PorEssasPáginas 23/11/2014
Resenha: A Formatura - Por Essas Páginas
Quem já leu as resenhas anteriores dessa série sabe que eu sou completamente viciada nessa trilogia. Em O Teste, Joelle Charbonneau me conquistou com sua escrita vibrante e inteligente. Estudo Independente não foi tão desesperador quanto o primeiro volume; ainda assim, mesmo que mais político e denso, ele fez jus à série com uma ótima continuação. Quando A Formatura foi lançado, fiquei desesperada para colocar minhas mãos nesse volume (adorei a capa! Adoro essa cor). A Editora Única, sempre atenciosa com os parceiros, me enviou rapidinho o livro e eu comecei a ler assim que o recebi. Devorei em questão de dois ou três dias, mas só porque tinha outras coisas para fazer, como trabalhar e dormir (rs). Eletrizante e desesperador, A Formatura foi uma ótima conclusão para a série, mas poderia ter sido brilhante. Sim, faltou alguma coisa, apesar de ser um livro incrível.
Atenção! Essa resenha possui spoilers dos dois primeiros volumes da trilogia: O Teste (leia a resenha) e Estudo Independente (leia a resenha).
Em Estudo Independente fomos surpreendidos por acontecimentos terríveis que colocaram Cia em uma encruzilhada, uma situação que provou o que seu pai lhe disse: não confie em ninguém. Cia percebe que o líder dos rebeldes, Simon, é na realidade controlado pelo Doutor Barnes, um dos idealizadores do Teste e o que mais trabalha para mantê-lo ativo e aprimorá-lo, causando a morte de vários jovens e criando líderes muitas vezes impiedosos, na base de testes cruéis que forçam adolescentes a ser tornarem assassinos. É quando Cia percebe que a revolução na qual ela é acreditava é, na realidade, controlada pelos líderes do Teste e se tudo correr como planejado, haverá inúmeras mortes e o Teste continuará. Desesperada, Cia recorre à presidente Collindar, que sabe ser contrária a essa prática, mas a responsabilidade de acabar com o Teste acaba recaindo nas mãos da própria Cia, que agora precisa encontrar, além de estratégia e determinação, também o sangue frio necessário para terminar sua tarefa, chocando-se, inclusive, com seus próprios princípios. Agora começa seu verdadeiro Teste. Será que Cia é capaz de se tornar a líder que sua comunidade precisa?
O mote da história é todo sobre as estratégias de Cia, sua busca por aliados, seu conflito interno entre o que acredita ser correto e o que é o melhor para salvar seu país e as pessoas que ama. E isso tudo é ótimo, extremamente desenvolvido e com uma escrita que flui de maneira magnífica e faz o leitor ficar grudado na história até que chegue à última página. Todos esses fatores, somados, resultaram em um livro fantástico, mas que ainda não conseguiu superar o brilhantismo do primeiro volume da série, para mim, o melhor da trilogia. Algumas vezes eu me via esperando mais de A Formatura, algo que chocasse, que me dilacerasse, mas isso não aconteceu; as pessoas que eu confiava se mostraram realmente confiáveis, Cia acabou fazendo exatamente o que eu achava que ela iria fazer, a única grande surpresa do livro não me chocou tanto, afinal, o próprio livro pareceu preparar o leitor para isso. Faltou um pouco mais de revelações, até mesmo de explicações, já que alguns pontos ficaram sem resposta, talvez propositalmente, mas isso não me agradou. Depois de livros tão emocionantes, cruéis e inteligentes, achei que o final foi morno e pouco elaborado; esperava uma solução mais criativa, problemas mais difíceis, planos e resoluções mais instigantes. Talvez a autora tenha lotado o leitor de expectativas e depois se perdido um pouco, revelando um final bom, mas que não superou o início e as promessas da série.
“O título de líder só lhe confere autoridade se os oficiais e os cidadãos para quem você trabalha o seguirem.” Página 37
Sei que estou sendo exigente; A Formatura é um livro ótimo, que entretém, diverte, emociona, instiga, apaixona; mas entendam, é difícil não ser exigente quando Joelle Charbonneau brindou o leitor com tramas tão complexas, desesperadoras e brilhantes como fez nos outros livros, especialmente em O Teste. Senti falta dos quebra-cabeças complicados, das peças perfeitamente encaixadas, das resoluções extremamente inteligentes, da criatividade absurda da autora. A impressão que tive foi que ela esgotou suas ideias mais extraordinárias nos primeiros livros e finalizou a série com as que sobraram, e elas não foram tão sensacionais quanto as anteriores. Fiquei um pouco decepcionada sim, mas não o suficiente para desgostar do livro; ainda é uma obra excepcional, uma distopia inteligente, com personagens fortes, reais e cativantes, com uma escrita vibrante que envolve da primeira à última página. Vale a pena ler a Trilogia O Teste, editada com primor pela Editora Única.
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