Brunna 05/05/2014Singular, diferente, original, raro, inusitado. Único.A não sabe o quê exatamente ele é. Sim, porque este ser(?) nem sequer sabe se ele é uma pessoa. Toda manhã, A acorda em um corpo diferente, em uma vida diferente. Os corpos tem sempre a mesma idade que A (agora, 16 anos), mas podem ser menino ou menina, rico ou pobre, gordo ou magro, negro ou branco, heterossexual ou homossexual, drogado, suicida, explorado, doente, religioso ou simplesmente comum.
Sem jamais ocupar o mesmo corpo duas vezes, A não tem o mínimo controle sobre quem será ou onde estará no dia seguinte, mas até que já se acostumou com esse fato, afinal, sua vida nunca fora de outra forma.
Simplesmente passando pelos dias, A segue sua realidade interferindo o mínimo possível e quase não se envolvendo no cotidiano das pessoas que pega os corpos emprestados, isso até conhecer a namorada do rapaz que está habitando no momento. A se apaixona pela garota e passa a desejar, mais do que tudo, um corpo só para si, para poder ficar com Rhiannon dia após dia, todo dia. No entanto, como exigir a aceitação de uma pessoa para uma situação que nem mesmo A sabe definir?
Singular, diferente, original, raro, inusitado. Único. Faltam palavras para tentar definir Todo Dia, esse livro simples, mas com tanto a transmitir. O autor conseguiu criar um protagonista ímpar, que não tem preconceitos ou pensamentos limitados. A é encantador, delicado, sensível, meigo, que tem ambições e seu próprio modo de ver o mundo. Por já ter vivido tantas vidas, A tem uma mente aberta para diversos assuntos.
A conhece muitas realidades, e, como a narrativa é em primeira pessoa, é difícil para o leitor acompanhar algumas delas. É angustiante ver como a vida de alguns seres humanos pode ser tão horrível, é desesperador ver como alguém pode passar por tanta coisa difícil, é completamente aflitivo ao menos pensar o quanto uma pessoa pode sofrer tanto. E nós aqui, cheio de convicções, certezas e pré-conceitos, fazendo diversos julgamentos de tudo e de todos, na maior parte deles de maneira mais que equivocada. E o autor faz isso conosco, vai retirando nossas cascas, mostrando o quanto um ser que se diz racional pode ser mesquinho e cruel, deixando rótulos de lado, passando uma verdadeira lição, mas sem o tom de uma.
O romance é tocante, eu me via torcendo para que tudo desse certo. Consegui me afeiçoar aos dois personagens e entender o lado de ambos. Apenas senti falta de uma explicação mais amarradinha para a questão quem/o quê é A?. E que final foi esse? A última página me deixou completamente confusa e sem saber o que fazer/pensar/falar/agir. Passei o resto do dia introspectiva e até agora continuo sem entender esse final.
Perceberam o quanto fiquei envolvida com a história? Perceberam o quanto gostei desse livro? Perceberam quão grandioso ele é? Mesmo que eu tenha ficado cheia de dúvidas e questionamentos, não posso dizer nada menos que leialeialeia.
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