Evy 16/01/2022"Os homens da terra tem talento para acabar com coisas grandes e belas".Várias coisas me conquistaram nesse livro de Ray Bradbury e o colocaram entre os meus favoritos. Eu já era apaixonada pela narrativa de Bradbury desde Fahrenheit 451, mas depois de Prazer em Queimar e agora As Crônicas Marcianas, isso se consolidou.
Neste compilado de contos que por seguirem uma linha temporal contínua fazem com que pareça muito um romance, Bradbury nos apresenta a colonização humana em Marte. Após eventos terríveis que estão para eclodir na Terra, a população se volta para Marte como forma de escapar dos problemas. Porém, o planeta vermelho não é desabitado e com a chegada dos primeiros foguetes, um choque cultural se instala.
Fica evidente a crítica que Bradbury constrói sobre a sociedade terrestre em relação à marciana, e que o foco do livro é muito maior nos conflitos da nossa própria civilização do que no fato de existir vida em Marte. Enquanto os humanos se apresentam como individualistas e simplórios, os Marcianos são seres inteligentes e com uma cultura muito mais desenvolvida.
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Olhando para tudo isto, sabemos que não somos assim tão geniais; somos crianças excitadas, gritando com nossos foguetinhos de brinquedo e átomos, barulhentos e vivos. [...]É uma lição objetiva de civilização. Vamos aprender com Marte".
A forma enigmática com que vamos sendo levados a conhecer Marte, seus habitantes, suas invenções e a forma como se relacionam, é simplesmente a parte mais genial dessa obra pra mim e o que realmente me prendeu na leitura. Foi difícil não devorar o livro do começo ao fim, já que li em LC com o Grupo "Entre Nós" e tinha metas de leitura.
Com uma narrativa super envolvente, Bradbury nos apresenta contos impressionantes ("mind-blowing") e que ficarão na sua memória por algum tempo, personagens interessantes e tudo isso dentro de um contexto que vai fazer você refletir sobre muitas coisas importantes. Não dá pra destacar contos favoritos, pois todos são muito bons. Vale ressaltar ainda que esse livro foi publicado em 1950 com temas ainda super atuais e traz apresentação de nada menos que Jorge Luis Borges, um verdadeiro fã desta obra.
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Os foguetes chegavam como gafanhotos, em enxames, formando nuvens de fumaça rosada. E dos foguetes corriam homens com marretas nas mãos, para modelar aquele mundo estranho até um formato conhecido, eliminando toda a estranheza"
Disto isso, recomendo muito a leitura.