Pedro Henrique 03/04/2021
Atentem-se à pergunta ao final da resenha
"Certa manhã, ao acordar de sonhos intranquilos, Gregor Samsa encontrou-se, na sua cama, metamorfoseado num inseto monstruoso", o que fatidicamente alterou todo o rumo de sua história, fazendo-o de um homem caixeiro-viajante que, inclusive, sustentava seus pais e sua irmã, para um inseto "incapaz" e incompreendido.
A metamorfose em um inseto, por óbvio, era algo metafórico, apenas para ilustrar uma transformação drástica na vida de alguém.
E assim, Franz Kafka destaca a fragilidade humana frente às diversas opressões que diariamente ceifam vidas, sonhos e sentimentos, atingindo, assim, um nível elevadíssimo de reflexão.
E mais, de melancolia também, por mostrar como tudo tão de repente pode mudar e como, em detrimento de tal mudança, podemos ser completamente incompreendidos e ignorados, inclusive por aqueles que mais amamos.
Franz Kafka - o mesmo que um dia disse que "tudo o que não é literatura me aborrece" é genial, pois, utiliza-se de exemplos absurdos ou exagerados para narrar coisas óbvias e triviais, o que o fez, inclusive, entrar nos celébres anais da literatura clássica, com notável destaque a essa obra prima, escrita em 1912 e com cerca de 100 páginas, de recomendável e necessária leitura à todos.
E por sinal, ninguém melhor do que Kafka, que perdeu suas três irmãs em campos de concentração nazistas e, ainda, tinha uma pérfida relação com o pai, para retratar na literatura a realidade opressora vivida em seus tempos.
Pergunto, por fim: se alguém que você ama de repente deixar de ser o que é ou passar a viver uma situação completamente diferente, você continuaria a amá-lo? Ou, ainda, será que se isso acontecesse com você, será que os ao seu redor continuariam a te amar? Fiquem com esse asteroide colidindo em suas mentes!