Maria Gabriela 03/02/2022
Crescer é a brincadeira mais difícil
"Boneca de Ossos" não é uma obra de terror que chegará aos pés dos grandes nomes, como as ilustres histórias de Stephen King, entretanto, mantém-se em seu próprio patamar e apresentando o terror como uma premissa interessante para o desenvolvimento dos personagens. Devo dizer que o foco do livro não é apenas a tensão e o mistério acerca da boneca, mas do amadurecimento que os protagonistas enfrentam. É um livro recomendado para a faixa etária de pré-adolescentes, mas consegue facilmente chamar a atenção quando se para para refletir que os personagens, assim como os leitores, estão crescendo.
A escrita é fluída e dinâmica, muito explicativa para o que está acontecendo, embora não foque tanto em detalhes como eu gostaria. Não é uma história muito complexa e é um ótimo estímulo para aqueles que desejam começar a se aventurar no mundo das obras de terror e horror. A história, em si, é bobinha e clichê: três amigos enfrentam o dilema entre a brincadeira e a realidade quando a misteriora boneca de ossos, conhecida como Rainha, guarda uma história própria muito macabra.
Eu gostei como a autora prosseguiu com os acontecimentos, e se atentam a realidade da vida. Diferente dos livros de fantasia, a aventura não é repleta de magia ou problemas que se resolvem automaticamente; os personagens sofrem, e muito, para chegarem ao destino. Gostei muito desse detalhe, já que quebra a ideia de que toda aventura irá ser fácil e como nos livros que lemos.
Em si, os personagens me cativaram e pude entender o que cada um estava sentindo. Zach estava praticamente andando em uma corda.bamba, incerto se deveria largar a infância a força e crescer ou seguir o curso naturalmente, como bem desejava; ele é o personagem que mais ganha foco por que o início de muita coisa se inicia com a decisão adrupta de não brincar com as amigas e passar mais tempo praticando basquete. Alice me encantou por ser a mais realista e apontando que a jornada não seria como a dos livros desde o início; muitos podem ter achado ela a chata, mas faltou compreensão ao entender que ela realmente não poderia ultrapassar os limites tóxicos que a avó colocava. Ela realmente perderia toda a liberdade que tinha. Mas no final, ela se tornou uma personagem forte e corajosa, e gostei muito disso.
Poppy foi a que mais me incomodou um pouco, talvez por ela ser a mais nova do trio e viver numa casa... Um pouco barulhenta e levemente desajustada. Poppy quer tudo feito como ela deseja, mas ela mereceu o final feliz. Ela é a personagem que, junto de Zach, mais evidencia o medo constante de crescer e abandonar os tempos bons da infância.
É um livro clichê e de terror leve, mas que traz uma mensagem legal para aqueles que estão deixando a infância e iniciando uma nova etapa. Eu gostei da escrita e como tudo fluiu, embora alguns pontos do terror acerca a boneca pareceram forçados demais para render o ar de terror.