Kenia 04/01/2015"Tinha algo a ver com pensar que a Via Láctea é pequena demais para acharmos que estamos tão longe assim um do outro, e que uma simples reta imaginária me ligava a ela, não importava onde ela estivesse. O mesmo sentimento que eu começava a ter em relação a Anabelle."
Sabe quando você quer muito ler um livro por se apaixonar pela capa? Bom, esse foi um dos motivos que me fez querer ler o livro que com muita empolgação vou resenhar agora. Na verdade o outro motivo é que já li uma outra obra do escritor Felipe Colbert, em parceria com a querida escritora Lu Piras, chamada A Última Nota, outro livro maravilhoso e de escrita sensacional. Fui então motivada a ler Belleville, mas como não estou no Brasil, tive que conter minha ansiedade e esperar pelo presente de fim de ano que foi uma promoção do e-book que eu não sabia que existia. Acabaram-se as desculpas, e consegui finalmente me deliciar com essa história fantástica. Espero que curtam a resenha de Belleville! ♥
"Hoje é o seu dia de sorte. Você acaba de ser premiado com um passeio de montanha-russa! Espere, não estou brincando. Não despreza as minhas palavras. Leia a carta até o final para descobrir o que eu quero dizer."
A trama tem inicio no ano de 2014 com a chegada do jovem Lucius à cidade de Campos de Jordão, para cursar Matemática em uma universidade local. Seu pai conseguiu alugar uma casa antiga, e conhecendo seu novo lar pelos próximos 5 anos, o rapaz percebe uma formação de estacas fincadas no chão, em um caminho sinuoso perto de um bosque que se localiza nos fundos do terreno da casa.
Vasculhando a biblioteca de sua nova casa, ele encontra por acidente uma foto em preto e branco. Na foto, uma jovem parece estar enterrando uma caixa pequena bem próximo de um dos pilares da estranha formação que lhe chamara a atenção mais cedo e que agora instiga ainda mais sua imaginação.
Sua curiosidade o leva a querer entender aquilo, e ele não só encontra a caixa, como dentro dela há uma carta da garota da foto que se identifica como Anabelle. A moça aparenta ser a antiga moradora do casa, pois a data da carta é de 50 anos atrás, do ano de 1964.
"Quero acreditar com todas as forças que é a própria Anabelle que as está escrevendo, por mais insano que isso possa parecer. Espero não estar sendo enganado. Porém, mesmo que posteriormente alguém pule na minha frente dizendo que tudo não passa de uma enorme e fútil brincadeira, nada vai apagar a emoção que estou sentindo nesta hora em que escrevo. Nada."
Na carta, a jovem escreve para um futuro morador da casa. Ela explica que a formação é o inicio da construção de uma pequena montanha-russa, o sonho de seu falecido pai. Ele tinha interesse de presentear a filha com a montanha-russa chamada Belleville.
Porém, com sua morte, o projeto acaba se tornando também o sonho de Anabelle para concluir ela mesma, em memória ao pai. Mas sem condições, ela pede em sua carta que a pessoa que a está lendo pudesse realizar o sonho de seu pai.
Lucius até fica comovido com a carta, mas como é só um estudante, não tinha dinheiro para terminar o projeto. Por isso ele escreve uma outra carta, pedindo para que o próximo morador pensasse na proposta. E a enterra no mesmo lugar.
O que Lucius não esperava é que sua carta chegaria até Anabelle, voltando 50 anos atrás! Quando ele volta a desenterrar a caixa, encontra dentro outra carta, uma resposta de Anabelle, e daí eles começam a se corresponder dando início a uma paixão arrebatadora, sem conseguir explicar como algo tão extraordinário fora possível.
O problema é que o tempo não será o único empecilho para esse relacionamento.
"É bem provável que em algum momento essas cartas parem de atravessar as décadas que nos separam, porque milagres não são eternos. Tenho medo de que com o tempo, tudo se torne uma lembrança estranha, algo afastado de minha mente. Não sei como serão os próximos cinquenta anos que terei que enfrentar sem você. Espero que um dia voltemos a nos encontrar, seja nesta realidade ou em outra. E, se acontecer, que os deuses sejam generosos e permitam que eu a toque."
Bom, o que falar desse livro? A escrita do Colbert é muito bem construída, de uma leveza incrível e flui de um jeito inexplicável! Ele consegue mexer bastante com os sentimentos e emoções do leitor, e a cada página, a cada carta trocada entre os dois, nos faz torcer por um final bacana, seja pelo sonho da montanha-russa, como de um amor que parece impossível. Se prepare para se emocionar, teve uns capítulos que dá um aperto no coração, que a gente não quer que aconteça, é literalmente uma montanha-russa de emoções!
É uma história de amor, esperança e superação. Recomendo de longe esse livro que foi perfeito como última leitura de 2014. Leiam e se emocionem!
E não deixem de apoiar a literatura nacional com tantos talentos e obras maravilhosas!