Larissa2735 07/09/2022
Reconfortante e identificador <3
Fangirl é para todos que liam (ou continuam) lendo fanfics; para os que se perdem, às vezes, no mundo fictício, por medo do real; para todos que sentem uma pequena ânsia à menção de mudanças ou eventos repentinos; para todos que sentem uma ansiedade absurda ao se relacionar com alguém, não pela falta de confiança, mas por um medo de entrega e exposição; é para todos que procuram as ficções quando a vida está difícil, mas que ainda possuem esperança de possuir algo parecido ao que estão lendo; para todos que possuem paixões e ídolos, e que não têm vergonha de abraçar esse lado fã.
Fangirl realmente foi uma leitura deliciosa. Não por uma escrita magnífica ou trama viciante, mas pela EXTREMA verossimilhança a todos que participaram (ou participam), pelo menos uma vez na vida, de algum fandom. Parece bobo, mas a Rainbow Rowell sintetizou todos os sentimentos que é fazer parte disso: um amor meio irracional por pessoas ou personagens, e a sensação de se sentir parte de algo. Na história, Cath é uma menina de 18 anos que acabou de entrar para a faculdade, e tem dificuldade de conciliar a nova vida adulta com todos os hábitos e rotinas de sua adolescência, como as constantes atualizações de sua fanfic ?Sempre em Frente?. Ao longo da trama, é muito legal perceber, junto com a Cath, que esse lado fã não é algo que precisamos abandonar, porque ele sempre estará conosco. Também é incrivelmente reconfortante como a Rainbow Rowell expressa que não há necessidade de esconder ou de se envergonhar de algo que gostamos muito; no começo, Cath é relutante sobre expressar seu lado fã publicamente (no caso, à sua colega de quarto e ao amigo dela), mas ambos ficam fascinados com seu entusiasmo pela saga e seu talento para a escrita.
Em resumo, Fangirl não é um livro ?marcante?: ele não te fará chorar, ou virar a noite para terminá-lo, mas é extremamente reconfortante e calmo. Acompanhando a Cath, eu me identifiquei absurdamente com a personagem, e pra mim, essa é uma das principais razões pela qual histórias são e devem ser escritas: a possibilidade da trajetória de alguém, mesmo que fictícia, espelhar a de tantas pessoas que, muitas vezes, anseiam por uma identificação, por saberem que talvez não sejam só os que se sentem de tal maneira.
Só não dou 5 estrelas, pois o final não me agradou. Nunca tinha acontecido isso comigo: quando acabei o último capítulo (que eu não sabia que era o último), e encontrei os agradecimentos da autora, achei que talvez eu tivesse baixado um arquivo faltando o epílogo real, mas não, era realmente o fim. Foi meio esquisito, a sensação é de que você não acabou de fato o livro, o que me incomodou um pouco Além disso, esperamos o livro inteiro a Cath terminar ?Sempre em Frente?, e não temos o desfecho de sua fanfic, e nem se ela chegou a terminar (mas 99% de certeza que sim, ela a terminou).
Momento de spoiler, pois preciso falar deles: o desenvolvimento da Cath e do Levi é sensacional. Ver o relacionamento deles florescer ao longo do livro é muito fofo, pois ao começarmos a história, é algo que jamais esperaríamos, e é muito natural. Além disso, me senti muito grata ao ler sobre os medos da Cath: quando estamos imersos na ficção, a ideia de nos relacionarmos e nos entregarmos parece muito fácil e natural, mas na vida real, não é, há um medo genuíno quando é de verdade (mesmo que nem todos experienciem essa mesma sensação). Então, ao ver o quanto o Levi gostava dela, e não se importava de esperar o tempo que fosse até ela se sentir confortável o bastante para, por exemplo, beijá-lo, me aqueceu o coração, porque é muito comum tomarmos decisões precipitadas pelo receio de estar decepcionando quem gostamos, quando o importante é que nos sintamos bem com o que estamos fazendo.