spoiler visualizarorionnoceu 10/05/2023
Eu não costumo ler muitos livros escritos por homens porque eu gosto da ótica sensível que as mulheres conseguem trazer para uma história. Esse livro me surpreendeu bastante nesse sentido, começando que o personagem principal dessa fantasia é um homem. Kvothe é um personagem doce e destemido que me conquistou muito. Ele tem uma dualidade dentro de si que dá para ser percebida em momentos muito específicos, ora ele é paciente e calculista, ora ele é emoção e sagacidade carregada com raiva. Gosto muito do aspecto sensível que ele tem, o carinho que carrega pelos pais, a referência que ele trás consigo do relacionamento dos dois que era cheio de paixão e respeito. Gosto muito do respeito pela arte que é elaborado no nosso protagonista, o quanto o seu instrumento o ajudou a passar pelo luto e solidão. Achei bastante engraçado a falta de modéstia sobre a sua inteligencia fora do padrão, e esse aspecto me cativou também pois gosto de personagens inteligentes. Denna é outra integrante dessa história que eu adoro. Ela é forte, e a sua inteligência se faz presente através das suas experiências de vida, e assim como Kvothe ela é super sagaz e oportunista. É bonito de ver o protagonista se apaixonar por ela, e por mais que eu tenha ficado desapontada por não ter ocorrido nenhuma interação sexual, eu acho que no final isso se adequou perfeitamente a história. A Denna era uma mulher objetificada constantemente por homens, e vivia a vida se sustentando e fugindo disso, ela precisava de um amigo e não mais um homem no seu encalço. Uma coisa comum dos escritores masculinos é que eles usufruem do sentimento de posse sobre as mulheres, e fiquei feliz por não ter isso nesse livro. Denna é livre e Kvothe respeita isso. Porém, o machismo não está isento. Me recordo de uma cena específica onde o escritor descreve uma mulher de batom vermelho de vulgar, o que achei bastante contraditório, porque no livro o próprio menciona várias vezes sobre o respeito que se deve ter pelas mulheres. Além de que, as mulheres exercem apenas papéis secundários, e não havia uma mentora ou professora na universidade. Não vou nem começar pela falta de representatividade racial... Enfim, apesar desses pontos, a escrita foi muito gostosa de ler e estou ansiosa para ler o segundo.