Patty Santos - PS Livros 31/01/2015Que final foi esse???Conheci Gayle Forman através dos livros Se eu ficar e Para onde ela foi. O primeiro livro me fez pensar sobre a fragilidade de nossas vidas, contudo ele não chegou a me arrebatar. Já Para onde ela foi me ganhou de tal forma que já fiz sua releitura duas vezes. E foi por conta disso que quando descobri que a Novo Conceito iria publicar uma nova série da autora, fiquei empolgadíssima para ler, sabia que de alguma forma Gayle conseguiria me surpreender. E não deu outra, terminei a leitura de Apenas um dia, e não consegui acreditar no final, o livro não poderia acabar daquela forma. Por que Gayle Forman faria algo assim com os seus leitores? Até agora, passado algum tempo, ainda me pergunto o que aconteceu depois daquelas palavras "E eu entro"?
Allyson é uma garota sensata, objetiva e em alguns momentos temerosa. Ela é a típica garota que todos conhecem como a certinha, aquela que não é capaz de chamar atenção pra si, ou que nunca será conhecida como a festeira. Conhecer a liberdade e a espontaneidade de uma troupe de teatro nos arredores de Londres faz com que Allyson tenha o desejo de experimentar coisas novas, e não ser o tipo de garota que assiste a vida e sim que faz com que ela aconteça.
Ela está em um Tour pela Europa em companhia de sua amiga Melanie, a viagem é um presente de formatura dos pais, e até o momento que conhece ator Willem em uma apresentação de teatro de rua, sua viagem tinha sido satisfatória. A partir desse momento sua vida ganha um novo colorido. Williem é um holandês lindo de viver, detentor de um espirito livre e cheio de ideias inovadoras, sexy, charmoso e um tanto misterioso. Toda essa áurea desperta em Allyson o desejo de viver uma grande aventura.
Munida de um alter ego conhecido como Lulu, Allyson embarca em um trem para Paris com o "desconhecido" Williem. Ele teria apenas um dia para apresentar cidade luz a ela. Allyson na pele de Lulu se transforma, ela ultrapassa barreiras, e segue seu coração, e se torna uma pessoa criativa, libertaria e por que não dizer sexy. As poucas horas que Lulu passa com Williem farão com que ela vivencie do céu ao inferno, e irão marcá-la por toda sua vida.
"E essa é a verdade. Posso ter apenas 18 anos, mas já me parece bem óbvio que o mundo está dividido em dois grupos: o dos que fazem e o dos que observam. As pessoas com as quais as coisas acontecem e o restante de nós, que meio que se arrasta sobre as coisas. As Lulus e as Allysons."
Nunca me ocorreu que fingindo ser Lulu eu pudesse fazer parte do outro grupo, mesmo que só por um dia.
O livro é dividido em duas partes, simplificando seria algo como "Antes e Depois do Williem". A segunda parte começa depois de um ano que Allyson conheceu Williem, agora ela é uma universitária esforçada, que não consegue, ou não quer manter um relacionamento com as companheiras de quarto.
Mesmo depois de tanto tempo o fantasma de Williem paira sobre Allyson, ela precisa saber o que aconteceu depois daquele um dia com ele, e depois de muito esforço para juntar grana suficiente, ela embarca novamente para uma viagem para a Europa, só que agora ela tem um objetivo, ela quer encontrar Williem, porém suas informações sobre ele são bem precárias. Ela sabe sua nacionalidade, que ele é ator e que se chama Williem, sua procura seria como procurar uma agulha no palheiro, isso se o destino não desse uma forcinha.
O gostoso da leitura é que na segunda viagem de Allyson para a Europa, acompanhamos o crescimento da personagem, a garota centrada e temerosa, dar lugar a alguém que é capaz de sonhar, alguém que mesmo contra toda a probabilidade de dar errado, não desistiu. Conheceu pessoas prestativas e visitou lugares incríveis, e aos poucos foi montando o quebra-cabeça chamado Williem.
Comecei a leitura acreditando que iria encontrar um romance típico, algo bem açucarado, que se passa em um lugar lindo, digno das melhores comédias românticas, Paris. O gostoso foi que me surpreendi com a profundidade dos acontecimentos. O livro nos mostra muito mais que uma linda história de amor, eles nos fala sobre descobertas, sobre encontros e desencontros, como muitas vezes julgamos primeiro e procuramos saber a verdade depois, e como tudo isso impacta em quem somos.
A segunda parte do livro é tão intensa e tão envolvente que você não consegue parar de ler, você acompanha a saga de Allyson pela Europa em busca de uma pessoa com quem ela conviveu por apenas um dia, e por mais que isso seja insano, é lindo. As mínimas descobertas se tornam grandes tesouros. Não dá para parar de ler, e você quer chegar ao final, é aquele tipo de história que precisa de um final, porém, a autora optou por deixar o final em aberto. Isso sim me chocou, o segundo livro da duologia, Apenas um ano, é a versão de Williem sobre os fatos, estou torcendo muito para que ele avance um pouco mais e nos mostre o que ocorre com os personagens depois.
A narrativa de Gayle é algo delicioso de ler, é envolvente, descritiva sem ser entediante e complexa sem ser chata, ela tem o dom de nos fazer torcer pelos seus personagens, de nos fazer sofrer com seus infortúnios e sorrir com suas conquistas. Aguardando ansiosa pela continuação, acredito que irei amar a narrativa do Williem já que ele é encantador. Se você quer se surpreender com uma história linda que fala sobre o amor, sobre o destino, sobre encontros e desencontros e como um dia pode mudar sim para sempre sua vida, leia Apenas um dia de Gayle Forman.
"E, em troca, eu a livrarei do peso do tempo. Ele coloca meu relógio em seu pulso ossudo, onde ele não parece tanto uma algema de prisão. – Por ora, o tempo não existe. É o que Jacques disse… fluido? – Fluido – repito, como um encantamento. Se o tempo pode ser fluido, então talvez algo que seja apenas um dia possa continuar para sempre."
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