Henri B. Neto 18/09/2014Resenha: De Repente, AnaAcho que não é segredo para ninguém: "Simplesmente, Ana" foi uma das minhas melhores leituras do ano passado. Na época, eu tinha pego o livro sem esperar praticamente nada (basicamente só para saber se o livro era ou não parecido com ''O Diário da Princesa'', de Meg Cabot), mas a narrativa de Marina Carvalho não só me conquistou como também catapultou a autora como uma das minhas escritoras nacionais contemporâneas favoritas. A cada livro lançado, eu me apaixonava mais pelos personagens e pelas histórias criadas pela mineira, e fazia questão de recomendar para todos os romances escritos por ela e publicados pela Novo Conceito.
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Entretanto, mesmo tendo esta relação super positiva com tudo que já foi publicado pela Marina, eu confesso: Fiquei com medo de ler ''De Repente, Ana''. Este é um tipo de reação padrão que sempre tenho com todos os livros que amo acima da média e que eu descubro que ele é, na verdade, o primeiro de uma série... O que é meio engraçado pois, se eu sei que eles são parte de uma série antes de ler, este tipo de "terror literário" não me acomete. Mas o caso é: Eu achava que ''Simplesmente" era um stand-alone. Então, é lógico que com ele não foi diferente. Sim, tive medo de ler a continuação e acabar me decepcionando. E sim, não queria que isto acontecesse. Por isso, quando a editora mandou o livro aqui para casa, eu me vi preso em um misto de emoções conflitantes. Ao mesmo tempo em que eu queria muito ler, eu queria adiar o momento o máximo que podia.
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Quando a Nine e a Mah resolveram escolher ele como o livro da vez da nossa leitura em grupo, eu respirei fundo e tomei coragem. Como se estivesse me preparando para tomar uma injeção. Pois era desse nível o meu medo do livro manchar a imagem imaculada que o seu antecessor deixou em mim. E que, hoje eu vejo, só serviu para que eu olhe para trás e me sinta ridículo, pois a história não tinha como me decepcionar. Assim como todas as outras da Marina.
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Começando dois anos depois do primeiro volume, ''De Repente, Ana'' nos mostra uma Ana já formada na faculdade, em um relacionamento sério (me senti o Facebook agora! LOL) com o Alex e bem mais confortável com sua posição de princesa do que antes. Porém, é lógico que isto nada mais é do que a calmaria que precede a tempestade, e logo a jovem vai se ver jogada no meio do olho de um enorme furacão. Depois de ter um sonho terrível com a morte do pai, a moça descobre que o Rei Andrej sofreu um acidente de helicóptero e está em coma no hospital. Como se isto não fosse o bastante, Ana precisa assumir as difíceis funções diplomáticas do pai - um verdadeiro prato cheio para a Oposição, e para os jornalistas de situação - o que acarreta em vários problemas, inclusive com relação à ela e o seu namorado. Como se a princesa já não tivesse com problemas suficientes, eis que ressurge do passado a antipática Laika (mas comumente conhecida como ''Nome de Cachorro''), o que esquenta ainda mais as coisas, e deixa a protagonista no limite.
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Logo nos primeiros capítulos, os meus medos infundados foram suprimidos e eu já era completamente enlaçado pela escrita da autora. Desta vez, nós temos a surpresa dos holofotes serem divididos tanto pela princesa da Krósvia como pelo Alexander - e a narrativa masculina da Marina me convenceu de verdade, o que também rendeu ótimas risadas em determinadas cenas, quando exite a troca do ponto de vista dos dois. O que me leva a dizer: sim, muitas vezes eu queria entrar no livro e amarrar os dois juntos, mas eles são uma dupla de cabeças duras - e eu sabia que esta faceta do casal não ia sumir de uma hora para outra.
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Com o mesmo humor do primeiro, a história desta continuação segue por caminhos que o seu antecessor não percorreu. O clima político e os ataques da imprensa são muito mais fortes, e nós conhecemos mais da diplomacia da Krósvia através dos olhos inexperientes da Ana. O livro nos apresenta também novos personagens, e o meu favorito - sem sombra de dúvidas - é o empolado Ivan, que fica responsável em assessorar a princesa nos seus primeiros passos no "jogo do poder" do Leste Europeu (além de deixar o Alexander louco de ciúmes, o que também rende cenas hilárias).
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Nem preciso dizer que simplesmente devorei a história, e que li tudo no tempo máximo de dois dias, não é mesmo? Repleto de reviravoltas, Marina Carvalho conseguiu retornar para o seu Conto de Fadas moderno de forma natural e empolgante, seguindo um caminho completamente diferente do apresentado em ''Simplesmente Ana'', e com direito à um clímax de tirar o fôlego e cheio de revelações. Eu realmente não sei o que pode acontecer agora, no terceiro volume da série, pois os caminhos e possibilidades apresentados nesta continuação se encerram nela mesma - e uma teoria que eu tinha do que poderia estar por vir meio que morre com os desdobramentos apresentados no último capítulo e no breve epílogo do livro. Mas uma coisa é certa: Mesmo tendo elevado demais o nível da história (e as minhas expectativas), eu não vou duvidar da capacidade da autora de criar uma boa trama. Afinal, ela já me provou do que é capaz... Quatro vezes consecutivas!
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Henri B. Neto
''Na Minha Estante''
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