Mari Siqueira 01/06/2014Uma viagem apaixonante no tempo <3 Belleville de Felipe Colbert definitivamente entrou para a minha lista de melhores leituras. O livro incrivelmente bem escrito, traz uma trama complexa e bem amarrada que mistura passado e presente, causa e consequência e nos mostra o poder que os sonhos têm. A capa maravilhosa da Editora Novo Conceito ilustra magnificamente a história e dá asas à imaginação do leitor.
Quem acompanha o blog sabe que livros com essa temática (viagem no tempo), de cara me encantam, mas me surpreendi com a narrativa de Colbert como há muito não era surpreendida. A barreira que separa os amantes, além de física e matematicamente impossível é extensa, afinal cinquenta anos não são cinquenta segundos. A riqueza de detalhes e a descrição minuciosa de Belleville fizeram minha imaginação correr solta e por diversas vezes fechei os olhos e entrei na história.
Anabelle vive em 1964, orfã de pai e mãe, e sem ninguém mais no mundo, ela se vê obrigada a lutar por sua sobrevivência. Com recursos escassos, nenhuma instrução e muita inocência, Anabelle vai perceber que a vida é bem mais complicada do que ela pensava ser. Com seu fofo e apaixonante gatinho Tião, a menina de dezessete anos passa a ter que roubar para comer, sem oportunidade alguma e completamente perdida, ela aprende que o mundo está repleto de pessoas ruins que só querem tirar vantagem dela.
Tudo o que a garota possui é a mansão da família e um sonho: uma montanha-russa, chamada Belleville, que está incompleta. Ela foi projetada para Anabelle, mas com a morte do pai nunca viria a ser concluída. Desesperada para terminar o que seu pai se empenhou tanto para construir, ela escreve uma carta e a enterra perto da base de Belleville, pedindo que alguém ajude a realizar esse sonho e terminar o brinquedo.
Enquanto isso, ou melhor, depois disso, já no ano de 2014, o jovem Lucius vai para Campos do Jordão em busca de um sonho, estudar matemática. Com poucos recursos, o garoto procura algum lugar modesto para morar enquanto cursa a faculdade, é quando ele se depara com uma mansão bem deteriorada, mas por incrível que pareça, um preço bem acessível. A mansão que foi habitada por Anabelle cinquenta anos atrás já não é a mesma, mas algo permanece intacto: Belleville.
Nos fundos da mansão, Lucius encontra o que parece ser o início de uma grande montanha-russa caseira. Algumas estacas de madeira, plantas do projeto e anotações antigas confirmam suas suspeitas e a curiosidade o leva a explorar o local. Sem querer, ou por obra do destino, ele encontra a fotografia de uma jovem e uma caixa contendo a carta de Anabelle.
Comovido com a carta da menina e encantado com a beleza da foto, Lucius decide escrever uma carta para o próximo morador da mansão, reforçando o desejo da jovem e pedindo para que o sonho do pai dela seja concluído. O que o estudante de matemática não espera é que sua carta-resposta viaje no tempo e seja encontrada por Anabelle. Nem toda a matemática do mundo explica o que Belleville tem de tão mágico, os dois jovens começam a se corresponder e dão início a uma paixão arrebatadora. O problema é que o tempo não será o único empecilho para esse relacionamento.
É difícil resenhar um livro que gostamos e por isso, vou encerrar essa resenha por aqui deixando vocês com vontade de saber mais. Nem todas as palavras do mundo poderiam traduzir o que senti ao ler Belleville, uma história fabulosa e incrível, que prova que o amor pode resistir ao tempo, a distância e a qualquer obstáculo. Felipe Colbert merece uma salva de palmas e os leitores podem esperar muitos altos e baixos e muita emoção, assim como numa montanha-russa. Feche os olhos, sonhe e acredite, para o amor tudo é possível.
"Tinha algo a ver com pensar que a Via Láctea é pequena demais para acharmos que estamos tão longe assim um do outro, e que uma simples reta imaginária me ligava a ela, não importava onde ela estivesse. O mesmo sentimento que eu começava a ter em relação a Anabelle." (p.113)
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