Perdição Literária 27/09/2018
Estoria dificil de digerir
É um livro morno, que não me cativou. Pelo contrário, irritou-me, em vários aspectos. O livro começa com a mocinha (Hanna) informando ao amor da sua vida (Richard) que teve um filho. Uau... A trama ganhou logo toda a minha atenção. Eu queria muito saber o que acontecera entre eles, qual foi a treta. Daí começa o relato, em terceira pessoa, de como tudo começou, há umas duas décadas. Só que o envolvimento entre os protagonistas se desenvolve de modo muito arrastado, extremamente lento e sem muitos atrativos. A autora optou por dividir os capítulos por datas. Ok. Acontece que as datas eram sempre muito distantes uma da outra e me deu a impressão de que havia um buraco na narrativa, um vácuo incômodo, quer dizer: NADA acontecia entre eles nesse ínterim? Inclusive, não foi narrado COMO a família descobriu que Richard e o pai de Hanna não foram atingidos pelo atentado do dia 11 de setembro. A família toda estava apreensiva, desesperada por informações e crente que eles estavam mortos e, no parágrafo seguinte, absolutamente sem nenhuma explicação, Richard aparece interagindo com sua mãe. Nem sei em que momento é informado que o pai dela também não morrera. Eu fique tipo oi? Perdi alguma coisa? Voltei umas duas vezes na estória até perceber que eu não tinha pulado essa parte. Uma lacuna imperdoável. Mas o que mais me incomodou, realmente, foram as fugas da protagonista. A primeira vez até deu pra engolir, pois a gente sabe que depressão é foda. Mesmo assim, não consegui evitar o sentimento de antipatia pela moça. Foi muita falta de consideração da parte dela e o rapaz não merecia. Na segunda fuga, a autora forçou a barra. Então quer dizer que a mulher deixa de informar ao homem que ela ama que está grávida só porque a megera da mãe do mocinho lhe diz meia dúzia de palavras? Não importam os motivos ditos pela mãe do rapaz, ela tinha que ter pensado primeiro no bebê, que precisava de um pai, e tinha que ter pensado no pai, que merecia saber que teria um filho. E se ela amava tanto o Richard ? como a autora parece querer nos convencer - Hanna pensaria nela mesma antes de tudo, na sua felicidade. Ela tinha que ter dito um sonoro ?sorry? para a sogra e feito o que tinha que ser feito. Mas não, ela não liga nunca mais, some no mundo e vai ter um filho em outro país. Parabéns pra ela! Nunca mais ela procura saber o que realmente houve entre Richard e sua noiva, nunca se atreveu a checar as informações dadas ao telefone pela sogra e fica tudo por isso mesmo. No mundo real, isso JAMAIS aconteceria. Ela brigaria com unhas e dentes para agarrar o que é seu, lutaria pelos interesses do seu filho, correria atrás do homem que ama e que a ama também. Estorinha difícil de digerir, viu?!