Andrea 13/09/2013"A alma humana é uma floresta escura."
Conheci esse livro no Facebook, não sei se pela página da própria editora, até então desconhecida por mim, ou pela do Skoob. De todo jeito, como estava numa fase Hannibal, me interessei na hora. E fiquei mais interessada ainda depois de saber que o livro era capa-dura e tinha todo um trabalho de arte mais trabalhado.
A minha edição, infelizmente, é a simples: sem as luvas, o saco para evidências e a fita amarela para delimitar cena do crime. O kit bonitinho ainda estava em pré-venda e eu queria ler logo. Não aguentei esperar. Mas mesmo sem todos os fru-frus, o livro é realmente bem-feito. E pesado. Passeei com ele algumas vezes, mas não recomendo. Ele tem bastantes imagens e fotos e é bem colorido.
Minha principal preocupação quando compro livros traduzidos, ainda mais os de editoras novas, é justamente em relação à tradução e revisão. Já fui enganada antes por livros bonitos por fora e decepcionantes por dentro. Apesar dos defeitos da história (falarei sobre isso mais tarde), Anatomia do Mal é um livro cuja tradução/revisão teve um certo cuidado. Achei um ou dois erros de concordância só, mas bem mais em se tratando de datas. Algumas não faziam sentido e outras estavam erradas mesmo. Inclusive, na carta supostamente enviada por Jack o Estripador, você vê o 17 na cópia, mas traduziram como 25. (E o fax do Zodíaco que nem foi traduzido?!)
Quanto à narrativa e à história, no geral, é um livro muito bom e interessante, mas com altos e baixos. Talvez pra quem lê bastante sobre o assunto, seja repetitivo no todo, mas eu não conhecia metade dos assassinos citados. Na verdade, acho que só conhecia o próprio Estripador e bem de longe. Gosto do assunto, mas nunca parei pra realmente ler sobre ele. Acho que nunca tive coragem antes.
Comecei a leitura meio insensível. O que mais tinha me chocado até então era um serial killer que ficou louco e desenvolveu uma obsessão com as próprias fezes. Aí fui lendo e acho que a ficha caiu que tudo era real. Pessoas assim existiram (e ainda existem!) e coisas assim acontecem. Também fiquei chocada com os assassinos não norte-americanos, inclusive um serial killer do Brasil foi citado e eu podia jurar que falariam do Maníaco do Parque, mas não aconteceu. Terminei o livro pensando, meu Deus em que mundo vivemos?!
Demorei bastante pra terminar. O livro tem quase 500 páginas e eu não conseguia ler muito de uma vez. São muitas datas, muitos nomes e muitos crimes pra se lembrar. Sem contar que ler antes de deitar era garantia de não dormir bem.
Mesmo levando em conta o quão tudo era novidade pra mim, o livro teve alguns pontos negativos. Primeiro, a divisão da história é meio confusa. Por isso, a narrativa é repetitiva muitas vezes. Todo serial killer é um dos mais prolíficos, mais cruéis, mais perversos dos anos 1xxx. Sem contar que os mais famosos são citados a todo momento. Chegou uma hora que eu já não sabia mais se tinha lido ou não a ficha criminal deles e, como descobri depois, poderia ter pesquisado no índice e notado que eles ganharam uma parte própria lá no final. Albert Fish aparece duas vezes, pra nosso horror.
É um livro que eu recomendo pra quem gosta do assunto ou tem curiosidade. É forte, mas sempre achei que ler é mais tranquilo que ver, até porque eu tendo a não me ater ao narrado.
Ah, e destaque para um dos meus autores favoritos, Jonathan Kellerman, que teve seu livro de não-ficção sobre crianças violentas (Filhos Selvagens, que pretendo ler), super elogiado e citado nas leituras recomendadas na parte sobre crianças assassinas.