Gustavo 28/02/2022
Que soco no estômago
Javier Naranjo, um professor, viu que as crianças tinham um potencial absurdo de pensadores, mesmo jovens. E ele fez esse projeto, usando palavras e pedindo para crianças definirem o que elas achavam de cada uma delas.
E que cartada.
Esse é aquele livro que tu pode ler rapidinho, mas ao mesmo tempo, transporta quem lê para um estado de reflexão absurdo.
Lendo algumas das definições das crianças, eu fiquei me perguntando: O que essas crianças passaram para saber de cada uma dessas coisas?
São coisas que mesmo sem linguagens rebuscadas e super decoradas, consegue dar um soco no estômago que, sério. Curto, reto e grosso.
É um livro que é necessário ler várias vezes, porque uma só não é suficiente e nem nunca vai ser.
E vale também a reflexão de como vemos as crianças. Sempre pensamos como seres em menor escala, ou mini-pessoas. E meio que tira o status de ser humano e de criatura pensante da criança. E poder ver através dos olhos de uma criança como ela enxerga o mundo, é algo inacreditável.
Aqui vão algumas das melhores definições do livro:
- Morte:
"Forma de não existir e estar em um lugar incerto.
(Melissa Palacio, 12 anos)"
- Poesia:
"Expressão de reprimidos.
(Eulalia Vélez, 12 anos)"
- Suicídio:
"É alguém se matar por instinto.
(Mary Luz Arbeláez, 9 anos)"
- Terra:
"Cimento de carne de onde o homem nasceu.
(Alejandro López, 9 anos)"
- Vida:
"A vida é trabalho, amargura e liberdade.
(Walter de Jesús Arias, 10 anos)"
- Violência:
"Alguém pega uma menina e faz amor.
(Javier Ignacio Ramírez, 6 anos)"
"É quando as crianças e as pessoas estão violadas.
(Tatiana Ramírez, 7 anos)"
"Se fizerem violência no país, eu vou embora.
(Yeny Andrea Rodríguez, 8 anos)"
"Parte ruim da paz.
(Sara Martínez, 7 anos)"
Para Casa Das Estrelas, eu dou cinco estrelas e um coraçãozinho.