Karla 28/03/2017
Não é resenha. Sem spoilers.
Este texto não é uma resenha, pois não sou resenhista e amo dar spoilers. No entanto, esse texto não trata de spoilers, não trata de resumir o livro, nada do tipo. Então, vamos lá!
Estou até meio sem jeito de falar sobre o assunto, mas é necessário. É necessário porque chorei por quase uma hora, copiosamente, após terminar de ler o livro. Não chorei no decorrer da história, pois como o personagem, Mic, sou -tento ser- bem durona, ao menos, tento manter aparência de estabilidade.
Nunca antes eu havia lido um livro que abordasse tantos assuntos críticos, dolorosos e amorosos como este, em tão poucas páginas. Eu sou a dona de abandonar leituras quando não sou amarrada por elas logo de cara. Mas a curiosidade não me permitiu dançar em um solo menos difícil do que este, coberto por cacos de vidro.
Do início ao fim fui sentada, pela escritora, em uma carteira de sala de aula, e não pude me negar o aprendizado que me era oferecido e cada linha. A vida foi tão crua e impassível de ser cozida, e tive que engolir tudo, acompanhada de litros e litros de amor. Uma das principais lições que aprendi foi que os problemas não anulam o amor e que o amor não anula os problemas. Mas isso, tratando-se do verdadeiro amor. Sem limitá-lo ao conjugal e familiar, mas em todas as vertentes.
Aborto, transtorno bipolar, câncer, vida conjugal, hereditariedade, amor fraternal e perdas, são alguns dos assuntos abordados no livro, e todos, sem exceção, abordados excelentemente. Obviamente o livro não limita-se a isto, a trama toda é espetacularmente engendrada com fios de realidade, amor e perseverança. Cada parte atua de forma magnífica. A história não deixa vácuos.
Cada personagem sabe bem como se portar humanamente, e até mesmo quando há algum impasse as coisas se desenrolam como deveria acontecer na vida real. Descobri que um dos maiores problemas da humanidade se chama orgulho. Quando não nos rendemos a um pedido de desculpas, quando não nos rendemos a pedir desculpas, quando simplesmente não nos rendemos a tratar o outro melhor do que a nós mesmos, estamos agindo do modo mais orgulhoso que poderíamos e não deveríamos.
Lu e Mic dão aulas com louvor sobre vida a dois. Priss não falha em se render. Lil está sempre presente com seu coração, mesmo quando quer sentir-se irada. Ron não deixa de ser quem é por causa de nenhum fator externo. Abby, simplesmente, desabrocha quando não havia mais jardim.
Todos os horizontes expandem-se a respeito de desequilíbrio químico mental, a respeito de desordem genética, proliferação de células, assassinato -aborto, e ausências. nada mais continua sendo o que outrora fora. Nada pode permanecer intacto após argumentos tão sensíveis e pontiagudos. Nenhum coração pode permanecer impenetrável após a vida mostrar-se tão como ela é: VIDA, ou seu revés!
Recomendo vigorosamente que leiam o livro, que se deixem ser lidos por ele. Que sejam, como eu fui, engolidos pelo amor.