operação livro verde e de gêneros semelhantes é produzir homens sem peito”.
No capitulo dois, Lewis então se atem a volta dos homens às raízes, no sentido de que Existe uma Natureza instintiva pura, (ao qual ele denomina “TAO” (entendi, (talvez não), como sendo a Cosmo visão Cristão), em que o homem está condicionado a viver dentro dela, e por ela, ou se retirar e viver unicamente conforme o instinto ditado pela ciência, sem emoções. O que nos faz comparar muito com nossa época, relativista. As pessoas dotadas da ciência, fora do Tao simplesmente aderem ao relativismo, e tem seu ponto de vista fora de uma lei maior, ou um parâmetro que ditaria um caminho certo ou errado. Quem decidi ter como premissa o “TAO”, conforme Lewis, “Admite o desenvolvimento a partir de dentro (A partir do TAO)”.
No capitulo Três, que leva o nome do próprio Livro — “a Abolição do homem” — o autor então une as ideias dos dois primeiros capítulos, O sentimento, a natureza e o controle do homem sobre a mesma. Em certo momento entende-se que o homem não tem domínio sobre a natureza, mas que a natureza domina sobre o homem a fim de voltar aos princípios. Se a natureza está se destruindo, na realidade o homem é quem está partindo, para que enfim a natureza volte a ser o princípio do próprio homem. O homem que detém a Ciência, sempre estará a cima das gerações posteriores. O domínio cientifico sempre estará nas mãos da geração anterior. Porém quando esse homem sentir que tem o domínio sobre a ciência, na realidade ele perde, deixando assim para a próxima geração talvez o “erro” ou o “acerto”. Como o próprio autor traz na ideia do livro, nem sempre existe um erro e um acerto dentro do que é ruim. Entretanto dentro do TAO há princípios justos, enquanto boa parte da ciência que domina o mundo, não tem o TAO como premissa.
Por fim, Lewis deixa um Apêndice com várias citações, que podem ser entendidas como lições práticas, sobre tudo o que ele relata no livro e, as últimas páginas são as referências cruzadas que é de suma importância utiliza-las durante a leitura.
Em minha visão, o Livro é confuso para leitores simples (me incluo nessa). É possível tirar boas lições e ideias. Entretanto, a leitura deve ser cheia de idas e vindas, acompanhada de um Lápis e marcadores coloridos para poder tentar compreender a prolixidade de Lewis, ou talvez tentar se desvencilhar um pouco da falta de compreensão filosófica. Filósofos fazem bom proveito dessa obra.