SAMUEL 16/12/2013
Leitura leve, fluída, doce e divertida
Recentemente a autora, Tais Cortez, disponibilizou sua nova obra gratuitamente na Amazon durante cinco dias. Logo no primeiro dia várias pessoas se interessaram pelo livro, e durante todo o período a obra figurou altas posições nas listas de mais baixados da loja. Confesso que comédias românticas não fazem meu estilo. Mas Tais já tem um livro publicado, que há algum tempo vinha chamando minha atenção. Decidi embarcar nesse estilo tão distante de mim e experimentar algo diferente. E, afinal, eu estava mesmo precisando de uma leitura mais leve. Dei uma pausa nas 818 páginas de Stephen King que estava a consumir e me entreguei a algo mais doce e suave. Sinceramente, não me arrependo nem um pouco.
“O último homem do mundo” nos trás a história de Amanda. Uma adolescente rebelde e geniosa, filha de uma rica atriz de cinema. Nossa protagonista perdeu o pai quando era apenas um bebê, e tem um relacionamento conturbado com a mãe. Depois de, mais uma vez, ser expulsa da escola, Amanda é mandada por sua genitora a um colégio interno. Furiosa por ter sua vida decidida por sua ausente mãe, Amanda se empenha na missão de ser expulsa da nova escola custe o que custar.
Amanda tenta de todas as formas conseguir sua expulsão, mas vê todas as suas tentativas frustradas. O que só a deixa ainda mais furiosa. Nesse caminho, ela coleciona inimigos, e consegue, involuntariamente alguns amigos. A partir daí, coisas que ela jamais esperava vão acontecer.
O livro trás uma história sobre uma adolescente, narrada em primeira pessoa, e retrata conflitos tipicamente adolescentes. No entanto, isso está longe de ser seu ponto fraco. Amanda é uma personagem marcante, de personalidade forte. É a garota que eu namoraria nos meus 17 anos, mas que jamais me daria bola. E é a menina que eu gostaria de ter como irmã caçula atualmente. Forte, inteligente, teimosa e geniosa.
"Ele era muito mais forte que eu e, depois de algum tempo, percebi que aquilo não levaria a nada. Frustrada, passei a socá-lo no braço e estômago. Ele gemeu de dor e eu fiquei um pouco menos irritada."
Temos diversos estereótipos na trama: patricinhas, mauricinhos, CDF’s. E todos são peculiarmente verossímeis, com comportamentos que condizem com sua idade. Em Amanda vemos uma maturidade ímpar, mas também uma fragilidade que ela tenta esconder de todos ao seu redor.
"Fingir que estava bem era cansativo e minha armadura começava a ficar pesada demais"
A história é muito bem construída, com capítulos curtos e ágeis. A leitura flui muito bem, e a vontade de continuar é constante. A autora soube dosar muito bem o que deveria ser descrito e o que deveria ser citado, trazendo passagens rápidas de transição e priorizando os acontecimentos importantes, sem se estender desnecessariamente em detalhes menores.
Fiquei surpreso ao saber, diretamente com a autora – diga-se de passagem, muitíssimo atenciosa e simpática – que o livro não passou por uma revisão profissional. Pois o texto está muito bem escrito, e a narrativa bem estruturada, em um português e claro e gostoso de ler.
Durante a história, vemos Amanda passar por várias fases, acertar e errar diversas vezes, aprender, evoluir, crescer. Vemos a autora nos passar valores e preceitos sobre conduta e bondade. Divertimo-nos com situações inusitadas e engraçadas. Amanda não tem papas na língua e quando ela avança em uma patricinha logo no primeiro dia de aula, eu me deleitei.
“Ela repetiu e, antes que pudesse terminar a frase, eu a derrubei no chão e lhe esbofeteei repetidas vezes.”
O último homem do mundo é um livro de se ler em uma sentada. Muito recomendado para todos que desejam uma leitura leve, divertida e sem contra indicações.
site: http://meumundinhoficticio.blogspot.com.br/2013/12/resenha-o-ultimo-homem-do-mundo-tais.html