TiagoHelmer 19/10/2018Mais um excelente livro de Laurentino Gomes. Esse livro é o último da trilogia e em minha opinião, consta nele o melhor capítulo de todos os três: “O baile”. É fascinante como o autor consegue juntar dados históricos e escreve-los como um romance. Nesse capítulo em questão, o professor Benjamin Constant, olha ao longe na ilha Fiscal onde acontecia um extravagante baile organizado pelo Imperador. As luzes e fogos chamam a atenção de todos. A pequena filha do professor olha para as luzes e pede para o pai leva-la, porém isso não é possível, pois a festa é só para os convidados. Imagino o que teria passado na cabeça de Benjamin, pois tudo já estava preparado para derrubar a monarquia e isso de fato aconteceu seis dias após o baile. O professor teve uma vida repleta de decepções, uma delas é a questão de sempre passar em primeiro lugar em concursos públicos para professor, mas os outros candidatos que possuíam mais influência com os poderosos conseguiam as vagas. Benjamin Constant pegou suas frustrações com as injustiças do império e foi até o fim, sua perseverança mudou a história. Foi ele quem convenceu os alunos militares a lutarem, o que acarretou na proclamação da república (pois os civis, mais uma vez, não se organizaram, mesmo com os esforços do repórter Quintino Bocaiuva e outros). Penso que ele olhou para as luzes e imaginou que um dia sua filha poderia participar de algo assim, pois uma nova era de justiça, democracia e meritocracia chegariam. Bom, não foi bem assim o que aconteceu após a proclamação da república, mas a esperança era o que o abraçava naquele momento.
Laurentino segue o mesmo padrão dos livros anteriores, escrevendo capítulos de importância entre acontecimentos históricos e biografias dos envolvidos, sempre com base em fontes históricas. Ele fala sobre o pobre Imperador D. Pedro II que se pudesse mudar de vida com um cientista não pensaria duas vezes. Também tem um capítulo da princesa Isabel e seu fascínio abolicionista, mas que também se mostrou uma religiosa irracional totalmente despreparada para um terceiro reinado. A parte que fala do proclamador da república, o marechal Deodoro da Fonseca também foi bem interessante, pois mostra como ele estava indeciso sobre a república, inclusive no dia da proclamação. As motivações para a proclamação pareceu muito mais de caráter pessoal, uma vez que ele ficou furioso com a decisão da monarquia para afasta-lo, mandando-o para Mato Grosso, lá ele deveria receber ordens de alguém de posto hierárquico inferior. Ele também ficou irritado em saber que seu adversário da vida privada Silveira Martins, ganhava mais poder.
Como os outros dois livros essa é uma obra extremamente informativa para a história do Brasil e mesmo quem não tem muito afinidade com história, provavelmente vai gostar, pois Laurentino escreve muito bem e tenta trazer as informações necessárias para entender o período, além de mostrar a vida dos envolvidos da maneira mais real possível.